Meu primeiro encontro com Nós foi em 2014. Eu tinha o hábito de ir à livraria com a minha mãe e ela me deixava escolher um certo valor em livros. Era quase que uma tradição de férias/começo de ano.
Eu peguei o livro na prateleira sem pretensão alguma. A capa era bonita, a sinopse parecia interessante, e dizia que era uma distopia que tinha inspirado 1984, então COM CERTEZA seria bom.
Dizer que fui surpreendida é pouco. Eu amei tanto o livro (uma tradução pro inglês) que até escrevi sobre ele no meu diário.
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Voltando ao presente, demorei mais do que esperava para ler Nós. A verdade é que a história é densa e nervosa, e eu acabei percebendo, mais uma vez, quão reais os fatos dela podem ser. Tive que deixar o livro de lado, algumas vezes, porque o controle de D-503 parecia muito com o cenário atual do mundo.
Toda a trama gira em torno de D-503 (porque, nesse futuro, as pessoas não têm nome, mas sim números), um engenheiro que trabalha construindo a Integral, uma espécie de nave. E é através do diário dele que conhecemos a história. Como boa distopia, a agitação ocorre quando ele se apaixona por uma mulher "revolucionária".
Os elementos básicos de uma distopia estão lá: o controle se dá por meio da matemática, a questão do limite geográfico é muito presente ao longo da trama, a liberdade é feia e utópica. O "eu" não existe, o que existe é o coletivo.
Além de um projeito gráfico lindo, em preto e laranja, que chama a atenção de qualquer um, e capa dura, houve um cuidado muito grande em traduzir o texto. A tradução nova, da Aleph, é diretamente do russo, e contém uma carta de
Zamiátin a Stálin, pedindo exílio, e uma resenha do livro por George
Orwell.
A Aleph trazer esse texto de volta é algo maravilhoso. Nós é o pai das distopias. Sem ele, provavelmente não haveria 1984, Admirável Mundo Novo ou Fahreinheit 451 - talvez sim, mas não da maneira como conhecemos. Aliás, se Nós inspirou ou não Aldous Huxley ainda é um mistério. O que importa é que estamos falando de um livro que deveria ser lido por todos, que permanece atual apesar do tempo, que jamais perderá a relevância.
Nota:
O pai das distopias não merece menos que um favorito |
Ficha Técnica:
- Autor: Ievguêni Zamiátin
- Editora: Aleph
Obrigada, Aleph, pelo livro! <3
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