Uma coisa que não canso de falar e adoro, é o fato dos autores que entrevistamos aqui serem muito gente como a gente. Não que isso devesse ser uma surpresa, no entanto, temos a tendência de achar que os escritores não sofrem com o seu trabalho, que não reclamam muito nas redes sociais e se são publicados é porque tiveram sorte. Esquecemos que por trás de um livro existe uma pessoa que pesquisou, estudou, sofreu, duvidou, insistiu. Por anos até.
Hoje no Estante Nacional temos a presença da Mareska Cruz, que além de ser fã de gatos, também ama literatura infantil e juvenil. E que como muitos de nós millennials é extremamente apegada a palavra "coisa" e suas variações. Tá pra existir outra palavra que consiga explicar e expressar as coisas te forma tão direta.
Outra condição que aproxima a Mareska de nós é o fato dela ter tido um blog e como a mesma diz, ter se divorciado dele, eu mesma já tive 2. Mas para alegria das pessoas na internet outro blog surgiu, e esse segundo casamento parece estar indo de vento em poupa. Aliás, ela também tem uns textos na Revista Polén que são muito legais.
Mareska mora em Campinas, se formou em História pela Unicamp e trabalhou em livrarias e na Bienal do Livro de São Paulo. Além de também participar da coletânea Todas as Cores do Natal, projeto da Página 7 sobre personagens LGBTQ+ durante as festas de fim de ano. Escreve textos e artigos em seu blog, e atualmente está escrevendo seu primeiro romance, ainda sem data de publicação. Vem acompanhar a entrevista que ela topou conceder pra gente!
1 - Como e quando você começou a escrever?
Escrever pensando "eu vou botar essa história pro mundo ler" foi em 2015, mais ou menos, mas se contar textos e posts em blogs eu já nem sei mais. Minha mãe tem guardado meus cadernos de textos da primeira série, ela gosta muito deles.
2 - Quais os livros que você já escreveu? Comente um pouco sobre eles com a gente.
Meu primeiro livro tá em processo de revisão, por enquanto tenho um conto na coletânea "Todas as cores do natal", publicado pela Agência Página 7, da qual faço parte, chamado "Os 15 natais de Benedita". São ao todo 5 contos natalinos com personagens lgbt+. O meu tem uma protagonista bi, 15 natais e um cachorro.
3 - Você possui alguma rotina pra escrever?
Funciono melhor de madrugada, mas rotina mesmo, nenhuma. Aquele conselho de que autor precisa escrever todo dia um pouco não funciona comigo.
4 - Quando você resolveu publicar um livro seu? Quais foram as dificuldades que encontrou?
A Gui Liaga, minha agente, entrou em contato comigo porque tinha gostado da minha escrita nos posts do meu blog, nós conversamos, ideias surgiram e foram aos poucos passadas pro word. O primeiro livro nós optamos por engavetar pra ser melhor trabalhado mais pra frente, porque a história ficou boa, mas precisa de um desenvolvimento/enfoque diferente. Agora é o processo de revisar, que pra mim e pra ela é tranquilo porque eu não me importo de mexer no texto o quanto precisar. Por enquanto a maior dificuldade é evitar usar demais a palavra "coisa(s)". Sou muito apegada a ela.
5 - Como você definiria seus livros pra quem nunca leu?
Por enquanto ainda não tem o livro, então vai o conto publicado: eu queria escrever algo que deixasse as pessoas felizes e com o coração quentinho. Algumas acabaram chorando, mas elas me garantiram que foi um choro bom. Eu juro que foi sem querer. Desculpa.
6 - Como foi o processo de definir a sua identidade no meio literário?
Eu só quero deixar as pessoas felizes. Espero conseguir.
7 - Dentre suas histórias, qual sua favorita? Porquê?
