Ariel Carvalho CCSéries

Fall 2017: Star Trek - Discovery

30.9.17Eduardo Ferreira


A temporada mais aguardada de estreias da televisão americana finalmente chegou e com ela essa série de posts sobre as estreias dessa Fall Season 2017. Vem acompanhar tudo que rola na tevê e as primeiras impressões da equipe sobre elas. Hoje começando com Star Trek: Discovery.




Star Trek: Discovery se passa 10 anos antes de Kirk, Spok e da Enterprise, seguindo a história de Michael Burnham (Sonequa Martin-Green) e da U.S.S. Discovery, com novos personagens em novas dimensões, "enquanto abraça a mesma ideologia e esperança para o futuro que inspirou uma geração de sonhadores".

O QUE ACHAMOS

Ariel: Comecei a série num hype absurdo, muito animada mesmo. Star Trek foi vital pro meu TCC, e é uma saga que eu respeito e admiro muito. Achei incrível que, em pleno 2017, a série está se propondo a fazer o mesmo que se propôs em 1966 - e que ainda precisemos dessa representatividade da série.

A questão é que Star Trek revolucionou a ficção científica como série lá em 1966. E agora, em 2017, eu vi alguns traços disso. Para começar, a fotografia, os efeitos, é tudo esteticamente muito bonito. Você percebe, de cara, que o orçamento não foi pequeno, o que difere de outras séries *cof* Doctor Who *cof*.

E o primeiro episódio é lindo. É uma bela homenagem aos Star Treks novos e velhos, a toda a história da saga. E, assim como aconteceu com o Star Trek do J.J. Abrams, soube muito bem como se reinventar. Além de ser fiel à história, também consegue criar sua própria identidade.

No segundo episódio, eu dei uma desanimada. Tem conversas demais em klingon, e isso fez ele ser um pouco cansativo. Sem falar que ACONTECEM COISAS CHOCANTES E INÚTEIS, e fiquei revoltada por terem usado personagem como puro plot device.

Eduardo: Nunca fui muuuuito fã da saga. Star Trek não tá nem perto da mesma forma que trato Star Wars, mas desde quando saiu o trailer eu me vi muito interessado na série. 

Apesar de saber muito pouco do universo da saga, e só ter assistido aos filmes recentes, Star Trek sempre chamou a atenção do meu coração nerd, mas eu nunca imaginei que fosse me prender e empolgar tanto quanto esses dois primeiros episódios fizeram.

Não sei se foi o tom mais maduro e real desse episódio piloto ou se foi toda a construção dos seus personagens, mas eu queria dizer mesmo é que não esperava nem 10% do que vi. Talvez porque nunca levei muito a sério os filmes ou porque nunca me fizeram me importar tanto com seus personagens.

E essa é a coisa boa sobre não criar expectativas: você é sempre surpreendido quando o produto final acaba sendo melhor. Mostrar essa nave mais real, disposta a entrar em guerra pra proteger, vai muito pela contramão do que eu já tinha visto nesse universo e é aquilo que torna tudo mais real.

A maior verdade sobre a guerra é que os dois lados acreditam que estão fazendo a coisa certa e a série se preocupa em mostrar esses dois lados. Bom e mau são só uma questão de ponto de vista independente de que lado você está e MEU DEUS! Eu tô muito feliz por ter visto o bom e o mau nos dois lados da moeda nesses episódios iniciais da trama.

A personagem de Sonequa passa os dois primeiros episódios inteiros na famosa jornada do herói para chegar no final e destruir tudo com um plot twist maravilhoso que coloca toda a dinâmica da série de ponta cabeça e me fez perder alguns minutos tentando descobrir o que vinha depois.

Mas, a série também tem seu lado ruim usando personagem incrível e foda e te fazendo se importar com a vida deles pra criar plot twist (que foi bem previsível, na verdade) e matar sem mais nem menos.

Quando a gente acha que eles vão finalmente acertar...

Dana: Confesso que não tava nem aí pra Star Trek: Discovery, do tipo tão nem aí que eu não tinha nem opinião. Mas com a proximidade da estreia, eu fiquei animada pra assistir. Principalmente porque eu não tenho absolutamente mais nada pra ver e um scifi de qualidade não é uma forma ruim de passar o tempo.

Quando começou, mostrando duas mulheres caminhando no deserto de um planeta qualquer, eu tive que pausar. Mais porque uma chama a outra de Commander e eu fui jogada de volta pra última série que eu ousei amar e até hoje recupero meus caquinhos, mas parte do susto envolveu sentir que poderia ter chegado a hora de que eu finalmente ia encontrar algo que eu gostava. Preciso dizer que as expectativa foi de 0 a 1000?

