Assassin's Creed Odyssey CCgames

Depois de um ano jogando Assassin's Creed: Odyssey

12.3.20Dana Martins


Vocês gostam de comentário sobre jogos? Espero que sim, porque eu terminei Assassin's Creed Odyssey DEPOIS DE UM ANO JOGANDO e quero conversar sobre.


Antes de jogar...

Pra quem não sabe, Assassin's Creed é uma série de jogos e cada um é sobre alguém dessa linhagem de um clã de assassinos em uma época histórica diferente. A primeira vez que eu joguei eu nem sabia disso, eu tinha me interessado pela premissa de ficção científica: hoje em dia descobrem um jeito de acessar memória dos nossos antepassados através de DNA, e aí uma organização sequestra um descendente de um antigo clã de assassinos pra descobrir o que aconteceu com um artefato perdido no tempo. Só que quando você vai jogar, o personagem entra em uma máquina e pra acessar essa tal memória você precisa reviver os acontecimentos - ou seja, jogar o que aconteceu em uma realidade virtual. Aí o jogo me mandou pra algo tipo Jerusalém antiga com templários sei lá e o jogo inteiro é isso, e eu fiquei: ata


Mas depois que eu me recuperei da quebra de expectativa, eu comecei a gostar muito dos jogos. Eu amo que é um jogo que o personagem pode escalar fazendo parkour por tudo quanto é construção, e a jogabilidade é super natural. Dá pra andar de cavalo. E passear por lugares históricos. No jogo ta Itália antiga a gente conhece Leonardo DaVinci e participa da construção de algumas daquelas coisas que ele inventou só que no mundo real era muito avançado pra ser construído na época, tipo uma máquina de voar. Uma coisa que eu gostei também é que através dos jogos a gente vê a mudança no clã de assassinos através das épocas, tipo a lâmina retrátil que eles tem no pulso. Antigamente, o assassino tinha que cortar um dedo pra usar a lâmina. Depois eles criaram versões melhores onde isso não era necessário. E uma coisa aleatória que eu gostei muito: no jogo da Itália tem uma parte do jogo que fica na época de Carnival e as ruas ficam enfeitadas com bandeirinhas, bardos e música festiva. Nossa, eu amava muito andar por ali só pra curtir o ambiente. 

E eu joguei alguns desses, mas acabei deixando pra lá. No Assassin's Creed III (eu acho que é o III, que se passa nos Estados Unidos) teve uma parte que juntava tudo o que eu era pior: uma missão no cavalo, que tinha que usar mira pra dar tiro em várias pessoas e que tinha que chegar antes do tempo. Me estressei muito sem conseguir passar e acabei ficando um tempão sem jogar, quando eu voltei eu não lembrava nem como mudar a arma. Ou seja, nunca terminei. Fico triste porque eu gostava da história. Nesse a gente podia subir em árvores (habilidade que sinto falta) e a gente tinha a nossa própria casa que ficava reformando, recrutando gente, sei lá. Não lembro direito. Mas eu gostava. 

Também joguei um jogo extra em Istambul, que eu amei muito, mas descobri que o personagem que eu adorava ia morrer e não quis jogar mais porque não sou obrigada. HUAHAUHA

Depois disso encheu o saco, ainda mais que saíram discussões sobre não ter nenhuma protagonista mulher e umas desculpas idiotas tipo "ah, é muito difícil animar personagem mulher." Ok. Foda-se essa merda. 

Quando eles anunciaram o Assassin's Creed Origins que se passa no Egito antigo, até fiquei de olho porque o jogo parece lindo. Parece que através do tempo eles estavam direcionando o jogo realmente pra ideia de você explorar e conhecer lugares históricos. Porém, não vou pagar 200 reais por essa merda.

Mas aí veio o golpe final: Assassin's Creed na Grécia Antiga. QUE VOCÊ PODE JOGAR COM UMA MULHER PROTAGONISTA. E é meio rpg? E tem um monte de coisa gay???

Acho que depois de ver a Kassandra não tive nem mais dúvidas de que ia jogar.

E não sei o que aconteceu nesse meio tempo que eu parei de acompanhar Assassin's Creed, mas várias coisas mudaram. O homi dos dias de hoje que era o protagonista sumiu, não sei o que aconteceu com ele. Agora é uma mulher que parece meio exploradora/meio Tomb Raider com um grupo de rebeldes, eu não entendi nada dessa história, mas ok. Nem aparece muito.

Aí o jogo em si... ele é lindo. 

