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Hilda: Às vezes família é uma mãe designer e uma filha escoteira
17.11.18Dana Martins
Há pouco tempo saiu a primeira temporada de Hilda no Netflix, e essa sériezinha se tornou uma das minhas coisas preferidas, ainda mais no meio daquele bafafa de eleições foi ótimo ter essa partezinha boa do universo para passar um tempo. Só agora eu vi que o Eduardo fez um post indicando a série e eu concordo com tudo o que ele disse (clique aqui para ver), mas quero falar mais também porque amo Hilda e mereço, com licença.
Hilda é uma série animada original do Netflix, que pra ser sincera quando lançou eu não tava com tanto interesse assim. É bonita e tal, mas eu tava de olho em Dragon Prince e normalmente não costumo gostar tanto desses desenhos menos... realistas? Não é essa a palavra em si. Eu gosto de desenhos tipo Avatar ou até Dragon Prince, que tem humanos de várias idades vivendo aventuras. Hilda é mais criança fofinha... vivendo aventuras... Tá, eu não sei a diferença, o que importa é que tem algo que não me atrai tanto.
Porém, depois de terminar Dragon Prince e sem o que assistir, acabei vendo um episódio aleatório de Hilda e decidi dar a chance. Acabei me apaixonando.
Tudo - tudo - nesse desenho é lindo e bem feito e bem pensado.
Hilda é a história de uma garotinha que cresceu no meio da floresta com a mãe. Lá os maiores amigos dela eram criaturas mitológicas tipo trolls, gigantes e homens de madeira. Todo dia ela saía pra se meter em um mistério diferente. O conflito da série é que um dia a mãe decide se mudar pra cidade pra dar a Hilda uma infância mais comum, com amigos humanos de verdade, e aí cabe a Hilda se acostumar se dar conta de que na cidade há tantos mistérios quanto na floresta.
Cada episódio de 20 minutos envolve algum novo mistério envolvendo algo meio mitológico que a Hilda vai resolver. Só alguns têm histórias maiores que continuam por mais de um episódio.
David, Hilda e Frida, meu novo trio preferido a relação entre eles é outra das coisas desenvolvidas na série |
O que eu gostei em Hilda?
Tudo. E algumas coisas principalmente:
Primeiro, acho que eu gosto do clima criado na história. Tem uns momentinhos que a personagem pega uma caneca de chocolate quente fumegante e senta na poltrona enroladinha, toda tranquila, e fala "isso é aconchegante," e é exatamente assim que eu me sinto sobre Hilda. Cada episódio que eu assistia era um pinguinho de felicidade e conforto no meu dia.
Eu gosto das cores. Sim, das cores. É tudo tão bonito que às vezes no meio episódio eu tô admirando uma prateleira no fundo do cenário. E meu chute é que ser uma série animada do Netflix em vez de um desenho que passa em canal infantil deu espaço pra os criadores trabalharem mais a parte artística? Eu vejo muito de Steven Universe, Gravity Falls e Hora da Aventura em Hilda, mas existe uma uniformidade no estilo que me faz sentir vendo a arte bonita de alguém na internet em vez de um desenho só.
Aí isso também inclui os traços. Tudo é bem simples e bonito. E quando mostra os personagens de longe que eles ficam quase uns bonequinho palito? É tão bonitinho. As cidades. A floresta. Os monstros.
tive que me segurar pra o post não ser só esse gif repetindo 50 vezes |
A música toda também ajuda na ambientação da série e não tem um momento que ela falha. É um eletrônico indie hispter folk sei lá que acelera nas cenas de ação e fica devagar nos momentos de apreciação.
Agora, em termos de história, eu amo as aventurinhas. Cada criatura que a Hilda encontra, o que a Hilda descobre sobre esses seres e como ela sempre acaba desconstruindo preconceitos e fazendo amizade com os monstros todos. Mesmo os episódios que eu não gosto tanto eu gosto. Além disso, a história é toda bem escrita e encaixada. Literalmente não tenho nada pra falar nesse quesito.
E dentro da história, eu gosto de coisas especificamente, a minha preferida sendo a relação da Hilda com a mãe. Uma coisa que me chamou atenção é que a mãe da Hilda é uma personagem real, que tem uma vida como designer e como mãe solteira se vira pra cuidar da filha o melhor que pode. Eu percebi que eu cresci sem ver isso direito em desenhos, essa relação de família que os pais não são quase uns seres caricatos que existem quase como sombras no fundo da vida do protagonista.
Eu não sei criança assistindo pega tudo sobre a mãe da Hilda, mas pra a não-criança aqui vendo é muito bonito e satisfatório. A mãe dá suporte, ela às vezes participa de aventuras, mas ela também é mãe. Ela se preocupa com a filha, ela às vezes não leva a sério as confabulações que a Hilda inventa. Dá pra ver a insegurança de às vezes não poder dar tudo e também querer que a filha faça amizades e tenha uma infância saudável. E extremamente importante: a mãe da Hilda se esforça pra entender a filha, reconhece quando tá errada e coloca um chega quando tá demais.
É uma história que não é sobre fama ou gente rica ou sonhos megalomaníacos, é só uma familinha que vivia na floresta com uma mãe designer que tem dificuldade de conseguir emprego e uma filha que adora aventuras, e tem algo de tão verdadeiro nisso que me faz pensar que o mundo pode ser um lugar melhor. Sabe, tu pode ter a sua vidinha com as pessoas que você ama e tá ok.
Hilda abriu um lugarzinho no coração e se aninhou, e eu amo uma mãe e uma filha escoteira.
Nem sei mais o que dizer, só que em pouco tempo aprendi amar e apreciar e não vejo a hora da segunda temporada sair e eu voltar pra esse mundo.
Um obs é que eu assisti a série em inglês com legenda. Você assiste como você achar melhor, mas eu adoro o sotaquezinho da Hilda.
quando a câmera fica de longe |
PARA TUDO. lembrei agora de falar que na cidade tem uma biblioteca que é muito legal. Outra das cosias de Hilda é que mostra essa admiração por livros, por bibliotecas como um lugar quase mágico e cheio de mistérios e volta e meia os personagens passam lá pra se informar. E de quebra ainda tem mistérios, ESTOU FALANDO DE VOCÊ BIBLIOTECÁRIA TREVOSA QUE MAL CONHEÇO MAS JÁ CONSIDERO PAKAS.
Bem, essa é a minha carta de amor a Hilda.
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