Sabe aquelas séries que aparecem na hora certa? Essa foi Manto e Adaga pra mim. A série não era nada do que eu esperava, e tudo do que eu precisava.
Primeiramente:
Pra quem não sabe, Manto e Adaga é a história de dois jovens que de algum modo sobrevivem a um acidente que faz com que eles percam duas pessoas amadas. No caso de Tandy, seu pai, um cientista de uma grande corporação. No caso de Tyrone, seu irmão que acaba sendo vítima de um policial. Anos depois, cada um tem a própria vida. Tandy se tornou moradora de rua e passa o dia aplicando golpes. Já Tyrone é o filho perfeito, uma perfeição que esconde os anos de medo e trauma escondidos na família desde a morte do irmão. Uma noite eles se encontram, iniciando a jornada de ambos para entender o que significa essa conexão sobrenatural que os dois têm, enquanto tentam lidar com os fantasmas do passado.
Eu poderia ter começado essa introdução falando que eles são uma dupla de super-heróis da Marvel, mas isso levaria a uma ideia errada da série. Eu prefiro introduzir como dois jovens em uma história sobrenatural em que eles estão conectados pela lenda do "par divino," enquanto ambos lidam com traumas. De certo modo, parece muito um livro YA legal.
Antes de assistir a série, eu tinha uma impressão totalmente diferente. Pra começo de conversa eu nunca dei tanta atenção pra os super-heróis Manto e Adaga, acho até que só li uma história em que eles apareciam e ainda era o quadrinho do All New Ultimates.
eles são o da esquerda ali meio abraçados |
Era um universo paralelo em uma história que os vingadores acabou e aí o Miles junta um grupo de heróis jovens para proteger a cidade?? Eu nem lembro direito, só lembro que o Manto e a Adaga era os que eu menos ligava. E eu sempre senti algo estranho nisso de uma garota branca com o "poder branco" e o cara negro com "o poder negro."
Mas há algum tempo (anos?) quando saiu o primeiro trailer de Manto e Adaga (Cloak and Dagger), eu gostei tanto que se pudesse teria começado a assistir na hora. Ainda assim, minha ideia era totalmente errada. Parecia uma dessas histórias tipo Power Rangers (o filme recente) com dois jovens descobrindo super-poderes e se apaixonando, yey! Eu amo toda essa parafernália de jovens e superpoderes, então fico feliz com qualquer coisa. Mas quando eu comecei a assistir a série em si...
Na série, o que eu encontrei é muito mais sombrio. Os dois personagens são conectados e atormentados por duas mortes, mas não soa como aqueles traumas superficiais de "ai minha esposa morreu que triste agora tenho permissão pra matar todo mundo." Os personagens têm suas vidas literalmente moldadas por esses traumas.
No caso da Tandy, a gente vê a garotinha bailarina que tinha tudo pra ser a princesinha de uma família de classe média alta perder o pai e ser abandonada pela mãe, que tem vários vícios. Ela construiu a própria vida mentindo e nunca se aproxima de ninguém.
Eu gostei muito de como eles desenvolveram a personagem, porque ela parece real. E ela é inteligente, engenhosa, sabe dar golpes como ninguém e se virar sozinha, mas ela também tem tanto medos e fraquezas. Eu gosto como ela acaba aparecendo como uma figura mais madura para o Tyrone, ajudando ele a ser mais independente e lidar com a própria vida, mas ela também precisa dele e a série cria essa relação de um modo genuíno, sem dar a impressão de que tá fazendo isso porque mulheres precisam de homem ou qualquer merda. A personagem também tem um aspecto físico nas lutas que me lembra vagamente à selvageria da Laura Kinney (x-23) em Logan, e eu amo isso.
Já o Tyrone, a trama dele envolve mais as injustiças causadas pelo racismo que levaram à morte do irmão dele, mas não é como aquele episódio didático e depois vida que segue. É o tempo todo, nos detalhes, nos traumas, na organização da família dele. Eu gosto muito como a série desenvolve que racismo não é só a questão de um cara fazendo merda, mas todo um sistema que contribui pra isso acontecer. E também mostra o sentimento de impotência diante de algo assim. Tem umas cenas bem emblemáticas tipo uma personagem sendo espancada no meio de um bar de policiais. Além disso, ainda tem a questão da perfeição. O Tyrone tenta fazer de tudo pra agradar os pais, porque os pais criam esse padrão de perfeição porque se você é uma pessoa negra, qualquer coisinha pode ser usada contra você. E mesmo sendo perfeito, ainda não é o bastante. Aliás, vi um tweet sobre isso ontem, falando de mulheres e pessoas LGBT+.
