autores nacionais CCEntrevista

Estante Nacional #11: Fernanda Campos

13.9.18Isabelle Fernandes


Olá!!! Enfim estou vindo com a minha primeiríssima contribuição para o Estante Nacional, onde eu meio que puxo sardinha para a minha profissão HAHAHAHAHAH. Hoje temos nada mais nada menos que Fernanda Campos, PSICÓLOGA e ESCRITORA capaz de unir o melhor dos dois mundos (e que me mostra que sim, isso é possível), além de muito fã do Caio Fernando de Abreu.

Mas chega de papo, vamos à entrevista:::

1 - Como e quando você começou a escrever?

Acho que não tenho uma data específica porque todas as minhas memórias mais antigas envolvem a literatura de algum jeito. Mas me lembro que pensei que queria ser escritora pela primeira vez quando a professora da primeira série me disse que eu tinha muita criatividade e talento. Acho que se não fosse as aulas de redação do ensino básico eu nunca teria tido coragem de continuar nesse caminho.

2 - Quais os livros que você já escreveu? Comente um pouco sobre eles com a gente.

Escrevi romances new adults (Tudo Aquilo Que Eu Não Sou, Doses Lunáticas de Amor e Café e Diversas Formas de Nós) e as ficções adolescentes (Cores de Um Recomeço e Relicário). Publiquei pela Editora Multifoco um livro de contos (Uma Dose de Café) em 2012 e As Estrelas Sabem, nesse ano, de maneira independente na Amazon. De um modo geral, as minhas histórias falam do amor sob uma perspectiva não romântica – fala muito sobre família, amizades e recomeços, assim como tem sempre algum assunto relacionado a transtorno psicológico, porque acho importante desmistificar e desbanalizar algumas concepções de senso comum que temos com saúde mental. Relicário, por exemplo, que foi vencedor do prêmio wattys 2017, fala sobre a aceitação de uma garota que se reconhece lésbica e toda a culpa e sentimentos aversivos que sente nesse caminho de libertação e As Estrelas Sabem fala sobre o incômodo de uma garota assexual num mundo cada vez mais sexualizado, então de certa forma estou sempre levantando um tema polêmico e tentando refletir em formas de histórias.

3 - Você possui alguma rotina pra escrever?

Eu tento manter um ritmo de escrita, mas é difícil porque fora do word eu tenho uma vida, em que tenho que trabalhar e estudar, então nem sempre consigo escrever. Mas tenho sempre um bloquinho por perto para anotar possíveis ideias. Também mantenho um infográfico em que vou marcando o que fiz no dia, relacionado ao processo de escrever (desde revisar até pesquisar), para saber no que tenho me dedicado mais e o que falta. Ajuda na organização para quem tem uma vida corrida.

4 - Quando você resolveu publicar um livro seu? Quais foram as dificuldades que encontrou?

Eu tive dois momentos decisivos: um quando decidi publicar livros na internet, no falecido Orkut, em forma de webnovelas. E o outro quando reuni minha coragem e mandei o livro de contos para a editora avaliar. A maior dificuldade foi lidar com o medo de ouvir crítica, de como esse original seria avaliado, seja por leitores, seja pelos editores. Acho que é um medo bem comum de autores iniciantes, e muitas vezes deixamos de mandar por causa disso. Nem sempre o “sim” vem e a gente tem que aprender a lidar com a frustração, mas não pode deixar isso impedir de tentar, né?

5 - Como você definiria seus livros pra quem nunca leu?

São livros que vão pôr em questão a importância da família nas nossas vidas e se é mesmo só um laço feito de sangue. Quase todos os personagens têm problemas familiares e isso não é coincidência – acho que é importante levantarmos a ideia de que nem sempre família é um lugar saudável e, muitas vezes, nosso apoio e base acaba vindo de pessoas de fora. Não é exatamente livros de “garota-encontra-garoto” apesar de eu, como leitora, adorar esse tipo de livro. Mas de como relacionamentos são construídos e destruídos diariamente, por nossos defeitos e qualidades e principalmente pela escolha de ficar. Acho que resumidamente é isso. Uma vez uma leitora me disse que eu não deveria falar que não escrevo histórias de amor, porque escrevo, só que não da maneira que todo mundo está acostumado a ler. Acho que escrevo sobre o amor, não necessariamente sobre amar.

6 - Como foi o processo de definir a sua identidade no meio literário?

Eu tive muita influência de vários dos meus autores preferidos mesmo, porque um autor nunca se faz sozinho, vem carregando seus livros de cabeceira, mesmo quando não fala deles. Mas encontrar a identidade é sempre coisa difícil e complicada. Eu sabia que queria escrever sobre mulher e para mulher, só demorei a entender como fazer isso e como alcançar esse público. Li muito, pesquisei, fiz alguns cursos de escrita e criatividade, me informei sobre os gêneros, para depois formar meu próprio jeito de narrar.

7 - Dentre suas histórias, qual sua favorita? Por quê?

