Felipe Vaz tem 19 anos e vem da Baixada Fluminense, mais especificamente Duque de Caxias, RJ. Estreou em 2016 com o EP "Registro do Ócio", lançou o single "Dança" em 2018 e em abril desse ano lançou outro single, "À Mercê". Ontem (23/05), ele lançou seu primeiro álbum completo, "Felipe Vaz" (disponível nas principais plataformas de streaming), pelo selo Valente Records.
Boa música vindo da Baixada? Não poderia deixar de exaltar músicos da terrinha que esta que vos fala nasceu, então convidei o Felipe pra essa entrevista e ele topou! Vem conferir:
1 - Como você definiria sua música para alguém que nunca ouviu?
Hoje defino minha música como Fok-pop. Tento sempre utilizar elementos tradicionais do Folk sem perder a simplicidade da pegada Pop. Mas isso não significa que eu não possa flutuar por outros gêneros. Em faixas como “Chico Consigo”, “Prazo” e “Até o Fim” (presentes no álbum) é possível notar algumas influências do Samba e Rock por exemplo.
2 - Dentre as suas músicas, qual sua favorita?
A que eu mais gosto de cantar sem dúvidas é “À Mercê”. Senti que a canção era diferente desde a sua composição, tanto em melodia como letra. Acabou que a música foi a mais ouvida do meu EP DEMO e se tornou o meu segundo Single.
3 - Como você começou/ se descobriu como cantor?
Comecei a cantar de fato mais ou menos aos 13 anos, tocava violão e gostava de acompanhar na voz. Me sentia muito bem cantando e parte de mim ainda achava que eu era bom nisso. Quando comecei a compor aos 15 anos, senti uma necessidade maior ainda de cantar.
Porém, na realidade eu não era bom como achava, só em 2017 aos 18 anos eu pude de fato encaixar minha voz. No “Registro do Ócio” lançado em 2016, você pode reparar como eu não tinha o domínio vocal nem a produção que tenho hoje, diferente das versões do álbum. Não me considero muito um “cantor”. Canto porque componho, e não ao contrário.
4- Como acontece o contato para as parcerias/participações especiais?
Reconhecimento e identificação. Gosto de trabalhar com artistas com quem me identifico não só na música, mas no papel que exercem na cena. Tanto com as pessoas que conheço pessoalmente e sou amigo, quanto as pessoas que conheci durante a minha jornada.
A internet é a grande responsável. Prova disso é que conheci o meu produtor Júlio Victor pelo canal dele no Youtube (o Tá Na Capa) e meu parceiro Arlindo Maciel (que esteve presente no vocal de Até o Fim no álbum) também pelos vídeos que ele fazia cantando na internet.
5 - Como foi o processo de definir a sua identidade sonora?
Quando comecei a compor eu fui completamente influenciado pelo Ed Sheeran, um cara que sou completamente fã até hoje. No início eu não tinha noção de nada, apenas compunha e soava sempre parecido com o tipo de música que o Ed fazia. Nessa época até em inglês eu escrevia. Um pouco depois com o lançamento de “Troco Likes” do Tiago Iorc (outro cara que era e ainda sou fã) eu enxerguei a direção para qual estava indo com o meu som.
De 2015 para cá que eu mergulhei de vez na música e hoje tenho mais referências no que faço, amadurecendo a mentalidade mais adolescente que tinha nas minhas antigas composições. Mas é claro que ainda rolam comparações com esses dois artistas, que para mim servem de elogio.
6 - Uma lembrança querida da carreira?
Sem dúvidas foi o meu primeiro show. Nesse dia eu já estava planejando com o Lucas Sousa (operador de áudio da Valente Records) de gravar alguma música para lançá-la ao vivo. Ele acabou gravando o show inteiro, mas eu não tinha memória no tablet para gravar em vídeo.
Depois do show descobri que a Bárbara Martins (fotógrafa da Valente Records) havia gravado tudo em vídeo. De alguma forma a Barb se sentiu tocada quando eu disse no microfone que era o meu primeiro show, e quis registrar tudo na íntegra. O resultado disso foi o “Registro do Ócio Ao Vivo, Uma Obra do Acaso”, completo no YouTube.
7 - Qual você acha que é a maior dificuldade do cenário musical brasileiro atualmente?
Apoio e interesse. O grande público adora dizer que a música no Brasil “morreu”, quando na verdade ela sobrevive no cenário independente. Muitos artistas e bandas de qualidade de todo tipo de gênero, praticamente pagam para tocar. As pessoas querem ser fãs de uma banda pronta, ninguém quer apoiar no momento da construção.
No dia em que o grande público mudar a mentalidade, o mainstream será mais diversificado. Fica encarregado aos entusiastas da cena independente, fazer com que esse som chegue à esse público. É difícil, mas é o que vem fazendo com que artistas e bandas ganhem cada vez mais espaço em festivais de música e na TV, por exemplo.
A Valente tem um papel fundamental nisso. Hoje vejo a Baixada como um terreno fértil para a música florescer, e uma molecada compromissada pra reverter esse quadro. A Valente Records é história sendo feita.
8 - Uma banda nacional que você acha que todos deveriam ouvir?
Recomendo todas as bandas da Valente Records. Ventilador de Teto, Santarosa, Kasparhauser e recentemente a Volo Volant. Em especial os meninos da Zumpiattes, para quem gosta do Folk-pop do Felipe Vaz com certeza vai curtir o Folk mais tradicional deles. A música “Dança à Dois” foi uma referência bem importante para o meu primeiro Single “Dança”.
Fora os conterrâneos, um cara lá do Sul que também faz um som bem parecido com o meu e merece mais reconhecimento é o Jéf, me serve também de inspiração.
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Acompanhem também os lançamentos do Felipe Vaz e outros artistas da Valente Records pelo Facebook e Twitter do selo.
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