Acho que a história favorita acaba sendo aquela em que a gente tá trabalhando no momento, então agora é o livro, se você me perguntar isso daqui alguns meses vai ser outra coisa. Mas eu gosto muito do meu post em que uma barata bateu na minha testa.
8 - Quais suas inspirações?
Os meus amigos que também escrevem porque a gente compartilha as neuras e dá pitaco nas coisas uns dos outros, e dessa troca sempre acaba saindo coisas boas. Mas eu gosto muito do jeito despretensioso e sincerão que a Jenny Lawson e a Allie Brosh escrevem, e tem um blog/newsletter que eu amo, o "Red shoes on a thursday" aka "draminha". Tem também o Antonio Prata e o Luis Fernando Verissimo.
9 - Um autor nacional que você acha que todos deveriam ler?
A Iris Figueiredo. Além de ser uma pessoa incrível, inteligente, extremamente profissional e sempre ter coisas ótimas pra falar sobre escrita e mercado editorial, ela também é uma autora com 8 anos de carreira que consegue escrever histórias engraçadas, sensíveis e com temas complicados com muita sensibilidade, responsabilidade e respeito pelo leitor. Oito anos de carreira, 4 livros e dois contos publicados não é pouca coisa.
10 - Qual a maior dificuldade do mercado editorial brasileiro?
Atualmente acho que a crise anda pisando no pé de todo mundo do mercado literário. Com pouco dinheiro circulando, fica mais complicado apostar em coisas cujo retorno não é certo e rápido.
11 - Qual a importância de uma agente literária para quem quer publicar seus livros por editora?
O agente é o profissional com conhecimento de mercado que vai garantir que seu texto vai chegar da maneira certa na editora certa pra ele e no público certo sem que você seja sacaneado de alguma maneira em algum dos processos aí no meio. É também a pessoa que vai cuidar da sua carreira e ajudar você a fazer com que seu texto seja o melhor que ele pode ser, o que é ótimo porque autor nem sempre tem os pés no chão e muitas vezes precisa de alguém que diga quando uma ideia não funciona ou que algum parágrafo tá uma bosta (mas usando palavras mais bonitas). É ele também que vai ajudar a te acalmar durante o processo de escrita, porque ele acredita na sua história às vezes mais do que você mesmo. Senão ele não seria seu agente.
12 - Uma lembrança querida da carreira?
A primeira vez que mandei um texto pronto pra Gui. Eu nunca tinha imaginado que conseguiria escrever uma história inteira com começo, meio e fim, e não teria conseguido se não fosse por ela.
13 - Quais seus projetos para o futuro?
Por enquanto, terminar meu livro. Depois, publicar. Eu queria mais um gato, mas aqui em casa já tem 5 e minha mãe não vai deixar.
***
"Todas as Cores do Natal" propõe trazer a voz dos escritores enquanto pessoas LGBTQ+ para ilustrar as experiências de seus personagens a partir de uma perspectiva mais próxima. Escrever com essa propriedade de fala é algo conhecido como “own voices” no mercado internacional e é muito importante para a diversidade na literatura."
Se você ficou curioso sobre o conta da Mareska, Os 15 natais de Benedita, aqui vai uma palinha sobre a história:
Em "Os Quinze Natais de Benedita", acompanhamos uma menina e seu cachorro Bartolomeu ao longos de vários natais, enquanto a vida vai acontecendo, a família vai crescendo e formando novas configurações e a própria menina vai se descobrindo entre as aventuras com seu querido companheiro. Esse conto é extremante sensível e bonito, somos realmente transportados para esses 15 anos natalinos que nos é mostrados. Difícil não chorar com final, ainda que seja um chora misturado com sorriso.
Mareska Cruz fala sobre a relação de Benedita com o Natal desde o seu nascimento: são quinze anos de pura diversão, coração partido, amor e amizade.
Encontrando a Mareska Cruz nas redes sociais:
instagram https://www.instagram.com/mareskacruz/
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Taiany Araujo,
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