CCSéries Dana Martins

Titans: a série sombria dos Jovens Titãs

28.1.19Dana Martins


Titans é... estranho. Estranho no sentido bom e no sentido ruim. Resumidamente, foi legal assistir e eu estou curiosa pra ver o que vai acontecer. Se você quiser a versão completa do que eu achei, continue lendo.


Eu não costumo ser tão interessada em coisas da DC não, nem sei direito a razão. E quando eu vi as notícias de que eles iam fazer uma versão mais "adulta" dos Jovens Titãs, eu ainda fiquei desanimada porque já existe versão adulta de tudo. O legal de times jovens é que eles são jovens e ainda estão aprendendo a se virar como heróis. É meio que você fazer uma adaptação de algo tirando o que torna aquilo único. Mas demorou tanto tempo pra virar uma série de verdade que eu passei de "naah" pra "não tô nem aí." E acho que nem teria assistido a série se não fosse um fato: Titans saiu no Netflix.


Agora, isso muda completamente as coisas. Eu tava sem absolutamente nada pra assistir, E AÍ SURGE UMA SÉRIE DE SUPER-HERÓIS NOVA!!! Eu assisti desenhos dos Jovens Titãs o bastante pra querer apertar play.

SOBRE O QUE É

Na série, nós temos Dick Grayson lidando com o fato de ter deixado sua carreira de Robin pra trás. Por que isso aconteceu? O que ele vai fazer agora? Como vai superar os problemas? E qual é a história dele? Essas são algumas perguntas exploradas. Ele tem trabalhado como um detetive até uma caso de "adolescente problemático" cair em seu colo: Rachel Roth. As partes que aparecem a personagem ficam super macabras e parecem história de exorcismo. Aparentemente, ela cresceu isolada e tem medo de si mesma, mas continuava sua vida normal de adolescente endemoniada até que aparece um povo estranho em sua casa tentando sequestrá-la. É assim que ela acaba fugindo e indo encontrar o Dick, e enquanto os dois estão escapando e tentando entender por que Rachel está sendo seguida, eles encontram… Kory. Kory acorda na Europa sem memórias, só sabendo de três coisas: 1) ela usa roupas luxuosas; 2) ela é poderosa. Supernaturalmente poderosa; e 3) Ela estava procurando uma adolescente chamada Rachel Roth. Depois que ela encontra com os outros dois em sua busca por lembrar quem é, eles ainda encontram Gar, um garoto que se transforma em tigre e eu me refletir sobre que história deram pra ele porque ele é tratado como figurante.

Mal ou bem, os quatro se juntaram (e se separam) encontrando aliados e inimigos na busca para ajudar Rachel. 

acabo de lembrar que a trilha sonora da série é muito boa e eu quero pegar a playlist pra ouvir


O QUE EU ACHEI

Eu achei muitas coisas. Nos primeiros episódios teve um momento que eu pensei: nossa… isso é muito bom. Eu não só estou assistindo algo que é legal, eu estou assistindo algo que me deixa animada assistir! Logo em seguida teve o episódio da Doom Patrol, onde conhecemos a história do Gar, e aí é super bizarro e eu que terminei precisando fazer um exorcismo em mim. E quando eu digo "bizarro," eu quero dizer no sentido literal da palavra, algo meio circo de horrores. E esse é o primeiro tópico que eu quero comentar: os diferentes estilos.

Acho que como Titans tenta unir esses quatro personagens, a série viaja entre estilos diferentes. Você tem uns momentos dark Gotham City ou jovens super-heróis nas ruas por causa do Dick Grayson. Aí você pula pra um filme de terror com a Rachel. Depois bem coisa bizarra de experimento levemente associada ao Gar. E música disco e eletrônica estilo alienígenas quando entra a Kory. 

Se dependesse de mim, eu tacava fogo nas coisas da Rachel e do Gar, e ficava com as coisas do Dick e da Kory. Aí é algo pessoal mesmo, mas eu não gosto. Se eu quisesse ser atormentada ia assistir série de terror, não quero esses demônios. Mas esse nem é o pior pra mim, o pior é a parte bizarra. Umas coisas envolvendo experimentos nojentos, parece algo meio vitoriano. Umas coisas de lavagem cerebral que lembram a Laranja Mecânica, umas brincadeiras de Frankenstein. Até o prato de comida que mistura macarrão com outras comidas nada a ver me deixa enojada até agora. Eu não gosto dessas coisas. Nem um pouco. Naaaaaaaaaah. 



Então quando a série entra muito nessas coisas eu não gosto nem um pouco. Até questiono se eu quero continuar assistindo. Mas aí tem outros momentos...