Uma das coisas que eu amo em AC e nesse jogo tem mais que nunca é poder circular pelo mundo, ver as pessoas andando, coisas acontecendo pelas ruas. E me diverti muito andando pela Grécia antiga, vendo lugares e personagens históricos. Menos o Sócrates (sim, o Filósofo). Ele me enche o saco com as perguntas. Acho que nem porque as perguntas são ruins, mas é porque tu tá usando filosofia em um jogo onde você é literalmente um assassino e não tem liberdade o suficiente pra fazer as coisas do seu jeito ou até dar a sua resposta. Então fica um cara chato falando um bando de coisa e você tendo que responder umas coisas idiotas.

Outra coisa que eu adorei é que o jogo mistura mitologia grega. Então também lutei contra medusa, ciclopes, minotauro e outras coisas.

E nesse jogo também a gente tem o nosso próprio barco e tripulação, e por um tempo me diverti recrutando gente pra o meu barco. Tem bem uma Safo e uma Lexa que eu achei perdidas pelo mundo. 

E como o jogo tenta ser meio rpg, tem várias opções de romance. Não posso negar que foi legal passar o rodo em todo mundo.

Nesse jogo também tem um painel com membros de um culto que a gente tem que reunir pistas e ir matando um a um, uma das minhas coisas preferidas de fazer. 

Agora, além de passear pela Grécia e viver uma penca de aventuras diferentes, o meu preferido mesmo é a própria Kassandra. A personagem ficou maravilhosa. Ela é tão bonita que toda vez que aparece na tela eu fico em choque. E nos diálogos você pode responder coisas como "Sim, foram os deuses que me enviaram" e "Quem preicsa de deuses quando eu estou aqui?" E sinceramente, a minha Kassandra ficou perfeita sendo alguém com um ego gigante que chega nos lugares sem paciência e se tratando como a própria deusa (e no contexto do jogo, ela é meio semideusa, então...). 

E um dos refrescos acidentais que a gente tem no jogo é que eu a história parece muito que foi inteira escrita com um homem protagonista, e aí só trocaram os pronomes pra se encaixar em uma mulher. O resultado é que a gente tem uma protagonista mulher que é tratada de uma forma sem filtro e tem a chance de fazer certas coisas que não faria se tivesse um babaca pensando "vou escrever uma mulher." 

Eu sei que o resultado desse jogo é que eu amo cada centímetro de músculos da Kassandra inteira com todo meu coração e a personagem parece estranhamente viva. E eu já falei da voz dela? A voz dela é maravilhosa.

Minha Kassandra é uma deusa e ela sabe disso. 

E uma coisa muito nada a ver, mas eu gosto das roupas também. A armaduras parecem tão naturais, especialmente nela. É algo que eu fico de verdade apreciando durante o jogo. A fábrica do tecido, a forma como se molda ao corpo e balança naturalmente quando o personagem anda. 

Agora as reclamações

Eu diria que Assassin's Creed Odyssey é um jogo muito bom, que se você gosta de passear pela Grécia Antiga, invadir fortes, se meter em guerra de Espada vs. Atenas e tirar líderes do poder, tudo isso enquanto investiga um culto misterioso e tenta unir sua família, ocasionalmente parando pra investigar Atlântida e mitos gregos, é um jogo que vale a pena. É tipo: tem um mínimo que um jogo tem que alcançar pra ser legal jogar, e esse jogo mais que alcança isso. Então o resto foda-se. 

Porém, depois de um ano jogando, tem coisas que eu gostaria que fossem melhores.

Pra começar com essa história de "rpg." Ah, pelo amor de deus, cara. Você chama isso de rpg? Respeita meu Dragon Age. Não é porque você coloca opção de diálogo em um jogo que isso faça diferença. O jogo é gigante e provavelmente só uns 10% do que tu responde ali faz qualquer diferença. O jogo é cheio de momentos grandes onde a gente não tem a menor decisão, tipo certas mortes. E tem decisões que a gente que a gente toma e têm impacto, mas são decisões idiotas que o próprio contexto do jogo te leva pra uma opção. É quase como: você quer que todo mundo morra ou não?? FAÇA A SUA DECISÃO, AGUENTE AS CONSEQUÊNCIAS. E ainda tem aquelas que a gente tem impacto, mas não tem como tomar uma decisão lógica porque a conexão entre o que tá escrito na opção e o que personagem faz é algo diferente. 

