Se você não está acompanhando o Twitter ou sites de entretenimento, então eu tenho certeza que você está por fora dessa notícia. Na semana passada, Hayley (não muito após o lançamento da música "Girls" da Rita Ora com várias outras artistas, como Charli XCX, Bebe Rexha e Cardi B), foi ao Twitter e Instagram falar o quão "é importante que artistas usem suas plataformas para progresso, não para andar para trás". E não acaba por aí. Se você não acessou o texto ainda, entre aí para entender essa história.

Hayley se refere à música, mas não cita nomes, seja da canção ou das cantoras, mas seu desabafo é real:

"[...] às vezes há umas músicas com uma mensagem que mais fazem mal do que bem à comunidade LGBTQ. Uma música como essa só aumenta o ego masculino, ao invés de naturalizar a ideia de duas mulheres se amando. Eu sei que essa não era a intenção das artistas da música, mas há uma falta de consideração que realmente me afeta. Eu não preciso beber vinho para beijar mulheres; eu venho amando mulheres minha vida toda. Esse tipo de mensagem é perigosa porque isso invalida completamente o propósito da comunidade inteira. Eu sinto que eu tenho que proteger a comunidade sempre que possível.

Nós podemos e devemos fazer melhor."

Caso você não tenha entendido a crítica de Kiyoko, então eu vou explicar novamente: muitas vezes vemos pessoas, normalmente, héteros cisgêneros (geralmente mulheres) escrevendo músicas sobre relacionamento entre duas pessoas do mesmo gênero, mas esse não é o problema, o problema é que costumam não só sexualizar a relação entre duas pessoas do mesmo gênero (normalmente mulheres), como também tornam isso sobre o ego masculino e fetiche. E isso não é só problemático por retratar de modo errôneo o que são duas mulheres atraídas uma pela outra, como também transmite uma ideia errada de que ser LGBTQ é uma fase, é algo temporário ou performático.

E não é a primeira vez que isso ocorre, de artistas LGBTQ falarem sobre músicas que são tidas como LGBTQ, mas na verdade acabam sendo mais um desserviço do que algo positivo, como Lauren Jauregui falando de Cool For The Summer e I Kissed a Girl, você pode conferir isso aqui. Eu só não concordo, no caso da Jauregui, em relação à Cool For The Summer, porque é uma música escrita por uma mulher bissexual que em momento algum sexualiza ou faz a música ser sobre o ego masculino e fetiche, ao contrário de I Kissed a Girl, onde todas essas coisas ficam explícitas (especialmente no clipe).

Não há o menor problema se você está com dúvida sobre seu gênero ou sexualidade ou é hétero e quer escrever/cantar/atuar/etc sobre, você só não pode e nem deve fetichizar, estereotipar ou falar que é algo temporário ou performático.

OK, mas e então, o que isso tudo tem a ver com a parte do título que diz que essa treta "abriu espaço pra divulgação de artistas LGBTQ"?

Openly LGBTQ artists to stan: @Kehlani @HayleyKiyoko @findingfletcher @KingPrincess69 @ddlovato @LaurenJauregui @halsey @internetsyd @troyesivan @yearsandyears @LaurenSanderson @kimpetras @ladygaga @JanelleMonae

— ZOLITA (@zolitaofficial) 11 de maio de 2018

Toda essa questão trouxe várias pessoas para abrir threads no Twitter de divulgação de artistas LGBTQ, especialmente cantores. E seguindo isso, eu decidi que seria muito legal fazer vocês conhecerem alguns cantores ou descobrirem que alguns dos que vocês já escutam são LGBTQ. Então aqui está a lista: