Pra quem não mora no país Twitter, na semana passada uma autora nacional postou um tweet que foi basicamente um terremoto na minha timeline HAHAHAHAHA. Não vou postar prints, nem falar quem é, até porque esse não é foco do post. A grande questão é que ela "gentilmente" lembrou que baixar pdfs é considerado pirataria e portanto, é crime.
Daí pra frente foi uma avalanche de tweets e threads a favor e contra, a garota foi atacada por uma pá de gente, enfim, uma confusão danada e todo mundo querendo dar sua opinião. E eu no meio disso tudo??? Fiquei bem irritada, pra dizer o mínimo, com a postura da galera e sinceramente tô até hoje, então vamos às minhas considerações.
Em primeiro lugar, tecnicamente ela não tá errada. Os famosos pdfs são nada mais nada menos que tradução ou digitalização feito por fãs dando sopa na internet, sem lucro pros autores e o mercado editorial, pirataria mesmo. Deve ser uma merda você ser autor, viver da venda dos seus livros e tomar prejuízo em algum nível porque o pessoal tá baixando cópias dos seus livros na internet ao invés de comprar. Só que isso se aplica aos casos em que o pessoal realmente não compra depois.
E sinceramente?? Isso é raro.
Me diz uma coisa: você acha mesmo que uma pessoa que leu um livro e AMOU não vai querer ter ele na sua estante ou na sua biblioteca do kindle/o que seja? Você acha que ela não vai querer prestigiar o autor, querer tudo dele?? Se acha que sim, então você não convive com leitores HAHAHAHAHAHAH. Eu falo isso não só por mim, mas por todas as pessoas que eu conheço e que são leitoras: a gente ama livros, a gente quer ter os livros PRA NÓS. E acredito que dá pra generalizar bem isso, ou as bienais não seriam um sucesso, não é mesmo?? (e olha que nem tem tanta promoção de verdade....mas isso é outra conversa).
A questão é que livros são caros. É claro que se for pensar em todo o processo de produção, na quantidade de gente que trabalha neles e todos os outros aspectos o preço é até justo, mas a gente vive no Brasil. E 30, 40 reais é o preço do meu almoço no shopping quando tenho aula na pós-graduação HAHAHAHAHA. Quando eu tenho esse dinheiro na minha mão, ele vai todo pra alimentação ou passagem ou pagar os famigerados boletos. Comprar livro tá virando coisa cada vez mais rara na minha vida, porque minha situação financeira tá cada vez mais coisa digna do Se Vira Nos 30 (muitas vezes tenho que me virar com 30 reais mesmo, mas enfim HAHAHAHAHA).
"O que eu mais amo no mundo são os meus livros" Lema dos leitores |
E numa situação dessas, que é realidade de muita, MAS MUITA gente por aí, o que é que faz? Você vai parar de ler porque não pode comprar ou vai baixar aquele pdfzinho maroto e super bem elaborado que tá ali disponível?
O mais louco é que não faltou gente pra dizer "POR QUE EU ERA TÃO POBRE QUE NÃO TINHA UM CHINELO E ANDAVA 30KM EM ESTRADA DE TERRA BATIDA PRA IR NA BIBLIOTECA DA CIDADE VIZINHA PRA CONSEGUIR LER", aquele discurso igualzinho ao do povo defensor da Meritocracia. Partindo dessa lógica, se a pessoa não fez esse esforço todo pra ir atrás de um livro de forma "legal", então a culpa é dela!!!! Dane-se o fato de que incentivo à leitura não é valorizado, que bibliotecas públicas não são comuns e todas as outras merdas sistêmicas do país!! VAMOS CULPAR AS PESSOAS, CLARO, E NÃO O SISTEMA.
ADIVINHE |
No meu caso, eu tenho a sorte de que aqui no Rio existem bibliotecas municipais e uma delas é bem no bairro vizinho. Não sei em que pé tá as outras, mas a que vou é linda, maravilhosa e tem um acervo bom que é renovado com alguma frequência e mano, ela é que tem salvado minha vida literária (e as parcerias do CC com as editoras, claro HAHAHAHAHAHA). Só que né, eu só descobri a existência dela na cagada. Não existe divulgação e ainda por cima ela fica meio escondida, você tem que saber que ela tá ali pra achar. A cidade até tinha a Biblioteca Parque que era tipo o paraíso, um acervo maravilhoso, uma estrutura do caralho....o estado fechou :).
