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Leah on the Off-Beat, de Becky Albertalli, é o melhor livro desse ano e não há discordância
12.9.18Jota Albuquerque
Leah on the Off-Beat (ou como prefiro me referir: LOTOB) foi meu primeiro livro em inglês finalizado. E eu já tinha começado um outro há mais de um ano, não tem nem duzentas páginas, mas nunca finalizei, o que faz de LOTOB o primeiro, então ele só tem um bônus de ser ainda mais significativo para mim do que já seria se não tivesse esse 'pequeno' detalhe.
Continuação de Simon vs. a Agenda Homo-Sapiens, mais conhecido hoje pelo título do filme Com Amor, Simon, nesse livro temos a melhor amiga de Simon, Leah (óbvio, não?), uma garota gorda, bissexual não assumida para os melhores amigos e baterista, totalmente fora de sintonia.
A tradução do livro, feita por Ana Rodrigues e lançada pela Intrínseca, resume tudo que você precisa saber para instantaneamente se interessar pela história (se a capa não foi o suficiente, e me perdoe perguntar: mas como a capa não foi o suficiente?):
"Leah odeia demonstrações públicas de afeto. Odeia clichês adolescentes. Odeia quem odeia Harry Potter. Odeia o novo namorado da mãe. Odeia pessoas fofas e felizes. Ela odeia muitas coisas e não tem o menor problema em expor suas opiniões. Mas, ultimamente, ela tem se sentido estranha, como se algo em sua vida estivesse fora de sintonia. No último ano do colégio, em poucas semanas vai ter que se despedir dos amigos, da mãe, da banda em que toca bateria, de tudo que conhece. E, para completar, seus amigos não fazem ideia de que ela pode estar apaixonada por alguém que até então odiava, uma garota que não sai de sua cabeça."
Depois que minha mãe comprou o livro para mim pela Saraiva, eu não li de imediato, na verdade acabei por não ler nada durante um bom tempo (ressaca literária das feias), até que eu fiquei sabendo que o livro foi traduzido e lançado, e minha amiga tinha comprado. Animado, recém-saído de ressaca literária após ler Um Milhão de Finais Felizes, eu decidi que terminaria o livro antes da minha amiga, o que de fato aconteceu e foi ótimo deixar ela cada vez mais curiosa. Me senti um pouco melhor depois de todos os spoilers que ela me deu em 2016 de toda a trilogia A Seleção (sim, eu guardo rancor por spoiler de livro).
Com certeza entrou para o meu ranking 3 melhores do ano, sem a menor dúvida sendo o primeiro na lista, seguido do livro de Vitor Martins. Eu ri muito, me identifiquei pra caramba (de maneiras que, mano, eu nem sei como de fato descrever, só sei dizer que Leah é tudo que eu sou, em geral: sarcástica, debochada, bem crítica, não-hétero e uma manteiga derretida, como bem frisa o blog da Intrínseca), chorei em alguns momentos, me deliciei com as referências, eu me senti bem lendo, me ajudou em meio às minhas milhares de crises, e muito mais. Abaixo, dois trechos que achei melhor destacar, que não são spoilers, spoiiiiilers, se você me entende:
Você quer um livro para te trazer representatividade? Esse é o livro. Com representatividade além da questão LGBTQ, também trata sobre se descobrir, sobre racismo, sobre crescer, sobre amizade, limites, deixar para trás tudo que conhecemos, sobre ser gordo, ser uma garota gorda, inseguranças da adolescência, ser encanado, entre tantos outros... É um puta de um livro bom que merece o amor de todos e o mesmo reconhecimento que o livro de Simon teve.
É aquele livro que transmite uma energia tão gostosa enquanto você lê que você se sente amigo, se sente intímo, dos personagens, como se fizesse parte daquilo tudo, porque de certa forma, você faz.
Eu comecei apaixonado e terminei enlouquecido da bunda de tanto amor, chorando, todo felizinho com ataque de fangirl. Sério, foram sensações de felicidade que fazia um tempo já que eu não sentia, e é sempre bom sentir algo assim. É sempre bom sentir que você e pessoas como você existem.
Sem falar que a autora é um amor, né meu povo:
Depois de agradecer todo mundo, ela finaliza assim: "Obrigado a você. Continue resistindo." |
Eu poderia continuar aqui falando e falando, mas não acho que seria capaz de descrever com precisão o quanto eu amo esse livro e o quanto ele não é só o melhor livro desse ano por ser tão incrível, mas por sua importância. Só consigo lhes dizer, nesse momento, que Leah on the Off-Beat é, do jeito mais sútil que eu possa falar, especial. Único. Singular. Sem comparação. Maravilhoso. Eu tô bem Lady Gaga nesse gif:
Agora uma palavrinha da minha amiga que leu a versão traduzida para finalizar o texto (e um bônus):
Flora: Sabe aquela sensação boa de ler algo que combina com você? Aquelas histórias que podem não ser iguais a sua mas você se encontra nelas? Essa é uma das maravilhosas sensações que esse livro transborda em cada palavra tão perfeitamente encaixada. Você não é só o telespectador de mais um romance banal, é como um personagem na história que não poderia faltar. Uma aventura em uma história normal de adolescentes e coisas que adolescentes fazem, mas tão profunda e bela que poderia se comparar a histórias de aventuras reais.
Nota:
FICHA TÉCNICA (apesar de ter lido em inglês, farei a ficha técnica utilizando a versão traduzida):
Autora: Becky Albertalli
Tradutora: Ana Rodrigues
Editora: Intrínseca
Ficha de preço: 22,90 - 34,90 R$
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1 comentários
Queria muito concordar com o título da postagem, mas achei o livro uma grande decepção.
ResponderExcluirComo o primeiro foi o segundo melhor young adult com personagens LGBT que li em 2015 (ficando atrás apenas do excelente Eu Te Darei o Sol, da Jandy Nelson), as expectativas não estavam baixas.
Mas terminei de ler fazendo um grande esforço. Não consegui simpatizar com quase nada no livro, há vários diálogos onde parece que houve um devido "trabalho" da autora, achei a Leah no livro quase que insuportável, sendo rude e egoísta com todos a troco de nada. Até me perguntei como é que ele tinha tantos amigos.
Não gostei nenhum pouco do rumo que a narrativa teve. Tudo bem que é o último ano e é normal haver mudanças, mas os personagens parecem estar com outras personalidades. No fim, o livro me pareceu uma grande fanfic de Simon VS. /:
Mas ainda assim, sigo ansioso pelo livro da Becky em parceria com o Adam Silvera, que também é um bom autor.