Women and queer folk are held to intentionally skewed standards of Moral Purity that go beyond the completely valid and usually universally held expectations and it's very uncomfortable in its reflection of what The Other Side also does.— Talia Mirai (@TaliaMirai) 7 de abril de 2019
(se clicar tem outros tweets)
Tradução: "Mulheres e pessoas queer sofrem com padrões intencionalmente tortos de Pureza Moral que vão além das expectativas comuns e completamente válida "
E tem outras coisas da narrativa dele que não é o meu lugar dizer que é bom ou bem feito, não sou eu que tenho que gostar. Então procure a opinião certa sobre isso.
Fora isso, o Tyrone ainda lida com o trauma, que a própria série define como sendo um quadro de "síndrome do sobrevivente," que surge a partir da culpa de sobreviver a algo enquanto outras pessoas morrem.
O uso da capa do Tyrone acho que é a melhor explicação em adaptação de quadrinhos pra usar algo que eu já vi |
Eu só sei que o desenvolvimento dos dois personagens é o coração da série. E Manto e Adaga ainda faz isso de uma maneira legal. Tem o mistério de uma explosão que aconteceu no mesmo momento que eles sofreram o acidente quando eram crianças, e os poderes deles. Os dois personagens não se conhecem, então também leva vários episódios da gente conhecendo o lado de cada um e como eles acabam se aproximando. Tudo isso salpicado com o dia-a-dia escolar do Tyrone, envolvendo romance e descobrindo suas raízes históricas em Nova Orleans, e as missões de infiltração da Tandy.
E eu amei como os poderes deles foram desenvolvidos. Aqui já entra um pouco em spoiler, porque eu vou falar dos poderes deles. Então atenção ao aviso de início e fim de spoilers.
INÍCIO DE SPOILERS
Primeiro, que apesar do poder da Tandy ser de vez "os desejos" enquanto o do Tyrone é ver "os pesadelos," a série trabalha isso de uma forma que não é exatamente bom vs. mal. Pelo contrário, descobrir os desejos dos outros se torna uma arma na mão de uma pessoa manipuladora como a Tandy. Ela vira uma espécie de súcubo nos piores momentos e eu adorei. Já ver os medos, para o Tyrone, vira um meio de criar empatia. E eu, que odeio episódios de alucinações ou outras presepadas que séries fazem pra contar história de um ponto de vista psicológico, amei as partes que os dois heróis conseguem entrar nos desejos/pesadelos das outras pessoas.
O episódio dos dois na plataforma foi INCRÍVEL. Tudo bem que qualquer coisa parecida com zumbis é a minha fraqueza, mas foi tão bom!!!!! A Tandy presa. O Ivan Hess preso no looping. A forma como isso cria uma espécie de videogame virtual onde os dois personagens acabam treinando batalha um tempão, o que justifica a habilidade que eles passam a ter no mundo real. A forma como esse episódio se conecta a vários outros antes e depois com maestria.
FIM DO SPOILER
Sabe de uma coisa? Pensando agora, Manto e Adaga consegue fazer o que Titãs não consegue: criar história envolvendo traumas que não são superficiais. Criar uma história de uma equipe (tudo bem, que são dois) que não fica focando em um só ao custo dos outros. E esse episódio da plataforma é um exemplo de como eles podem encaixar episódios que dão uma "pausa" na trama principal sem parecer que você deu pause e foi assistir outra série.
E não acaba aí. Tirando os dois protagonistas, a gente acompanha pelo menos três personagens secundários de destaque. Um é a namoradinha do Tyrone, a Evita, que tem sua tia lá que explica toda a história envolvendo o poder sobrenatural dos dois como par divino. Gostei muito da personagem e espero que no futuro ela tenha mais espaço. Outro é a detetive Brigid O'Reilly, que é quase uma terceira protagonista e passa por um arco próprio, e ela é uma personagem dos quadrinhos que tem uma história própria contra corrupção da polícia, estou curiosa pra ver onde isso vai dar. E por último a Mina Hess, jovem cientista que só aparece depois da metade da série, mas é quase um espelho da Tandy e eu adorei no geral. E eu não tô mencionando as três só porque elas são as que eu mais gostei, mas porque elas são as mais relevantes pra história mesmo. Uma coisa que eu me peguei admirada assistindo a série é o quanto tinha mulher movendo a trama. Fora o pai do Tyrone que é um amorzinho, o foco é todo nas mães e mulheres. São em coisas assim que a gente vê de qual perspectiva essa série é escrita.