Uma das coisas que eu mais amo em Titans é que eles não tentam fugir de que é uma história de super-heróis, e eles fazem funcionar. Cara, você tem a Kory usando uma roupa colada ROXA CINTILANTE e do lado bem o Dick de capa e máscara, mas não fica ruim. Parece que eu tô lendo um quadrinho onde eles usam mesmo essas coisas bem fantasiadas e ainda contam histórias sérias e é normalizado. Mas o principal é que eu sinto como se fosse a primeira vez que eu tô assistindo um live action de super-heróis que não fica ignorando o resto do universo dos quadrinhos. Era algo que eu queria, mas não sabia que eu queria. Uma das coisas que me dá raiva é você estar lá assistindo um filme da Marvel ou uma série qualquer de super-herói, vem aqueles eventos de O MUNDO ESTÁ ACABANDO, e está o herói lá lidando sozinho. COMO ASSIM, CADÊ O HOMEM-ARANHA, OU POR QUE VOCÊ NÃO CHAMA A MULHER MARAVILHA???? E mesmo recentemente que eles têm feito mais crossovers ou universos expandidos, você vê que eles ainda precisam ficar dando volta fingindo que certa coisa não existe ou justificando X personagem não estar ali. Só há uma forma de explicar como eu me sinto sobre isso: é chato pra caralho. E não é nem que Titans possa mostrar todo mundo, mas eles fazem muito mais que a maioria. Mencionam Batman, Mulher Maravilha, Super-Homem e outros. E mais que isso, nos leva a outra coisa que eu amo: aparição de outros heróis na história.

Apesar dos Titans ser focado nesses 4 heróis, você tem episódios com outros como Hawk and the Dove ou a Donna Troy. Preciso dizer que amei a Donna Troy e ela é uma das razões de eu querer continuar assistindo? 



Pra quem não sabe, a Donna é a Wonder Girl, tipo o Robin da Mulher Maravilha. E eu absolutamente amei como eles apresentam a personagem - ela trabalhando para desmontar um esquema de contrabandeamento de relíquias e animais, O QUE É ALGO BEM AMAZONAS. E até como as amazonas e cultura delas são mencionados e acabam sendo cruciais para o andamento da história. Kory e Donna é uma série que eu assistiria.

Então no geral, poder assistir uma história live-action que soa como algo de quadrinhos e não é muito isolada faz Titans valer a pena pra mim.

E a história também é legal. A forma como eles apresentam os poderes dos personagens contextualizados nesse mundo, tipo o da Rachel, que faz quase parecer que é algo novo. Eu tinha ouvido alguém falando que os efeitos não são muito bons, mas nem isso me incomodou tanto (tirando o fato do Gar só se transformar em um animal). E a série tem uns cenários reais tipo a Batcaverna ou a nave da Kory que são bem legais. 

Os personagens são legais também. A Kory é a minha preferida e qualquer momento que ela está em cena a série tá boa. Infelizmente, ela não está tanto em cena. O Dick tem uma bunda digna de Asa Noturna, está aprovado. Mas eu até que gostei do conflito dele em relação a Robin e violência. A Rachel… é muito sofrida pra o meu gosto. A garota só faz merda e a série espera que eu simpatize com ela porque… ??? Não sei. E o Gar é figurante, e eu digo isso não porque eu não gosto do personagem, mas porque eles tratam o personagem muito mal. 

Uma coisa que eu não gosto muito na série é como eles ficam puxando saco do Dick. E apesar da história dar uma prioridade pra o Dick e a Rachel, quando se trata dele são os conflitos pessoais dele, e quando se trata dela é porque a história dela é a trama principal de fim do mundo que junta todo mundo. E tem umas coisas tipo: os personagens que nos quadrinhos não tem aparência muito humana - a Starfire é laranja, o Mutano é verde - são os personagens que eles escolheram atores que não são brancos. Isso faz parte de um grande histórico na ficção de ficarem associando etnias marginalizadas a personagens de cores diferentes, ao ponto de que às vezes é mais fácil ter um ator negro pintado de verde na história do que uma pessoa negra real. E eu adorei que eles colocaram uma atriz negra e um cara que é descendente asiático, mas por que não a Rachel? Por que não o Dick? Ou a Donna também? Ou o Jason Todd? Por que essa mudança ocorre especificamente nesses casos, e o que isso significa sobre a forma como a gente lê "pessoas com pele diferente" na ficção? E isso fica ainda pior quando a gente para pra ver o tempo de história destinado a cada um. O episódio de introdução, que passa a maior parte do tempo focado no Dick e na Rachel, enquanto o Gar tem uma cena ridícula, já mostra a prioridade que cada um recebe. E não quero ninguém vindo falar "ah, mas tempo-" porque isso não é justificativa. Tem uma caralhada de história boa envolvendo equipes em que a equipe toda recebe atenção, histórias até com episódios de 20 minutos. Escolher uma história que centraliza o Dick e a Rachel foi uma decisão dos escritores. Assim como criar uma história em que o Gar é só suporte emocional (e capacho) da Rachel.  

Já que estamos falando do que a série faz de ruim, eu não gostei tanto de como às vezes eles só jogam as coisas na nossa cara e esperam que a gente aceite. Exemplo: relacionamentos no geral. Compare Kory/Dick e Gar/Rachel com o episódio do Hank e da Dawn. Kory e Dick como algo casual eu consigo até engolir. Agora Gar e Rachel… ele gosta dela por que? Ela é a única garota da idade dele presente na série?? O Hank e a Dawn se conhecendo e se ajudando com o trauma, mesmo que contado com uma montagem rápida, foi tão bonito. Parece natural a forma como eles confiam um no outro. Agora os outros relacionamentos...



