Bumblebee CCFilmes

[Resenha] Bumblebee

4.1.19Dana Martins


Se alguém me falasse que um filme de Transformers ia começar meu 2019 com pé direito, eu ia perguntar se a Megan Fox voltou. Mas não. Foi a Hailee Steinfeld que chegou, e ela é protagonista, e é um filme que se passa na década de 80 e tem aqueles clichês bons de filme high school à la John Green, E TEM ROBÔS. EU FALEI QUE TEM ROBÔS? Eu sei que parece surpreendente que um filme de Transformers tenha robôs, mas tem. E uma garota protagonista. Com roteiro escrito por uma mulher. Em uma história que (e isso é, de fato, surpreendente) é sobre a garota. 

Acho que a melhor forma de introduzir Bumblebee é dizer que faz 2 horas desde que eu saí do cinema e eu ainda estou sorrindo. Bumblebee me fez dar conta de que... quanta história ruim que a gente assiste, né? Aquelas que não causam emoção, que não fazem a gente se divertir ou ficar bem. É tipo quando você fica com alguém por ficar. Pode ser até bom, mas aí vem aquela pessoa que faz a vida parecer maravilhosa e te deixa feliz de graça. Gente, eu estou começando a achar que eu estou apaixonada por Bumblebee.

SINOPSE

Robôs alienígenas no espaço estão em guerra pew pew boom, um grupo de resistência contra um governo ditador precisa escapar até juntar forças para enfrentar os robôs maus. Aí que entra Bumblebee, um dos soldados jovens da resistência que recebe a missão de se refugiar na Terra, mas no combate heroico para chegar até aqui acaba perdendo a memória e se camuflando como um fusquinha amarelo.

Entra Charlie Watson, adolescente nos anos 80 que desde a morte de seu pai não consegue ir em frente. Isso gera problemas com a família, ela é meio isolada dos outros adolescentes e passa a maior parte do tempo obcecada em consertar um carro que ela costumava montar com seu pai. Com a chegada do seu aniversário, ela quer mais independência, quer conseguir o próprio carro! E o que ela acaba conseguindo é um fusquinha velho... que é um robô. Sem memória. Escapando de uma guerra intergalática e perseguido pelo exército. 




Pra começo de conversa, se alguém me fala que tem um filme de robôs com uma garota mecânica protagonizando eu já tava fazendo fila na porta do cinema. E aí você me diz que é um filme bem feito, com uma história com momentos genuínos conforme a garota e o robô formam um laço e se ajudam a "consertar," que ainda tem bom humor e a base de uma história YA/high school, eu ia falar que você está mentindo pra mim. Parece bom demais pra ser verdade. E tá no cinema, live action, em IMAX e com a Hailee Steinfeld parecendo mais gay que nunca. 

Sério, esse filme é real? Por que ninguém tá falando dele? Esse é exatamente o conceito que eu sei que 92382398 pessoas estariam atrás. E eu acho que o problema é que é um filme de Transformers, e um filme que eles têm vergonha de vender pelo que é. A maioria dos posteres só tem aqueles mesmos robôs genéricos de sempre. E os vagos que tem seres humanos na frente parecem poster genérico de filme de ação. É 2019, o público que amaria esse filme não quer mais saber de Transformers. E eu acho que eles têm uma ideia disso, porque eles colocaram o nome do filme Bumblebee e não Transformers, mas a divulgação continua uma merda focada nos robôs. 

Além disso, no próprio filme eles parecem ter medo de ser um filme totalmente fora do estilo. Precisam começar com uma batalha de robôs, colocar uma cara mal encarado que parece um dos bonecos G.I. Joe que eu tinha na infância. Aí fica um filme que não tá lá nem cá, apesar de que Bumblebee está bem lá, praticamente só coloca em volta uma embalagem de Transformers.



Pensando aqui, Bumblebee é tipo uma fanfic de Transformers de um Clube dos 8 AU. É isso. Ou Anos 80 au. E se você ainda acompanha alguma coisa de Transformers, você vê que é meio que a "história de origem do Bumblebee," o carro que a gente vê nos outros filmes de Transformers antigo. O Robô começa com o nome de robô (alguma coisa genérica tipo B-212) e termina dizendo que é o Bumblebee, e isso acontece por causa da relação dele com a Charlie e da forma que ela consertou ele. De certo modo, esse filme é sobre a garota adolescente mecânica que criou um robô na garagem e é esse o robô que nós vemos no futuro (ou passado, considerando que os outros filmes foram lançados antes). 

