Natasha Zelenka não precisava nem ser assexual para ganhar meu coração.
Me identifiquei com a protagonista de Tash (lê-se Tásh, diminutivo de Natasha, e não Tésh) e Tolstói logo no começo do livro porque ela é fangirl absoluta e, mais do que isso, ama St. Vincent. Só por isso, eu já estava investida na trama e queria ler mais sobre ela.
Tash é uma adolescente que decidiu fazer uma websérie baseada em Anna Kariênina, o romance clássico de Liev Tolstói. A trama da tal websérie se passa em dias atuais, bem parecido com o que Hank Green e equipe fizeram com Lizzie Bennet Diaries.
A autora já consegue um feito interessante que é o de representar a adolescência e sua relação com a internet de uma forma que não fica caricata, e parece muito natural e verdadeira. Não parece forçado, sabe?
É óbvio que o livro vai além disso. Além de explorar toda a questão da viralização da websérie e dos conflitos típicos da adolescência (faculdade, carreira, amigos, relacionamentos), o grande diferencial do livro é que ele fala, abertamente, de assexualidade.
Eu nunca tinha visto um livro, muito menos um Young Adult, tratar de aces. O bacana é que Kathryn não faz Tash passar por aquele momento de descoberta; ela sabe, desde o começo do livro, o que ela é. O que acontece no livro é ela lidando com a reação das pessoas a esse fato.
Aos 16, Tash é muito segura de quem ela é, e é muito interessante acompanhá-la enquanto ela tem uma leve crush num cara e fica se perguntando como vai contar pra ele que é assexual, e tenta controlar tudo a sua volta, o que é impossível.
Outra coisa legal foi o cuidado na hora de colocar os personagens pra reagirem à "saída do armário" da Natasha. A autora cobriu basicamente todas as reações possíveis UASHSUAHSUASHU. Tem desde a pessoa que fala "mas como você sabe, se nunca transou?" até a que fala "tanto faz, a vida é sua".
Roubei do Brooke's Books |
Estamos sempre discutindo sobre a visibilidade ace, e os tempos parecem bons. Além do personagem abertamente ace em BoJack, agora termos uma personagem ace na literatura YA é só o começo, e a gente precisa começar em algum lugar, certo?
Também é importante lembrar que, em momento algum, Tash é definida por sua orientação. É apenas uma nuance, um pedaço de quem ela é, mas não é o mais importante na vida dela. Ler isso foi lindo.
[A autora deu uma entrevista muito bacana sobre representatividade pro Valkirias, recomendo]
Nota:
yay, visibilidade! |
Ficha técnica:
- Autora: Kathryn Ormsbee
- Editora: Seguinte
Obrigada, Cia das Letras, por ceder o livro!
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1 comentários
ahhh, eu quero ler esse livro! Meu tempo já está curto (faculdade e devia ler "Suicidas" do Raphael Montes pro meu clube do livro), mas esse livro passou na lista a serem lidos em disparada.
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