anticoncepcional
Ariel Carvalho
O anticoncepcional pode não ser seu maior inimigo
21.6.18Ariel Carvalho
Faz anos que eu lido com cólicas menstruais surreais de pesadas, que já me fizeram quase desmaiar, vomitar, tão fortes que me fizeram perder aula e dias de trabalho, com fluxo tão intenso que já aconteceu de usar dois (!!!) absorventes noturnos ao mesmo tempo.
Na hora de investigar o que era, passei pelas mãos de uns quatro médicos diferentes, sempre ouvindo coisas diferentes: que era ovário policístico, ou que não poderia ser ovário policístico porque a cólica não seria tão brutal. Passei até por um médico irresponsável que acabou me fazendo parar no hospital, mas a vida segue.
Só que fui investigar e não batia o diagnóstico. Por mais que sim, eu tivesse ovário policístico, os sintomas que normalmente são vistos em pessoas com essa síndrome não eram os meus. E então consegui achar uma médica que me deu um outro possível diagnóstico: a temida endometriose. Para quem não sabe, a endometriose é uma doença onde o endométrio (tecido que reveste o útero) cresce fora do útero, se espalhando para os ovários e outros órgãos. O tratamento mais comum é o anticoncepcional e, em casos mais extremos, laparoscopia e outras cirurgias.
Foi nessa hora que me bateu um desespero: eu não queria usar anticoncepcional. Dentro do movimento feminista, o que eu mais via eram críticas ao uso dos remédios, mulheres reclamando que a libido caiu, que a autoestima sumiu, relatando enxaquecas e outros mil problemas.
Entrei em pânico, com medo do que pudesse acontecer comigo, certa de que eu iria morrer se sequer tomasse UMA cartela de anticoncepcional. Mas, na hora de escolher entre sentir uma dor LANCINANTE e passar 7 dias sangrando horrores ou tomar um remédio que talvez me desse problemas, o anticoncepcional ganhou.
E então chegamos ao que eu quero dizer com o título do texto: não é em todos os casos que o anticoncepcional vai ser um inimigo. No meu caso, minha TPM (que era horrorosa e me fazia muito muito mal, me dando dores de cabeça, estômago, atacando minha ansiedade) foi embora, minha pele melhorou horrores, eu simplesmente não sinto mais cólica, até meu humor ficou melhor.
A questão é que não dá pra confiar em todos os relatos que vemos na internet. A melhor opção é ir procurar um profissional competente, que possa te ajudar a escolher um bom remédio, que te traga conforto na hora do tratamento. E não, anticoncepcional não é usado só para não engravidar. Às vezes, ele é o melhor método pra tratar questões hormonais.
1 comentários
Acho que o problema é considerar o medicamento como a solução única e perfeita. Não há como negar o benefício e a qualidade de vida que ele traz para milhares de mulheres, mas será que os médicos estão explicando as contraindicações pra todas? Será que elas sabem que, em alguns casos, outros tratamentos podem ter os mesmos efeitos sem os colaterais?
ResponderExcluirO ponto principal da questão feminismo x pílula, pelo menos eu entendo que seja assim, é o quanto de informação a mulher tem pra decidir se faz uso ou não. Mesmo que eu vá no final das contas tomar um remédio, eu quero saber se ele tá destruindo um órgão ou aumentando as chances de eu ter uma trombose, por exemplo.
Conhecimento é poder. :D