Eu adoro esses jogos de diálogo e já passei muito mal lidando com Life is Strange, mas Assassin's Creed: Odyssey é um jogo que quer usar esse negócio só não entende como funciona. Na maior parte do jogo esse diálogo só funciona pra você decidir se quer pegar alguém ou não. Inclusive, uma coisa muito sem noção é que no final do jogo, na ceninha onde a gente descobre quem lidera o culto que a gente tem caçado o jogo inteiro, tem a opção de se eu quero beijar a pessoa.

Oi?????

Tipo, quem sou eu pra não beijar. Mas ainda assim. No meio do momento pra decidir sobre o futuro da Grécia eu tô decidindo se quero pegar ou não a pessoa.

E ainda assim joguei o jogo inteiro e não me deram opção de romance com o Brasidas. Difícil. 

Quando essas decisões não são baseadas na trama da fanfic escrita por alguém de 12 anos. "Se você não falar a coisa certa, fulano vai se jogar do penhasco!" e ainda na mesma linha de história, "se você falar que pegou fulana o cara vai se matar de ciúme." Ah, gente, vai lamber um sabão. 

Esse jogo é muito bom em muitas coisas, mas história mesmo não é uma delas. 

E o formato do jogo é mundo aberto - ou seja, tem o mapa da Grécia inteira com vários locais, e a gente viaja por todo ele descobrindo o que tem, fazendo missões aleatórias, conhecendo gente e certas histórias locais. Só que a maioria dessas histórias e personagens parecem desconexos do resto. E depois que você resolve ali tu nunca mais vê ninguém. A gente pega o povo só por pegar mesmo, porque não forma nenhum tipo de conexão. É um troço muito cômico na maioria das vezes.

Digo isso porque, cara, eu lembro até hoje do pânico e sufoco que eu passei quando uma menina tentou se suicidar em Life Is Strange, mas não é algo jogado do nada na minha cara numa missãozinha que não importa pra nada no jogo. E em Dragon Age: Inquisition é tão legal, que mesmo tendo ficado com a Josephine que não era a minha primeira escolha, através do jogo eu fui tendo a chance de me apegar à personagem, sabe? Lutei pela honra dela (mesmo ela não querendo), ajudei a recuperar o nome da família e até terminei achando adorável o cuidado dela com status e política. No fim do jogo tem uma espécie de livro dizendo "como as coisas ficaram," e fiquei tão feliz quando fala que eu conheci a família dela. E de todas as aventuras que eu vivi com os outros personagens, que foram consequências das minhas decisões. Inclusive, teve alguns casos que eu fiquei um tempão refletindo sobre o que eu queria pra o personagem. E sinto saudades deles até hoje. Em Assassin's Creed: meh.

E tem umas duas personagens que dão pra gente missão, que o romance é quase pagamento. Tipo uma caçadora de Ártemis que quer que a gente mate uns animais grandiosos espalhados pelo mundo. A gente só consegue diálogo de romance com ela quando traz a pele de um novo animal. Parece uma espécie de chantagem. Não gostei.

Outra coisa é que pra um jogo tão grande com tanta opção tem tão pouca variedade de rostos dos outros personagens. E o pior: eles dão pra personagem aleatório o mesmo rosto de personagens mais importantes na história. Aí chega um momento do jogo que parece que existem 5 atores com perucas diferentes revezando todos os papeis. Não gosto. Como o jogo é aberto e continua sendo atualizado depois do lançamento, eles podiam adicionar mais variedade de rostos. 

E Assassin's Creed Odyssey parece um jogo grande, mas ele é só um jogo pequeno repetido 500 vezes. Tem 10 áreas na mapa? Beleza. Nas 10 tem exatamente a mesma coisa pra fazer, só muda um pouco o cenário. No início é até legal, porque a gente ainda tá explorando, aprendendo como o jogo funciona e as coisas difícieis ainda são difíceis. Mas depois é só repetição. 

E o jogo foi desenvolvido pra ser um jogo infinito, mas eu não gostei disso, não. Primeiro que o jogo é infinito por causa desse problema de repetição que eu falei. E o jogo é assim: ele gera missões aleatórias pelo mapa, então sempre tem missão nova. Eu finalizei a história principal do jogo agora depois de um ano, mas no meu menu ainda tinha umas 20 missões pra completar. E é até bom pra ganhar experiência pra subir de nível, ganhar dinheiro, etc. Mas depois cansa. E é muita coisa inútil. É coisa no nível de povinho te parar na rua pra te pedir pra levar uma planta lá pra tia dela. Quando não é pra pedir dinheiro. Eu já tava cansada de ouvir a Kassandra falar "I killed every last one of them." No final eu já tava pulando diálogo de tudo e ignorando tudo, e eu odeio isso, porque eu tô aqui pra jogar caralho. Se eu tô pulando tudo eu não tô jogando. 

