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CCReview: 'Everything Now', do Arcade Fire

28.7.17Colaboradores CC





O que parecia ser o Arcade Fire simplesmente chutando o balde em uma tentativa frágil de facilitar a transição da mesma para um cenário diferente, com seu público e músicas comercialmente mais digeríveis iniciadas com o sucesso "mainstream" ganho no cd anterior ,Reflektor, Everything Now acaba por ser  tudo isso mesmo e incrivelmente (surpreendentemente), sem a parte de ser frágil e de quebra um pouco mais!

Assim como todos os álbuns da banda, é impossível extrair toda essência e material criativo proposto pelo grupo de forma isolada, faixa por faixa, composição por composição e a seleção aleatória das mesmas quando for conveniente num momento de lazer, passeio ou uma viagem de trem. Levando isso em conta, existe algo que nos permite enxergar o Everything Now além da famosa transição sonora que ajuda a subir ou afundar uma banda diante de um patamar pré-estabelecido pela indústria fonográfica e aos padrões comerciais. 

Visto por baixo, o álbum soa como um compilado de faixas avulsas, incoerentes, liricamente pobre e definitivamente mais aptas pra tocar em uma balada da vida. Simplesmente uma casinha normal com jardim no quintal, mas ao ousar subir no muro e olhar o contexto geral, o que era apenas uma casinha dentro do campo de visão acaba por ser tornar apenas uma dentre várias que arquitetonicamente formam uma cidade completa, entrelaçadas com ruas, luzes e prédios.




Utilizando uma forma de divulgação visando em uma crítica social ao consumismo, futilidades pessoais e o fluxo infinito de informações da sociedade moderna, as faixas foram apresentadas e "vendidas" na forma de produtos/empresas/ideais com propostas excêntricas, acidas e irônicas de suprir um problema social. As músicas soam estilizadas como jingles e propagandas, a bela arte do álbum representa uma montanha com sua cópia idêntica de "papelão" em frente sobrepondo perfeitamente a mesma no fundo (Um belo simbolismo não? uma cópia "substituindo" o que é real e a inutilidade que isso exerce). 

O álbum é satiricamente estruturado de forma que o mesmo pareça uma caixa de produtos em forma sonora, é música que não soa como uma música, faz uma crítica ao problema se tornando o problema, traz à tona a criatividade e a arte de se fazer música sem se esquecer do bolso. Ele possui duas formas distintas de se ver, simplesmente como um álbum musical ou como parte de um projeto ainda maior, criativo e arriscado, a arte encontrando sua forma primitiva e atingindo vários patamares junto com a ambição de se tornar algo grande sem perder a essência do que é, como artistas, pessoas, observadores e críticos do mundo!

Tecnicamente o Everything Now em contraste ao seu conceito não soa orgânico e com várias camadas de produção e arranjos, ele é focado na simplicidade genérica de replicar o gênero em que as músicas são inspiradas e em instrumentos eletrônicos, algo inédito na banda que conseguia fundir vários sons diferentes a sua própria essência e identidade majestosa cujo experimentalismo é mais notável no álbum Reflekor. Mas apesar disso tudo, ainda temos um pouco de identidade da banda em várias faixas divertidas dentro da proposta dance/disco rock do álbum, com o combo Win e Regine juntos em algumas faixas como Signs of Life, Chemistry, Put Your Money on Me e Creature Comfort e os instrumentos de cordas em Everything Now e suas reprises, as influências de Reggae/Dub de raiz também ficam evidentes e cai muito bem quando estão alternando entre a musica disco e o funk da década de 70, e claro, os magníficos instrumentos de sopro que fazem toda a diferença!

Melhores Faixas (Ordem Aleatória)

Everything Now (e suas reprises), Signs of Life, Chemistry, Put Your Money on Me e We Dont Deserve Love

Nota:


"Everything Now" já está disponível nas principais plataformas de streaming.


Sobre o autor:

Filipe Martins é um cinéfilo inexperiente, audiófilo de plantão e gamer nas horas vagas... e de quebra não sabe falar muito sobre si mesmo! Você pode encontrá-lo no Facebook ou no Last.Fm .


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