Daí quando tô enlouquecida atrás de um livro que não tem na biblioteca e nem tem como pedir a alguma editora, faço o quê?? Sofro por muito tempo até acabar baixando na internet mesmo. Eu ODEIO ler ebook. Odeio de verdade. Então pra eu chegar a baixar o negócio e ler é porque cheguei ao auge do desespero e geralmente depois fico tão apaixonada que quero o livro físico e volto ao sofrimento anterior HAHAHAHAHAH.
100% pistola com essa SITUAÇÃO DE MERDA |
Pra então vir uma discussão dessas e eu ter que ler essas merdas de gente que:
- Assiste filmes online de graça
- Tem o utorrent e baixa séries, filmes, jogos e discografias
- Já usou/usa windows e/ou pacote office pirata
Me poupe, né. Claro que meu sonho de princesa é comprar todo livro que me interessa, todos os the sims originalíssimos e por aí vai, mas não tenho condições agora. E além do mais, sinceramente, tenho outras prioridades na vida e não, não vou deixar de consumir porque não tenho poder aquisitivo. Aliás, acho que toquei num ponto crucial: entretenimento não é uma necessidade básica do seres humanos. É importantíssima, tem seu impacto, mas ninguém morre porque ficou sem ler. Morremos de fome, de frio, de doença então as prioridades sempre serão comida, saúde, a casa. Por outro lado, quem produz entretenimento e vive disso precisa do retorno pra ter suas necessidades básicas mantidas (pra quem tá começando, claro. J.K.Rowling, por exemplo, não precisa mais disso
É uma loucura e depois disso tudo não cheguei a conclusão nenhuma HAHAHAHAHAHAH. Tenho certeza que dá pra chegar muito mais a fundo com essa discussão, mas por enquanto é só isso mesmo. E a quem interessar possa, segue link com infos sobre as bibliotecas municipais do RJ. Não sei sobre as outras, mas os dados da de Irajá estão atualizados então imagino que as outras também estejam.
17 comentários
Isabelle, concordo com você em vários pontos - principalmente nesse de ter que me virar com míseros trinta realidades no bolso. Vim aqui acrescentar na discussão, e te contar as minhas razões de ser um consumidora ávida de PDF.
ResponderExcluir1. A principal: quase nunca me sobra dinheiro pra entretenimento, e quando sobra prefiro pegar uma sessão no cinema. Faço parte da classe de trabalhadores que sobrevivem com um salário mínimo, portanto o aluguel e os famigerados boletos serão sempre prioridade;
2. Meu apartamento é minusculo e não tem espaço algum pra guardar livros;
3. Tenho sempre a mão, uma vez que o meu telefone tá sempre comigo.
Siiim, ainda tem a questão do espaço!!! E realmente, quando a gente ganha pouco a gente tem que fazer muitas escolhas que às vezes são difíceis, acaba que os livros ficam de lado mesmo.
ExcluirConcordo em vários pontos, acho que faltou à autora e agentes literárias e todos os outros autores envolvidos na discussão darem alternativas para fomentar a leitura.
ResponderExcluirSó um adendo sobre a sua escrita mesmo e espero que não me interprete mal: colocar essas risadas todas no seu texto o tornou extremamente infantil. E chato de ler. Se você queria acrescentar algo à discussão, ela acabou ficando pobre.
Bom, sinto muito mas esse é o meu estilo de escrever aqui no blog. O ConversaCult, apesar do nome "cult" é bem eclético tanto nos temas que aborda quanto na forma em que eles são abordados. Na pós-graduação sou obrigada a escrever de forma concisa e objetiva, mas aqui... ahhhh aqui é o lugar onde eu posso me expressar do jeito que eu quiser e ninguém vai me tirar isso HAHAHAHAHAHAHA.
ExcluirAlém do mais, sou uma pessoa animada. Eu gosto de rir, inclusive quanto tô escrevendo :)
Seu texto já é bem escrito e animado sem a necessidade das onomatopeias. Fica chato e infantil de ler, só isso.
ExcluirObrigada pelo elogio, mas essa é a sua opinião, né. E assim como algumas pessoas podem não gostar, tem outras que adoram isso. Fatos da vida xD
ExcluirPirataria não é um problema de indivíduo, mas um problema de sistema. Livro é caro? Vai depender de quem está avaliando isso. São as autoras e agentes que fomentaram a discussão no Twitter, ou é a universitária com PROUNi, que mora na periferia e trabalha em salão de beleza? São dois mundo completamente diferentes. A universitária da periferia não vai poder pagar 50 conto num livro, que pra autora é "baratíssimo". Ela vai gastar com condução, com xerox, com comida.
ResponderExcluirA gente não pode ficar no discurso raso de "é só ler em ebook". Quando a gente é pobre nem sempre tem crédito pra ter cartão e usar na Amazon; às vezes, nem conta em banco a gente tem, ou se tem é uma poupança.