A minha favorita é Doses Lunáticas de Amor e Café, que está no wattpad disponível e completa, porque tenho uma relação muito forte com o protagonista de lá. É uma história complexa e cheia de detalhes intricados, que fala muito sobre a sobrecarga de um cuidador de paciente psiquiátrico e como ter um familiar com transtorno psicológico acaba afetando o modo como você reage a vida. É bem polêmica porque o protagonista não é do tipo fofo e apaixonante de cara, acho que ele causa até uns ataques de raiva, especialmente quando você vai conhecendo o que ele sente pela mãe, mas ao mesmo tempo é justamente por conhecer como ele se sente nessa relação que faz com que se compreenda os medos e inseguranças dele, tornando mais fácil amar.

8 - Quais suas inspirações?

Um pouco de tudo, acho. Eu gosto de olhar pela janela e reparar em coisas pelas primeiras vezes, mesmo quando já vi a paisagem um milhão de momentos antes – acho que é por isso que meu instagram tá cheio de foto de pôr do sol a partir da minha janela. Ás vezes uma frase que eu escuto ou leio, às vezes um diálogo com uma amiga, que levante uma questão importante, às vezes uma aula na faculdade. Estou sempre pensando em possibilidades de histórias, então as inspirações estão sempre presentes.

9 - Um autor nacional que você acha que todos deveriam ler?

Se for só um, eu diria Caio Fernando Abreu. Mas não seria justo com todos os autores nacionais maravilhosos que o Brasil tem produzido atualmente, né? Da literatura contemporânea, acho que Bruna Fontes e Vitor Martins são meus preferidos.

10 - Qual a maior dificuldade do mercado editorial brasileiro?

Achar espaço. É um mercado bem jovem, que está amadurecendo junto com os próprios autores que, em maioria, também são jovens. Isso é legal porque dá uma cara mais descontraída, mas é difícil para quem está tentando achar um lugar ao sol. O fato de que o brasileiro lê pouco e quando lê prefere autores já conhecidos e internacionais dificulta também o mercado de apoiar novos nomes. Mas acho que aos poucos está melhorando, né? A lista dos mais vendidos da Bienal tá aí para provar – e é um fôlego de esperança pra gente.

11 - Qual a importância de uma agente literário para quem quer publicar seus livros por editora?

Eu fico me perguntando isso, sabe? Alguns anos atrás (e não muitos) a gente nem sabia o que agente literário fazia, e hoje em dia parece cada vez mais importante. Eles são ótimos para mediar os autores e os direitos, e é importante para orientar, especialmente os iniciantes que não sabem muito bem a diferença entre editoras e gráficas, ou como cobrar, ou se o contrato não é uma cilada. Fora que alguns agentes realmente trabalham no texto, então é sempre uma ajuda bem-vinda um melhoramento na escrita. Queria saber mais. Inclusive, queria ter um! Brincadeiras a parte, é bom que agora há pessoas especializadas orientando pessoas talentosas. Evita tantas coisas ruins que a gente vê autor comentar nos grupos por aí.

12 - Uma lembrança querida da carreira?

Acho que foi quando uma leitora me procurou, para contar sua história e como era parecida com a história que lia – e como foi bom para ela entender sob um outro ponto de vista. Acho que foi aí que caiu minha ficha de “puxa, eu tô fazendo algo!”.

13 - Quais seus projetos para o futuro?

Eu sou o tipo de pessoa que faz mil e um projetos, todos paralelos, porque não consigo me focar num só – me disseram uma vez que era culpa do meu ascendente em gêmeos, não sei se é verdade, mas sempre bom ter algo pra culpar. Atualmente eu estou com Mil Voltas de Saturno, postando semanalmente no wattpad, sobre uma banda teen que se acaba após a morte de uma das integrantes. Também tenho me dedicado na revisão de Relicário, para conseguir publicá-la em outros lugares, porque é uma história muito querida para mim, que me deu um wattys e que as leitoras sempre me procuram para dizer como se sentiram. Claro que tem outras histórias sendo pensadas e escritas na surdina, mas como não estão públicas e nem eu tenho certeza do que são, prefiro não falar no momento. Como podem perceber: eu não sei o limite quando o assunto é escrever.

***
Fernanda Campos é autora de Uma Dose de Café (2012, pela editora Multifoco) e As Estrelas Sabem (2018, Amazon). Além disso, publica livros na plataforma wattpad e textos aleatórios no …http://umaautorachamadafernandacampos.wordpress.com . Para facilitação de stalker, @nanzcampos para qualquer rede social (de twitter a Gmail!)




Ler possibilita Juliana viver diversas experiências – desde um amor avassalador na época vitoriana até uma viagem espacial. E está tudo bem por isso: é melhor suspirar por um casal com certeza de final feliz a sofrer com medo de uma decepção grande demais. Entre um primeiro amor que retorna com força a sua vida, um admirador misterioso que lhe manda livros de presente e os galanteios de seu atual crush, que poderia ser protagonista de vários de seus romances clichês preferidos, Juliana tenta se manter uma romântica no plano ideal, enquanto, no mundo real, faz o que aprendeu com sua série-nerd-intergaláctica preferida: amor? Evite, se possível.Mas essa decisão fica difícil quando os três parecem dispostos a tirar Juliana da sua zona de conforto. E a garota precisará decidir até que ponto se colocar dentro de histórias e fugir da vida é uma atitude correta ou se está na hora de começar a aceitar as diferenças que carrega em si e viver, sem medo de se machucar.

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