Continuei assistindo e foi tudo muito legal: a protagonista, Commander (*dor*) Michael Burnham, é a heroína de scifi que é uma heroína da porra. A atriz Sonequa Martin-Green é maravilhosa. E a Captain Georgiou? E A CAPTAIN GEORGIOU? PORRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. AMOR DA MINHA VIDA. MAL TE CONHEÇO MAS JÁ TE CONSIDERAVA PACAS. Não sei o que tem nela (e eu tive umas 12 horas pra me perguntar). Acho que foi ver duas mulheres, relevantes pra história, com personalidade própria e diálogos interessantes. A Captain Georgiou era o tipo de personagem raro. Primeiro, uma mulher lá pelos 50, em uma posição de comando, inteligente, mas que não é aquela Mulher no Poder casco-grossa unidimensional, a gente vê como ela escuta a Michael, e como ela ainda está numa posição meio vulnerável de aprendizado, isso sem perder todo o jeito severo de Capitã. A atriz Michelle Yeoh precisou de menos que um episódio pra se tornar a minha heroína.


Imagina uma série onde mulheres são permitidas ser assim?
infelizmente, Star Trek: Discovery não é essa série

Agora, de volta pra Michael, ela é também uma heroína rara (uma mulher negra protagonizando história de scifi...). Eu gostei que ela é uma humana que foi criada pelos Vulcans e que ela tem o dilema entre emoção e lógica (sdds Lexa). Eu gosto como ela tem um espírito aventureiro, tem a vitalidade de querer vestir um traje e dar uma voltinha no espaço e se divertir, porque espaço é divertido yaaay, e ao mesmo tempo tem esse lado Sabe-tudo do seu crescimento Vulcan e ela é uma espécie de antropóloga espacial, e ela é meio séria também. Ela é o herói e o cérebro. E ainda é claramente muito jovem e tem muito o que aprender, principalmente quanto a superar traumas passados. Amo mulheres que são permitidas ser mais do que um estereótipo na ficção.

Até o et amigo que fica na nave foi meio carismático e se mostrou um personagem que dá pra trazer bons momentos no futuro.

Já a narrativa central....



Troço colonialista de merda. Só não é um típico salvador branco (white savior) porque a protagonista é negra, mas é uma babaquice de salvador americano e transforma minorias nuns monstros caricaturados e tem um discursinho superficial sobre raça. Na parte dos vilões parecia que eu tava nos anos 90 assistindo aqueles Power Ranger mal feito, só faltou a Rita Repulsa aparecer. A qualidade não é exatamente ruim, as armaduras e as imagens do espaço são lindas, mas por mim colocava fogo nesse caralho todo e arranjava um roteiro melhor.

Enquanto o primeiro episódio foi muito bom, o segundo parece que eles nem sabiam tanto o que tavam fazendo. Eles forçaram a história a fazer o que eles queriam. A única coisa boa foi a relação entre a Captain Georgiou e a Michael, e até isso eles já jogaram fora. Tirando uma cena em especial que mostra o potencial da Michael e foi muuuuuito boa, o resto foi..



Assistir esses dois foi uma montanha-russa. Eu fui de curiosa, pra YAY PORRA, pra NÃO ACREDITO QUE ELES JÁ ESTRAGARAM TUDO TÃO RÁPIDO pra ok pra tristeza pra... é. Cansada.


EXPECTATIVAS

Ariel: Eu não achei as prévias TUDO ISSO, mas não costumo confiar em trailer/teaser. A série ainda vai apresentar o Anthony Rapp, um dos meus atores favoritos, então acredito que eu vá continuar gostando. Como boa fã de ficção científica, sentia falta de uma série assim, então prevejo que vai ser meu amorzinho.

Eduardo: Minhas expectativas pelo resto da temporada são altíssimas e mal posso esperar pelo resto da temporada. Se a série for tudo isso que o promocional do resto da temporada tá prometendo eu acho que no fim do ano vamos ver um Eduardo muito feliz com a nova adição à grade.

Dana: Tô com altas expectativas, esperando demais uma história centrada em homem, Síndrome de Smurfette, e também queria muito quebrar a cara. Tô triste porque eu queria gostar e espalhar pra os 7 cantos do universo, mas eu não tô conseguindo me enganar outra vez, então vou ficar aqui só na minha e ver, até porque não tenho mesmo nada mais pra assistir. O que tá me levando em frente é que a Michael é muito maravilhosa e cada momento da atriz em cena é abençoado. E pelo menos até agora a série não tá dando tédio (esse é o meu standard ultimamente). E fui ver agora, os escritores entre o ep 1 e o ep 2 mudaram. Talvez tenha escritores melhores no próximo ep. Enfim, vamos torcer pra que pelo menos a única mulher relevante na história tenha uma narrativa digna e não seja jogada fora. 

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