Pensando agora, o jogo é esticado não porque tem mais jogo, é porque fica reaparecendo as mesmas coisas que você já fez, e fica uma sensação de ficar aparecendo spam pop-up que não dá pra fechar nunca. Volta e meia eles até lançam algo novo um pouco diferente, mas a estrutura é sempre a mesma: vai lá e mata alguém, vai lá e pega isso. 

E eu levei tanto tempo pra terminar porque eu sou aquela pessoa que gosta de limpar o mapa, mas nesse jogo não dá pra fazer isso, sempre tem algo novo. Tive que me contentar em andar por todos os lugares do mapa, fazer todas as principais missões oficiais, e deixar o resto pra lá. Não gosto disso, mas nesse ponto entendo que é uma questão de estilo de jogo vs. meu gosto pessoal.

Aliás, outra coisa que eu não gosto é que você sobe de nível e o nível geral dos lugares sobem de acordo. Então a gente até alcançar um ponto de que tem o nível superior a tudo, mas nunca tem um lugar que você superar de verdade. Pessoalmente, eu adoro em jogo poder voltar pra o início onde tudo era super difícil e agora que eu sou muito forte passar por cima de tudo como se não fosse nada. 

E o mesmo acontece com os mercenários. Você sobe 500 níveis e mata 500 mercenários, chega a número 1!!!!!!!!!!! E aí descobre uma novo ranking secreto de mercenários. Ah, vai se foder. Vim tão longe e não cheguei a lugar nenhum.

Outras coisas pequenas que eu quero reclamar porque sim: Custava pra o final do jogo o cavalo não levar dano de queda também? Tu tem um cavalo que PEGA FOGO, mas o bicho não aguenta se cai de uma montanha. Ah, plmdds. E sério, qual é a lógica disso? O que a gente ganha com essa dificuldade? Vira uma penalidade chata e desnecessária. 

A economia do jogo de pedra, madeira, etc, também é muito ruim. É muito chato coletar essas coisas e não tem nenhum meio de ganhar um monte de verdade. É tudo trabalho braçal burro.

E quando mais eu jogava, mais que queria que tivesse um imã que tu ia passando por cima e pegando automaticamente as coisas. Não tem limite de inventário. Por que eu preciso apertar triângulo cada vez?

Minha teoria é de que o jogo foi feito por alguém muito pão duro que acha que ficar batendo com a testa na parede é legal.

E outra coisa idiota: Me deixa trocar a organização dos meus pontos de habilidade, mas pra fazer isso eu tenho que apagar TUDO e refazer do 0. Você tem 70 pontos de habilidade? Vai ter que clicar 70 vezes naquela merda pra tentar uma nova organização. Se errar um no caminho foda-se deixa o ponto no lugar errado.

Eu entendo que algumas dessas coisas funcionam em um jogo curto e fazem parte do desafio, mas nada impede de ter habilidades ou coisas de nível superior depois. Pra própria personagem poder pular de lugares altos sem levar dano é uma habilidade que vem mais tarde do jogo, DEIXA O MEU CAVALO RECEBER ISSO TAMBÉM.

Ou seja, Assassin's Creed Odyssey como um jogo comum, é legal. Como um jogo infinito, É CHATO PRA CARALHO. E como rpg, é risível. 

Uma coisa que vale mencionar é que eles criaram um "modo história," onde os próprios jogadores podem fazer as próprias missões e colocar no mundo pra outros jogadores jogarem. Acho que foi a tentativa deles de resolver essas missões repetidas. Eu gostei, porque eu joguei uma Clexa e foi divertido brincar com a Lexa e a Clarke. Também adoro a ideia de ser possível criar a própria história. Mas na prática, não tenho vontade de jogar nenhuma dessas. Algumas missões são meio bugadas porque o povo faz de qualquer jeito. E o diálogo dos personagens não tem áudio e fica tudo muito escroto. 

E eu ouvi falar que tem um DLC pra o jogo que independente da sua escolha a Kassandra fica grávida e NÃO SOU OBRIGADA. Então se você pensa em jogar, cuidado com os DLC. 

É isso. Me diverti, me estressei, explorei a Grécia Antiga e passeei por lugares bonitos. Pulei de um penhasco com o meu cavalo. Pude ver a Kassandra ser maravilhosa por um ano. Agora vambora, que eu comprei The Witcher 3 na promoção da Black Friday. 



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14 comentários

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