A Evita é a da esquerda em frente a ele. |
Falando nisso, dois momentos memoráveis:
1. Quando uma personagem chega e encontra o cadáver de um homem na geladeira. Pra quem não sabe, é tão comum matarem mulheres em histórias, normalmente só pra criar um drama pra o homem, que depois de um momento escancarado nos quadrinhos de Lanterna Verde onde o super-herói chegou em casa e encontrou a namorada morta na geladeira, esse trope em histórias começou a ser chamado de "Women in Refrigerators" (mulheres na geladeira). E aí pra uma adaptação de quadrinhos fazer uma cena que faz referência a isso - reconhecendo não só o trope, mas como a origem do trope - foi maravilhoso, ainda mais considerando a personagem com quem isso acontece. É um exemplo maravilhoso de como as tais discussões sobre representatividade na internet tem o poder de transformar a ficção, e como as mesmas histórias de desumanização podem virar histórias de empoderamento. Sem falar que isso mostra que pelo menos alguém envolvido na criação da série conhece o básico de problemas de representatividade.
2) Nenhuma mulher é jogada na geladeira no primeiro episódio! Deixa eu explicar melhor esse segundo momento: Quase todas as histórias (das que envolvem mortes) começam mostrando alguma mulher morta. Nesse ponto da vida eu já começo a assistir as coisas fazendo um jogo pra ver quanto tempo vai levar pra aparecer mulher morta. (Em Titãs, o Dick está olhando o arquivo de um assasinato. Em Capitã Marvel, começa no acidente e quase pode passar despercebido, mas os indícios de uma mulher morta ainda estão lá.) E em Manto e Adaga não tem nenhuma. É sempre um dia bom quando eu posso começar a assistir algo sem ter que ver mulher morrendo.
Algumas coisas que não sei onde encaixar:
Uma outra coisa que eu não sei onde encaixar e não quero desenvolver por spoilers, mas adorei como construíram a mãe da Tandy também, que não é aquele estereótipo de mãe drogada que tá ali só pra causar drama na vida do filho.
A trilha sonora foi maravilhosa. Queria passar metade da série com o Shazam ligado pegando todas as músicas. Felizmente, a gente sempre encontra playlist no spotify.
Gostei também que não tem romance entre os protagonistas. Eu achei que eles eram um casal. Talvez algum dia isso aconteça? Não sou contra, só tô cansada desses romances forçados que existem só porque um garoto e uma garota na mesma proximidade com certeza precisa ser romance!!! E se uma hora acontecer, tem chance de ser muito mais bonito. E eu também gosto muito do Tyrone com a Evita e acho que ele merece mais que a Tandy.
E em alguns momentos, a narração intercalada da série é muito boa. Achei até meio engraçado que a série comenta histórias pra explicar a própria história. Por exemplo, tem um episódio que tem um professor dando aula sobre jornada do herói e falando especificamente da parte da queda do herói, no episódio em que os personagens estão vivendo esse momento da própria jornada do herói. E tem várias coisas de forma que eles vão compondo as cenas, brincando com a posição do Tyrone e da Tandy, as cores preto/branco. Tem muito momento bonito e emblemático, que me lembrou até um pouco Luke Cage (apesar do visual de Luke Cage ser extremamente refinado).
Tava querendo achar gifs legais pra esse post mas toda vez que passo por gifs da Tandy com esse corte de cabelo na s2 eu quase tenho que correr pra assistir e me iludir |
De coisa ruim, acho que gostaria de ter visto mulher tendo prazer com o sexo. Tem só umas duas cenas, e nas duas as atrizes tem o mesmo olhar de tédio e parecem tá só batendo ponto ali, enquanto os caras estão todos babacões depois do orgasmo. Eu sei que é pra refletir a relação de desinteresse delas, mas ainda fica o questionamento de por que fica mostrando esse mesmo tipo de relação. E a única vez que nós vemos a Tandy ter algo que parece prazer com algo sexual, é quando ela (spoilers) rouba a fantasia sexual de um cara com duas mulheres, e isso faz um paralelo com quando ela se drogava no início e é mostrado com voz em cima do padre falando do herói em seu pior momento. Ou seja, na vez que a personagem tem prazer é dentro de um contexto tóxico como se tivesse se punindo. (FIM DOS SPOILERS). O que salva é a Evita com o Tyrone, mas sessas cenas ainda são focadas nele.
E tem uma cena de suicídio que não tinha a menor necessidade, ainda mais considerando as discussões pós-Os Treze Porquês (13 Reasons Why) em que profissionais falaram que mostrar isso abertamente todo o processo faz mais mal do que bem. Dava pra fazer algo impactante sem isso. Aproveitando, fica aqui o aviso de gatilho pra suicídio e até traumas.
Ao que chegamos a minha parte preferida, o fato da série ser meio pesada e falar de traumas.
