Existe uma visão de que os/as assexuais não têm nada a demandar para si, diferente dos/das LGBT, afinal, se os/as assexuais não querem sexo, basta que eles/elas não façam sexo, certo? Porém, isto é equivocado, e aqui está uma lista curta com alguns problemas que afetam os/as assexuais.
Invisibilidade
A assexualidade é quase nunca exibida na cultura e mídia comuns, e raramente é questionada a afirmação de que todas as pessoas sentem atração sexual. Com frequência, quando o sexo é tema na sociedade, presume-se sem dizer que isto se dá através de um processo linear: flerte -> beijos -> preliminar -> sexo penetrativo (pênis-na-vagina). Isto ignora que podem existir roteiros alternativos, ou que de fato, você pode simplesmente conversar com seu/sua parceiro/parceira e determinar o que funcionar melhor para sua interação/relacionamento particularmente. A possibilidade que algum tipo de relacionamento sem sexo possa ser saudável e feliz, e tão séria quanto um relacionamento convencional, é raramente levada a sério. Isto é também com frequência o caso na educação sexual, onde lésbicas, gays, e bissexuais não recebem muita atenção, quem dirá assexualidade.
O resultado disto é um generalizado desconhecimento da existência da assexualidade na sociedade, tornando mais difícil para as pessoas entenderem seus amigos/parceiros que não experienciam atração sexual. E com frequência, deixa os/as assexuais sentindo-se confusos/confusas a respeito de suas sexualidades, ou pensando que há algo de errado com eles/elas. Além do sentimento de isolação que isto pode causar, algumas vezes pode levar os/as assexuais a receberem uma pressão social para agirem de forma sexual, ou terem sexo em seus relacionamentos independente do quão confortáveis sintam-se com isto. Também, a expectativa da sociedade de que estes relacionamentos e interações sexuais devam seguir um caminho padrão - e a falta de modelos para comunicar limites, desejos, e necessidades - pode tornar difícil que se negociem relacionamentos que sejam mutuamente satisfatórios e respeitosos dentre limites de todas as pessoas envolvidas.
Expectativa/obrigação sexual
Isto merece um post inteiro, no mínimo, devido ao gênero também ter um papel imenso neste aspecto, que eu não quero subestimar. Mas, em resumo, presume-se normalmente na sociedade que, se uma Pessoa A beijar/flertar com/vertir-se provocativamente/namorar com uma Pessoa B, então esta Pessoa B pode ter a garantia de que a Pessoa A vai querer sexo consigo. Então a Pessoa B poderia até mesmo forçar a barra e pressionar a Pessoa A a fazer sexo, mesmo sem consentimento da Pessoa A (estupro). Devido à sociedade presumir que é mais aceitável para um homem comportar-se sexualmente ou ser um babacão, acontece muito mais frequentemente que a Pessoa B seja um homem e a Pessoa A seja uma mulher, e por isto acaba sendo uma questão recorrente feminista.
Porém, nem sempre é este o caso, já que mulheres e homossexuais também podem ser babacas, e este problema pode ocorrer em qualquer relacionamento onde as pessoas tenham diferentes níveis de interesse em sexo. Para muitos/muitas assexuais em relacionamentos mistos (onde estão se relacionando com pessoas sexuais), o interesse sexual de ambas as partes não está no mesmo nível. Então, a expectativa da sociedade, de que o/a assexual deve atender às necessidades sexuais de seu parceiro/sua parceira leva a pressão para fazer sexo, e então algumas vezes leva seu parceiro/sua parceira a ser babaca - ao invés das opções saudáveis: negociar um relacionamento mutualmente respeitoso; ou cair fora do relacionamento.
Aces diante dessas tretas todas |
Homofobia e bifobia
Não ser lésbica, gay, ou bissexual não faz ninguém 100% imune às fobias dos outros. Se eu der as mãos ou beijar uma pessoa de mesmo sexo em público, nós corremos risco de sermos assediados/assediadas em público. Se alguém pensar que sou bissexual devido a eu ir em encontros com pessoas de qualquer gênero, então corro risco de discriminação. E assim por diante. O que eu faço ou deixo de fazer no quarto, sobre a cama, com outra pessoa, não faz muita diferença: as pessoas intolerantes não têm como saber com 100% de certeza, e tampouco se importam sobre como você se identifica ou sente-se a respeito de sua sexualidade ou gênero. Assexuais heterorromânticos ou arromânticos também não escapam dessa. Não estar sexualmente interessado em pessoas do gênero oposto pode bem facilmente levar as pessoas a presumir que você é gay/lésbica, pois as pessoas confundem sexo (macho ou fêmea) com orientação sexual, e concluem que quem "não gosta" de homem necessariamente gosta de mulher, e quem "não gosta" de mulher necessariamente gosta de homem. Afinal, só existem 2 sexos, certo? 'Se você não gosta de um, é porquê gosta do outro!'
Pressão para ficar no armário
Mas é claro, existe a opção aberta para as pessoas de diversas sexualidades: permanecer no armário. 'Keep calm' e finja ser heterossexual (ou homossexual, se você estiver numa comunidade LGBT). Não sair do armário funciona bem para alguns assexuais, mas fingir ser algo que você não é, devido a fobias dos outros, não é uma situação agradável de se estar. E realmente, as pessoas deveriam ter a liberdade de escolher com quem serão, ou não, abertas a respeito de suas sexualidades, sem nenhum medo de assédio.
Infelizmente não é o que acontece |
Ninguém acreditar em você
Outro problema compartilhado com as pessoas LGBT, é sair do armário e deparar-se então com uma resposta de:
- "você só não encontrou o homem/mulher certo/certa para você ainda"
- "você deve realmente ser gay, mas enrustido"
- "eu não acredito que isto seja possível/moral/saudável/natural"
- "deve haver algo errado com seus hormônios/você deve ser broxa/você é sexualmente reprimido"
- "absurdo, você faz X/Y/Z, então você de fato deve ser sexual"
Há pessoas que vão mais além, e bullinam ou assediam pessoas que saem do armário.
Comentários da Bells
Mais um texto MARAVILHOSO traduzido pelo Anders que reflete bem as coisas que nós assexuais passamos. Esse em particular mostra que a assexualidade não se trata de uma "simples" falta de atração sexual: engloba todas as nossas experiências de vida, a forma como nos inserimos na sociedade e como nós somos.
Por isso é tão importante que a assexualidade seja conhecida e discutida.
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Mais um texto MARAVILHOSO traduzido pelo Anders que reflete bem as coisas que nós assexuais passamos. Esse em particular mostra que a assexualidade não se trata de uma "simples" falta de atração sexual: engloba todas as nossas experiências de vida, a forma como nos inserimos na sociedade e como nós somos.
Por isso é tão importante que a assexualidade seja conhecida e discutida.
Autora: Pegasus, em 26/10/2013. Tradução: Anders Bateva.
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