E isso nem é só amoroso. Perto do final quando a Kory vem falar da Rachel dizendo "a garota que eu amo," minha reação foi: VOCÊ O QUE?

Não é possível. Me sinto a Elsa em Frozen falando com a Anna. VOCÊ ACABOU DE CONHECER A GAROTA. UMA GAROTA ENDEMONIADA QUE VOCÊ VIU EXPLODIR UMA IGREJA. Você pode gostar, ter pena, simpatia. Amar?????? Que porra é essa????????? Há um episódio eu pensei que você tava nisso tentando só lembrar quem você é.

Agora algo, que nem é reclamando, é mais uma coisa que passou pela minha cabeça enquanto eu assistia: Por que a Kory sem memória fala 50 línguas terrestres, mas não a língua dela? Você é um alienígena, que passou a vida em outro planeta, aí perde memória e acorda pensando que é humano… por que??? (tudo bem que nós não sabemos como ela perdeu a memória, mas não levo fé que eles vão explicar)

E aí tem aquele cliffhanger desnecessário no fim de um episódio. Na verdade, nem é cliffhanger, Titans conseguiu desenvolver uma nova técnica de escrita que se chama: filha da putagem. (SPOILER NESSE TRECHO NÃO LEIA CARALHO) Quando a Kory lembra as coisas, aí acaba o episódio. Ok. Cliffhanger. MAS AÍ ELES PASSAM UM EPISÓDIO INTEIRO QUE NÃO ABORDA NADA DISSO PRA SÓ NO SEGUINTE VOLTAR AO ASSUNTO PRINCIPAL. Isso nem cria ansiedade, isso cria irritação. Eu tô engajada em um trecho de história e aí você quer que eu pare tudo pra passar 40 minutos assistindo uma história que eu não tô nem aí? Ainda mais com uns personagens secundários que não aparecem há 9282 episódios e acabam nem aparecendo no resto da temporada. É quase como um comercial gigante. Tinha outros jeitos de fazer isso, cara. Começa a próxima temporada com isso, por exemplo. Ou intercala no meio de outro episódio. Ia ser até interessante a gente ver a história atual da Rachel com os outros indo pra casa do capeta lá, e aí na parte do Hank/Dawn tem ela desesperada pedindo ajuda. O que aconteceu? O que vai acontecer? Isso cria ansiedade - a ideia de que tem algum perigo vindo, mas a gente não sabe o que é. Mas do jeito que fizeram foi um trabalho porco. Eu pulei o episódio sem pena e assisti no final e não fez a menor diferença. E você acha que eles aprenderam? Naah. A finale é outra merda que corta a história no meio de qualquer jeito. Não me leve a mal, o episódio em si foi muito legal. Mas vai do nada a lugar nenhum. Sozinho dava até pra engolir, mas junto com esse outro episódio enfiado de qualquer jeito quebra muito o ritmo da história e fica uma chateação. (FIM DO SPOILER) 

Acho que o principal é isso. Tirando essas bobeiras, a série é até bem escrita e faz umas coisas inteligentes. É muito lindo fez uns momentos genuínos de SOMOS PESSOAS REAIS, E SUPER-HERÓIS, tipo quando o Dick tá tirando foto da Donna fingindo estar desmaiada e eles ficam se sacaneando. Isso é o que falta muito em filme porque parece que eles tão sempre correndo com tudo. E principalmente...

Aqueles momentos que mostra os quatro Titans juntos, e eu me dava conta de que… são eles. São os heróis que eu vi nos quadrinhos e nos desenhos. São os Jovens Titãs.      


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3 comentários

  1. lol Eu adorei as partes bizarras e a Rachel encapetada

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  2. Cara, minha memória é ruim demaaaais, hahaha! Eu li esse texto perto de quando saiu e nesse final de semana, finalmente, maratonei a temporada. E EU NÃO LEMBRAVA DE NADA DO QUE LI AQUI!!! Inclusive, acho que fiquei surpresa por o Dick ser o Robin? (Não conheço muito do universo de super-heróis.)

    Sabe uma coisa que realmente me incomodou na série? O ator que fez o Dick. Ele me passa a impressão de ser MUITO adolescente e eu não consegui aceitar que ele era um detetive, ex-Robin e com um passado sombrio. Não atrapalhou minha diversão, pois me diverti muito assistindo e shippei Kory e Dick, mas incomodou.

    Espero que saia a continuação antes de eu me cansar de esperar, hahaha.

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    1. SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM. Eu toda hora achava bizarro pintarem ele como uma figura paternal pra Raven PORQUE EU VIA COMO SE ELES TIVESSE A MESMA IDADE, NO MÁXIMO 2 ANOS MAIS VELHOS.

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