Repetindo: o robô principal da franquia Transformers foi criado por uma garota adolescente e esse é o filme que mostra essa história de origem.

Toda a parte no filme dela conhecendo e "treinando" o Bumblebee é muito legal. É engraçado e "fofo," por falta de palavra melhor. Eles deram bem mais personalidade pra o robô. Lembra um pouco a Big Hero 6 e essas histórias de jovens inventores.



E, como música é a forma que o Bumblebee fala, e a história se passa nos anos 80, tem toda essa trilha sonora legal de ambientação. Só pra reforçar: adorei a trilha sonora.

A relação da Charlie com a família também é muito legal e não é só aquele drama por drama. Parece uma família real com problemas cotidianos. E ao mesmo tempo que eles trabalham o conflito (a família não entende muito, rola aquela mágoa por causa da morte do pai, etc), eles também mostram que eles se amam de verdade. Fazem isso ainda com humor.

Não teve nenhum personagem que encheu tanto o saco. Todos eles, como a mãe, o irmão e o garoto que gosta dela, são legais de ver em cena.

Ainda tem ação! Robôs lutando!!! Cenas de corrida de carro!!! Mas não é em uma escala Vingadores, é mais pra adaptado ao tipo de história da Charlie. Então tem umas zoações com ela e o garoto presos dentro do carro no meio da fuga. Você tem a Charlie correndo embaixo de uma luta titânica de robôs gigantes.



Eu só sei que eu gostei. Eu sei que não é em nenhum parâmetro o melhor filme do mundo, mas independente de ser bom ou ruim, eu sei de uma coisa: me deixou feliz. Muito feliz. Eu imagino as mini-Danas do presente que vão poder ligar a TV no meio da tarde e assistir um filme com robôs gigantes protagonizado uma garota que na hora H pega as ferramentas dela e vai salvar o mundo. Eu fico pensando que é um filme simples, que é pra ser aquele filme que literalmente você assiste enchendo o rabo de pipoca e se divertindo, mas que pra mim é algo grandioso porque eu literalmente nunca vi um filme de robôs e ação e protagonizado por uma garota. 

Pra fechar, o padrasto dando de aniversário pra ela um livro sobre sorrir foi muito bom, ainda mais em uma época que qualquer protagonista mulher de ação como a Charlie Watson é, acabam sendo criticadas por "não sorrir o bastante." Recentemente teve até o caso com a Brie Larson de Capitã Marvel que foi criticada exatamente por isso e respondeu zoando:

"Brie Larson responde críticas de que Capitã Marvel não sorri"

Ou seja, o filme criou dentro da própria história uma forma da mulher protagonista reagir a homem que fica mandando mulher sorrir. Foi nesse momento que eu soube que Bumblebee tinha sido escrito por uma mulher. 

Resumo: Comecei 2019 reenergizada e com fé em histórias depois de assistir Bumblebee. Se Transformers fez isso, qualquer um pode fazer.


EXTRA - COMENTÁRIOS ALEATÓRIOS COM SPOILERS DE LEVE

Não cabe não resenha, mas é algo que eu quero falar: heteronormatividade forçada que nossa senhora. Ao mesmo tempo, é legal que a menina rejeita cada investida, o que só melhora a leitura de que ela é gay. Por outro lado, o garoto é negro e é uma merda que justamente quando o garoto bonitinho legal é negro, é a história que a menina rejeita o romance. (esse é, aliás, um dos problemas causados quando você tenta colocar representatividade, que eu espero comentar em um post especial) Também é legal que eles não usaram o filme ser nos anos 80 como desculpa pra só colocar gente branca. Tem mais coisa, mas eu falo o que eu quiser quanto eu quiser, é isto.





TAGS: , , , , ,

MAIS CONVERSAS QUE VOCÊ VAI GOSTAR

1 comentários

  1. Eu confesso que passei totalmente batida por esse filme, pois Transformers. NUNCA imaginaria algo do tipo, deu até um pouquinho de vontade de assistir.

    ResponderExcluir

Posts Populares