Lógico que a autora, a Babi Dewet, estava defendendo o dela. Ela quer que todo mundo compre o livro dela. E escrever é um TRABALHO, pouco valorizado e pouco pago também. Só que combater a pirataria com uma guerra não funciona. A guerra às drogas taí mostrando que não funciona.
O que a galera que defendia a Babi e a própria Babi esqueceram de fazer foi de dar alternativas. Como consumir livros? Como fomentar a leitura? É muito fácil falar "pague o livro" se a pessoa tem que decidir entre carregar o bilhete ou comprar comida.
APLAUDINDO DE PÉ!!!!!
ExcluirEra o que eu ia comentar, e a Soraia falou primeiro =D
ExcluirÉ preciso fomentar a leitura de outras formas. Falar "ain, compra o ebook" é simplista, é raso, é pequeno. É como dizer pra um desempregado "ain, é só trabalhar", em meio à uma grave crise econômica, onde ele compete com 5000 outros.
E assim, nem todo mundo é adepto do ebook. Eu leio sem problemas o livro físico, o ebook, eu amo é a leitura, não é o fetiche pelo papel. Mas não é assim pra todo mundo, não é todo mundo que vai poder comprar um Kindle, ou até mesmo pagar pelos ebooks na loja. Se a pessoa não tem acesso ao livro, ela não vai ler! Seja físico, seja ebook!
É preciso formar um público que use bibliotecas, reforçar e alardear a presença dessas bibliotecas, renovar acervo, tornar estes lugares conhecidos. Ensinar os jovens a usar suas bibliotecas e salas de leitura, quando elas existem. Fazer clube do livro, doar livros para campanhas, como a Leitura Alimenta, que bota um livro dentro de uma cesta básica.
O Fantástico esses dias fez uma matéria, onde eles deixaram livros em diversos lugares, até no transporte público. E as pessoas que entraram em contato ficaram profundamente tocadas pelo livro. Uma delas disse que nunca ganhou um livro, que ela nunca tinha dinheiro pra comprar um. Então, não é sem vergonhice baixar o PDF, apesar de isso sim existir, pois gente babaca existe. Mas muitas realmente não têm dinheiro, não tiveram a instrução básica para se interessar por livros, ou sabe como adquiri-los.
voce usa blogger, entao pelamor de deus, coloca essas imagens em tamanho grande. nem precisa sair do modo edicao de texto pra fazer isso. fica desagradável demais de ler com esses gif pequenininhos.
ResponderExcluirVocê leu no pc ou no celular? Por que o modo de exibição de imagens no celular realmente é pequeno até por conta do tamanho da tela mesmo. Já no layout pra pc as imagens estão num tamanho que eu, que não tenho nenhum problema grave de visão, acho de tamanho adequado (além de estarem na versão original e/ou máximo que o blogger permite).
Excluirli no pc e você pode aumentar a imagem na hora que vc insere. só mudar pra 'muito grande', que ela fica maior e fica mais confortável de ler. os gifs naturalmente tem tamanho pequeno, mas no blogger vc pode aumentar, ao invés de usar o tamanho original. no muito grande ele fica num bom tamanho e não distorce.
ResponderExcluirse o template é responsivo, e acredito que seja, a imagem vai se adaptar em qualquer tela, mesmo que esteja grande aqui no pc.
O "muito grande" às vezes distorce a imagem, então evito usar. De toda forma, obrigada pelo feedback o/
ExcluirEntendi seus argumentos mas discordo fortemente de que o indivíduo não tem responsabilidade social de ser honesto.
ResponderExcluirSe a alternativa das bibliotecas públicas não é viável ou boa o suficiente para alguns, temos diversas opções em domínio público, temos contos e novelas de graça na Amazon, temos sebos. Não sou bolsista do ProUni mas já aluna de escola pública e dou moradora da periferia, passo seis horas por dia no transporte público e gasto todo meu dinheiro com alimentação, mas discordo que isso justifique consumir produtos piratas. Vejo a situação da seguinte forma: a gente tem bolo de cenoura e bolo de laranja de graça, mas como tem gente que prefere chocolate acha que é justificável roubar porque não tem essa opção. Claro que esse foi um exemplo simplório, claro que a inacessibilidade da literatura é um problema SÉRIO, mas roubar o produto só desvaloriza ainda mais a profissão do autor e contribui com o aumento dos preços do produto. É sim, acho que o mínimo que uma pessoa que quer ler tem que fazer é entrar no site da prefeitura e procurar a biblioteca mais próxima, afinal, até na minha cidade (que possui um dos menores PIBs do país) tem uma, sei que não é perto pra todo mundo é nem sempre tem o livro que a gente quer, mas a verdade é que não tem como a gente consumir todos os produtos disponíveis no mercado de graça.
