Os filmes do Oscar começaram a estrear no Brasil há algumas semanas e como esse acaba sendo um motivo que leva muita gente ao cinema nessa época do ano, resolvi comentar alguns desses lançamentos, começando por Green Book - O Guia que está indicado ao Oscar nas categorias principais de melhor roteiro original, melhor ator coadjuvante e melhor ator. Além de ter levado o prêmio de melhor filme do sindicato dos produtores de Hollywood, considerado um dos termômetros para o prêmio mais importante da temporada. Além disso o filme ganhou o prêmio do público no Festival de Toronto, evento que costuma estrear os filmes que serão destaque nas premiações, e ter arrecadado uma bilheteria de 47 milhões de dólares.
O longa conta a história do motorista e segurança Tony Lip (Viggo Mortensen) que trabalha em uma boate nova iorquina, e é chamado para fazer uma viagem para o sul dos Estados Unidos conduzindo o pianista clássico negro Dr. Shirley (Mahershala Ali) em sua turnê durante os anos 60, no auge das leis de segregação racial norte-americanas. Para que isso aconteça da forma mais segura possível, eles precisam seguir um guia de hotéis e restaurantes onde a entrada de pessoas negras é permitida.
Dirigido por Peter Farrelly, responsável pelas comédias Debi e Lóide e Eu, Eu Mesmo e Irene. Essa a sua primeira vez dirigindo e co-escrevendo um drama, que é baseado em uma história real, contando inclusive com a participação de um dos filhos de Tony Lip no roteiro. Na trama ele consegue equilibrar bem o drama com momentos de alívio, que geralmente vem do conflito de personalidades e vivências dos dois personagens. Se Tony é um italiano bronco que come com as mãos, é impulsivo e fala alto, Dr. Shirley é o extremo oposto. Intelectual, refinado e sempre muito controlado, o músico vivido por Mahershala Ali é o verdadeiro protagonista desta história, ou pelo menos deveria ser.
A amizade deles é desenvolvida de um jeito que faz com que você se apegue aos personagens e sinta empatia por eles. E ao longo do filme é possível ver o quanto um aprende com o outro, no tempo que passam juntos. Entretanto o como ele se propõe a ser um filme família ou como chamam lá fora - feel good movie - ou seja, um filme para você se sentir bem, ele não dá o devido aprofundamento a temas como a sexualidade de Don, Shirley e o racismo do protagonista da história. Isso tira camadas de ambos os personagens, já que é bem difícil de imaginar um italiano humilde que vive no Bronx nos anos 60, não tivesse a sua boa dose de preconceito. Ainda mais quando assistir a isso ser desconstruído seria igualmente prazeroso. Porém, ao escolher colocar o racismo como algo que sempre vem das pessoas endinheiradas que contratam Don. Shirley, ou de um grupo de caipiras do sul dos Estados Unidos, o filme perde uma ótima chance de trabalhar esse tema por outro ângulo. Algo que Pantera Negra e Infiltrado na Klan, dois longas que também estão indicados ao Oscar de melhor filme esse ano conseguiram fazer muito bem. Seja escolhendo um viés mais fantasioso ou mais politizado. Ambos os filmes conseguem elevar a discussão sobre o preconceito racial e tem personagens brancos, ligados ao protagonista reavaliando suas visões a respeito de si mesmo e do privilégio que exercem.
A diferença entre Green Book e esses outros trabalhos não fica só em como o roteiro escolhe abordar o tema, mas também na forma como ele foi escrito. Ele passou por três homens brancos, sendo um deles o filho de Tony. Outra crítica que o longa recebeu foi porque a família de Dr. Shirley, sequer foi contatada durante o desenvolvimento e produção do filme, o que prejudicou demais a forma como o personagem foi representado.
O que torna a experiência do filme mais interessante é o trabalho dos atores principais, O Mahershala Ali consegue acrescentar camadas ao personagem e só com o olhar consegue transmitir uma fragilidade, que fica escondida em meio a pose que ele mantém durante mais da metade do filme. Já o Viggo Mortensen, convence como um italiano brucutu, mas que no fundo tem um coração bom e se preocupa com a família e com as pessoas ao seu redor.
Porém mesmo com esse mérito, o filme perde uma ótima oportunidade de explorar uma boa história e bons personagens e acaba entregando uma história que não é ruim, mas nem de longe consegue atingir o seu potencial máximo.
Camila Reis
Pisciana, chocólatra, viciada em séries e apaixonada por cinema e música, pseudo jornalista que um belo dia resolveu que ia finalmente tirar o pensa sobre tudo isso da cabeça e começar a escrever, não importa onde.
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