Amigos, eu estou no fundo do poço e não é um poço bonito. Não tem a menor necessidade eu falar aqui o quão ruim as coisas estão, mas assistir Manto & Adaga ajudou muito a canalizar todos esses sentimentos. Eu não sei nem até que ponto a série é boa em mostrar certas coisas, ou foi a minha própria bagagem pesada que ajudou a série a ganhar a dimensão que teve pra mim. Me identifiquei muito com a Tandy, deu até esperança na perspectiva da minha futura vida de mendiga. E tem todo o lado dela ficar sozinha, e ter que se virar, e muitas vezes ser a adulta na própria relação com a família, e afastar as pessoas... Até certos traumas, porque eu também perdi minha mãe quando era mais nova e minha vida deu muita merda depois disso. Corta pra eu comendo hambúrguer e chorando às 5 da manhã no sofá, ao mesmo tempo que pensava o quão admirável ficção pode ser. Em outras palavras, assistir a série me ajudou a acessar lugares nebulosos dentro de mim e encontrar um pouco mais de conforto no mundo.
Amigos, eu estou no fundo do poço e não é um poço bonito. Não tem a menor necessidade eu falar aqui o quão ruim as coisas estão, mas assistir Manto & Adaga ajudou muito a canalizar todos esses sentimentos. Eu não sei nem até que ponto a série é boa em mostrar certas coisas, ou foi a minha própria bagagem pesada que ajudou a série a ganhar a dimensão que teve pra mim. Me identifiquei muito com a Tandy, deu até esperança na perspectiva da minha futura vida de mendiga. E tem todo o lado dela ficar sozinha, e ter que se virar, e muitas vezes ser a adulta na própria relação com a família, e afastar as pessoas... Até certos traumas, porque eu também perdi minha mãe quando era mais nova e minha vida deu muita merda depois disso. Corta pra eu comendo hambúrguer e chorando às 5 da manhã no sofá, ao mesmo tempo que pensava o quão admirável ficção pode ser. Em outras palavras, assistir a série me ajudou a acessar lugares nebulosos dentro de mim e encontrar um pouco mais de conforto no mundo.
E no geral, é tão bom encontrar algo legal. Aquela história que a gente assiste e fica curioso pra ver onde vai parar, como as coisas vão ser resolvidas, o que mais vai acontecer. Aquelas que a gente dá pause depois de assistir 50 episódios além do que disse que assistiria e vai pra cama arrastado, porque queria era ficar e assistir mais. Tava com saudade desse sentimento. Ultimamente tenho estado tão perdida sem encontrar o que assistir. Eu amo tanto conhecer mundos novos e me apaixonar por personagens fictícios diferentes... É muito buraco pra pouca história pra preencher. E Manto e Adaga me deu alguns dias de combustível, o que me faz muito feliz.
O resumo é que: assiste se quiser, não assiste se não quiser, não é problema meu. Mas eu gostei muito, e quero ver meus filhos Tyrone e Tandy crescerem e se envolverem em missões maiores ainda. A primeira temporada de Manto e Adaga acabou de sair no Netflix brasileiro, enquanto a segunda está sendo lançada lá fora. E eu estou aqui só segurando na mão de deus pra não ir correndo e ficar assistindo toda semana.
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3 comentários
Dana, primeiramente: fique bem! s2
ResponderExcluirEntão, vi em algum lugar comentando sobre essa série e pensei, "olha só, mais uma historinha de super-heróis". Mesma coisa que senti com Titans e Umbrella Academy quando conheci, mas que, depois, peguei pra ver um episódio de curiosidade e acabei maratonando.
Ultimamente, ando levando muito em consideração resenhas de conhecidos sobre determinadas coisas. Não deixo exclusivamente de ver ou ouvir por causa de uma opinião negativa (nem o contrário), mas se eu leio alguma situação que eu não gosto, eu já deixo pra lá.
Por exemplo, sempre fui fã de romances policiais e séries/filmes de suspense, mas levando em consideração nosso mundo atual, não tenho mais estômago pra encarar mortes violentas, principalmente de mulheres (porque são elas que sempre morrem, né?). Lembro de um ator que saiu de uma dessas séries estilo CSI justamente porque também não aguentava mais.
Aí que eu tou na vibe coisas fofinhas e assistindo doramas asiáticos. XD Mas também gosto de fantasia e quando tem super poderes nas histórias eu consigo me convencer que aquilo não é real.
Se eu assistir, volto depois pra ler a parte dos spoilers e dizer se gostei ou não. ;-)
eu não assisti Umbrella Academy ainda, eu tava com vontade, mas fui desanimando. No geral, o que eu posso dizer é que Manto e Adaga tem uma vibe diferente da de Titãs. Mas cara, se você aguentou Titãs, talvez Manto e Adaga seja ok?? Relativamente, eles até são bem leves com violência. Mas enfim, se algum dia ver, diz o que achou sim :)
ExcluirE sobre recomendação eu sou meio ao contrário. Acho que busco mais o que eu não escuto ninguém falando sobre pra não ter perturbação, estou cansada HUAHUAH
Manto & Adaga não é da Netflix.
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