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[Resenha] O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

13.11.19Dana Martins


Exterminador do Futuro: Destino Sombrio é um filme de ação bom, mas como filme de ação com mulheres protagonistas é melhor ainda. No geral, foi melhor do que eu esperava. Se você gosta de ação ou mulheres enfiando a porrada é uma boa pedida pra passar o tempo. 

SINOPSE 
de Exterminador do Futuro: Destino Sombrio 


Dani Ramos é uma mexicana comum hoje em dia até que sua vida é interrompida por dois viajantes do futuro: Um robô sinistro enviado para matá-la. E uma mulher, Grace, com capacidades além do normal que quer salvá-la. Grace e Dani escapam por pouco e recebem ajuda de uma desconhecida, a Sarah Connor dos filmes antigos, que depois de salvar o futuro vira uma exterminadora de Exterminadores. O filme mostra as três correndo para fugir do robô Exterminador e salvar Dani, com isso salvando o mundo mais uma vez. 

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Quando eu soube que a Mackenzie Davis (San Junipero, Halt and Catch Fire) faria esse filme, e que ela seria um desses robôs do futuro, eu já sabia que ia assistir esse filme. Desde que eu vi a Mackenzie fazendo uma ponta em Perdido em Marte eu tô querendo assistir algo com ela, e Exterminador do Futuro me deu isso de uma maneira que eu não imaginei nem nos meus maiores sonhos. 


Cá entre nós, a premissa de um filme de ação/ficção científica sobre viajantes do futuro sendo enviados para o passado para batalhar aqui e mudar o que vai acontecer já é muito bom. E eu cresci assistindo os filmes de Exterminador, apesar de não lembrar nada direito. Por outro lado, essas franquias antigas sendo revividas antigas tem um histórico muito ruim. 

Exterminador do Futuro: Destino Sombrio fica em algum lugar no meio disso. Eu acho que era pra ser um filme bom, mas a execução fica muito mecânica. A minha sensação é como se eles tivessem feito uma lista de cenas que o filme precisava ter e gravaram essas cenas, e é isso. A história faz sentido, fecha as pontas bonitinho. Mas... 



Faltou muito da magia, faltou deixar os personagens viverem. As cenas dramáticas são tão bem calculadas que não convence. E como eles quiseram encaixar a Sarah Connor foi preguiçoso. Eu queria muito gostar mais desse filme.

Agora, a parte boa é que em um filme sobre robôs assassinos tentando reescrever história, é um filme que também tenta reescrever história. Ele passa o protagonismo da história pra três mulheres: Sarah, Grace e Dani. O roteiro é bem consciente de tropes e problemas da própria franquia, e na maior parte a Sarah tá ali fazendo pouco disso. A história ainda começa no México e um dos conflitos são as protagonistas tentando entrar nos Estados Unidos, com direito à cena de luta em um centro de detenção da fronteira. Acho que tem algo de poderoso na heroína de um filme de Hollywood correndo pelos corredores e libertando todo mundo em 2019, quando o Trump é protagonista e existem campos de concentração pra latinos nos EUA.

Um adendo pra dizer que não é como se o filme fosse salvador da pátria e não tivesse lá sua dose de salvador branco, sem falar que a Grace liberta o povo como distração e não porque é o certo. Mas também tem algo importante em um filme centrado em salvar uma mulher latina com um monte de gente falando espanhol, inclusive os protagonistas brancos. 

No geral, eu acho que a personagem da Dani podia também ter mais autonomia. Das três protagonistas ela é a que menos tem protagonismo, e ela sofre bastante da Síndrome Trinity. Na ideia a gente tem tudo pra apontar pra ela e dizer que ela é foda, mas em 80% do filme ela é um fantoche pra ser salvo. Só que se tratando de uma mulher latina, o trope de "Donzela em Apuros" é bom, porque a gente normalmente não vê mulher latina como a pessoa importante que precisa ser salva. 

O resumo é que o filme é basicamente uma mensagem de "mulheres latinas são o futuro" e as mulheres brancas precisam salvar, só que ainda assim ligeiramente centrado nas mulheres brancas. E acho que isso teria sido resolvido se o filme tivesse resolvido o que atrapalha a história no geral, essa falta de deixar os personagens viverem ou sei lá. 

ver uma mulher dessa idade em um filme de ação apresentada assim é muito bom
o visual dela nesse filme me lembra o da Alice em Resident Evil

Mas isso sou só eu refletindo sobre a história, porque no geral dá pra ver que o pessoal não tá de sacanagem e se esforçou pra fazer algo legal. Eu vi no twitter um cara falando que a aparição do Arnold Schwarzenegger atrapalha as três, mas pra mim não, só reforça. Eles conseguiram colocar o homem que é a cara da franquia no filme, dar espaço pra ele ser herói, e ainda assim a história continuou centrada e servindo as três mulheres. Isso é raro. Só teria sido melhor se tivessem colocado mulher na produção também, talvez tivesse corrigido até os problemas. Enfim. 

Eu gostei da dinâmica entre os personagens. A Grace e a Sarah se estranhando. O Arnold no papel dele fica muito bem, e no pouco tempo dele em cena dá pra ver por que os filmes antigos eram tão bons. E a Sarah inteira por si só.

E a Grace, minha preferida. Eu adoro ver mulher lutando dessa forma corporal, quebrando tudo e sendo quebrada também, e indo em frente. Cada cena de luta eu gostava de ver como ela ia lutar dessa vez. E, o que eu não esperava, é que ela não ia ser só um robô invencível. Ela é uma humana com upgrades e precisa de remédios. Em outro contexto, eu não ia gostar muito disso, mas nesse filme funciona e ainda abre espaço pra Dani protagonizar e cuidar dela. 



É tão bom ter uma personagem mulher que é quem você envia quando precisa fazer algo físico.

Esse filme também sofre com o problema de Capitã Marvel, que alguém envolvido quer que seja gay e constrói assim, mas é censurado. Se bobear aquela magia e naturalidade acabou faltando porque na edição eles cortaram os momentos de desenvolvimento de personagem entre as duas. Não sei sobre isso, mas a censura passou a faca mesmo cortando interações entre as duas. O filme ainda continua extremamente gay.

E acho que é isso. Acho que a forma de definir esse Exterminador do Futuro é: mal aproveitado. Muita coisa boa só que não chega lá de verdade em nenhum aspecto. Ainda assim, ansiosa pra reassistir algumas cenas e feliz de ter visto. 

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