Quando ouço pessoas favoráveis-ao-sexo defenderem que "sexo é algo bom", em resposta a certos grupos religiosos, coço minha cabeça. A mim, parece que estão usando a falácia do espantalho contra as pessoas que tentam criticar, isto é: atribuem aos religiosos uma posição que eles não defendem. Afinal, realmente existe algum grupo religioso defendendo que sexo é ruim e que nunca deve-se fazê-lo? Existe realmente muita gente da sociedade comum que discorde da afirmação "sexo é bom"? Essa militância do "não tem nada errado em fazer sexo" não estaria, por acaso, chovendo no molhado?
Acredito até que é um problema maior, com os favoráveis-ao-sexo tendo internalizado a ideia totalmente lugar-comum de que "sexo é algo bom", e repetem isso como papagaios para mostrar à sociedade comum que eles são pessoas respeitáveis, razoáveis, progressistas; ao invés de estarem realmente tentando mudar algum valor, fazendo algum ativismo.
Sabe o que seria realmente chocante para a sociedade comum? O que seria realmente radical? Defender que se aceite a diversidade sexual. Uma aceitação que englobe todas as orientações sexuais e gêneros, e tolere todos os comportamentos sexuais, incluindo nunca fazer sexo, desde que isso não causem dano injusto aos outros. Claro, nem todos irão concordar com o que seja "dano injusto", o que torna a aplicação desse princípio um pouco complicada.
E põe complicada nisso |
Note que esse princípio é neutro a respeito de sexo ser ou não algo bom; a mensagem central é "diversidade sexual" e não "sexo é bom".
Há também um problema no lema "sexo é natural e normal, não tem nada de errado em fazê-lo": e como ficam os assexuais sexo-desfavoráveis? Eles são anormais e não-naturais então? Pois é a decorrência lógica do lema que as pessoas defendem. Isso gera/reflete preconceito contra pessoas que não estão fazendo nada de danoso aos outros, mas que simplesmente estão desviando da norma social. A mesma coisa se aplicaria a homossexuais celibatários.
Por tudo isto, fico com a impressão que os militantes pró-diversidade sexual muitas vezes revelam-se afundados nos próprios conceitos que procuram alterar, agindo completamente no lugar-comum, e eu diria, até mesmo de forma conservadora. O caminho para ajudar às minorias sexuais é aceitar a diversidade, não juntar-se ao coro dos comuns em dizer que sexo é algo maravilhoso.
O texto deste post de Anders Bateva está liberado sob domínio público. Baseado no trabalho disponível no The Notes Which Do Not Fit. |
1 comentários
Maravilhoso!! É isso ae <3 Adoro quando o mês de outubro vem, e é o único mês do ano que podemos sermos nós mesmo (assexuais) e junto vir toda nossa assexualidade aflorada *-*
ResponderExcluirObs.: É claro que eu sei que podemos ser nós mesmo em todo o ano (e vida), mas digo que no mês de outubro, será acolhido com uma imensidade enorme de post, falas, e quase sempre é o único mês que vemos allosexuais falarem e discutirem realmente sobre assexualidade, estando disposto a ao menos dedicar-se um tempinho ao tema <3