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[Resenha] OPERAÇÃO IMPENSÁVEL – MULHERES QUEREM SER AMADAS E HOMENS QUEREM SER APLAUDIDOS
16.4.19Colaboradores CC
Operação Impensável foi um dos primeiros livros que eu li esse ano, o que talvez o tenha tornado tão especial pra mim, pois trouxe a emoção de “consegui terminar mais um livro” que eu estava procurando, porque sério, ele é bem fácil de ler, e relativamente curto (são 224 páginas, mas várias são compostas de ilustrações e pequenas anedotas sobre a Guerra Fria, outro ponto forte da obra).
Digo que esse livro é extremamente bem desenvolvido, pois a primeira parte do livro nos trás uma série de relatos sobre o quão perfeito a Lila e o Tito eram como um casal e o quanto eles se completavam. Relatos sobre os filmes que assistiam e as viagens que faziam e bilhetes de amor um para o outro, basicamente. Há pequenas brigas, mas todas se resolvem rapidamente. Tito é programador, e ele diz que: “Não há nada que eu não consiga resolver com um código bem-feito. A gente também é assim. Não tem nada que não possamos resolver juntos, nenhum problema impossível de superar”. É tanto amor que por vezes o livro chega a ser um pouco cansativo, mas é essa parte que dá sentido ao resto da história. Nos próximos períodos, nós acompanhamos um Tito cada vez mais frio e distante, e uma Lila cada vez mais depressiva e ansiosa por receber novamente o amor que costumava receber do Tito, e a fazer tudo voltar ao normal, como se os dois fossem um código de programação.
Entre tantas citações de livro e planos malucos de guerra – que me deixaram pensando sobre como alguns conspiracionistas dos Estados Unidos tem razão em serem tão paranoicos, porque o governo durante essa época tinha alguns planos bem estranhos. Sério, procurem sobre Gato Acústico. – Há alguns problemas primordiais na relação dos dois.
Eu ouvi em algum lugar que: “mulheres querem ser amadas e homens querem ser aplaudidos”, eu não tenho certeza se a frase era exatamente essa, mas era um texto falando sobre como os homens, em sua maioria, são criados como protagonistas. A eles é dito que é possível fazer de tudo, e que eles sempre devem bancar o machão, e não deixar que nada os afete, e coisa tal. Mulheres, não. Em algum momento do relacionamento, o homem percebe que a mulher parou de achar ele o cara foda. Então ele vai atrás de outra mulher que o proporcione isso.
Eu lembrei disso também enquanto lia Garota Exemplar, porque tem uma parte em que o protagonista diz: “Odeio pensar que a resposta é tão simples assim, mas fui feliz minha vida inteira, e agora não era, e Andie estava ali, demorando depois da aula, fazendo perguntas sobre mim que Amy nunca fazia, não ultimamente. Fazendo com que eu me sentisse um homem de valor, não o idiota que perdera o emprego, o cretino que se esquecia de baixar o assento da privada, o desajeitado que nunca acertava, fosse o que fosse”.
A capa também diz muito sobre isso. Um homem sentado do lado azul, e uma mulher do lado vermelho. Ele segurando um volante, e ela uma sacola com as compras. Os dois tentando dirigir um carro invisível que é o relacionamento.
Essa é a história sobre o fim de um relacionamento entre um programador e uma historiadora, mas também é uma história sobre o fim de todos os relacionamentos, em geral. Com traição ou não, todos os divórcios carregam em si um pouco da guerra fria.
Escrito por Karoline Queiroz
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