Acho que invés de ficar procurando culpado pela situação ou justificar atitude desonesta, falta a gente procurar soluções viáveis, o que podemos fazer pelas bibliotecas locais? Como podemos tornar a leitura mais acessível? Afinal, a gente não tem Babi Dewet de graça mas tem muitas outras opções, alguma delas tem que servir. Da mesma forma que eu compro a roupa barata mesmo gostando mais da cara, posso consumir os livros do domínio público mesmo tendo vontade de ler o autor da moda.
Não estou querendo deslegitimar seus argumentos, nem tirar a importância dos problemas sociais que levam as pessoas a consumir de forma ilegal, não estou tentando demonizar quem consume produto pirata, mas também não acho justo classificar todas as pessoas como fragilizadas (e vamos admitir que a grande maioria dos consumidores de livros piratas não é cidadão fragilizado) e achar que elas não tem a responsabilidade social de ser honestas também. Também estou tentando chegar a uma conclusão sobre esse assunto e, principalmente, encontrará soluções realmente viáveis e acessíveis para nós, consumidores desfavorecidos.
Gostei do seu ponto.
ExcluirRealmente, o que não falta é pessoas com pode aquisitivo recorrendo à pirataria por mil e um motivos.
"Acho que invés de ficar procurando culpado pela situação ou justificar atitude desonesta, falta a gente procurar soluções viáveis"
EXAAAAAAAATAMENTE. Não sei se foi o que dei a entender no texto, mas meu objetivo não foi procurar um judas pra malhar, mas apresentar outros lados, outras reflexões. Assim como o pessoal antipirataria acaba caindo em falácias, os "pró" pirataria também fazem isso. É um debate bem complicado mesmo e difícil de "decidir" um lado, até porque acho que a solução não é essa. A solução é lutar pra difundir a leitura e viabilizar o acesso a ela. Agora, os comos.....aí que o bicho pega
os autores e as editoras não recebem nenhum prejuízo por alguém baixar um livro na internet,pois quem baixa um livro não internet,não compraria um livro e não daria lucro a editora ou ao autor
ResponderExcluiros autores e as editoras também não recebem nenhum dinheiro quando alguém vai numa biblioteca ler um livro
os autores são os que menos ganham com a venda de um livro,o autor ganha em média 10% pela venda de um livro
os direitos autorais é a coisa mais injusta que existe no país,uma pessoa escreve um livro uma vez e fica recebendo por esse livro até a sua morte e os seus herdeiros ficam recebendo até 70 anos depois da sua morte,nenhuma profissão se ganha tão bem quanto a de um escritor
as leis de direitos autorais estão obsoletas,elas foram criadas numa época onde não existia internet,existem iniciativas como a do partido pirata que tem como proposta acabar com os direitos autorais e copyrigth
os prejuízos da pirataria são superestimados,as pessoas quando querendo calcular o prejuízo da pirataria pegam o número de downloads de um livro e multiplica pelo preço do livro e o resultado eles falam que foi o prejuízo,como se todas as pessoas que baixam livros da internet fossem comprar os livros,você realmente acha que alguém que baixa 5 livros de graça da internet compraria a mesma quantidade de livros por 40 reais cada um?
ResponderExcluir'''''''''
Veja, em porcentagens, para quem vai cada parcela do preço de capa que você paga na livraria:
Papel
Menos de 5%
Às vezes é transformado no vilão da história. O custo subiu — depois do Real, o preço da tonelada de papel branco passou de cerca de 600 para 1 100 reais —, mas não significa nem 5% do preço de um livro.
Editor
Cerca de 25%
O editor fica com algo em torno de 25% do preço de capa. Esse valor paga os custos de funcionamento da editora, a tradução, revisão, paginação e o lucro.
Autor
De 7% a 12%
Recebe em média 10% do preço de capa de um livro, mas essa porcentagem varia. O valor inclui todos os custos de seu trabalho. Na maioria dos casos, o autor não recebe adiantamentos.
Gráfica
Cercade 8%
O custo de impressão de um livro comum, sem ilustrações impressas em papel especial, é da ordem de 8% do preço de capa, sem incluir o preço do papel.
Distribuidor
Cerca de 15%
A maior parte do preço de capa do livro fica na distribuição e venda. O distribuidor atacadista fica com 15%.
Livraria
40%
A livraria fica com 40% do preço de capa do livro, em média.
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FONTE:https://super.abril.com.br/cultura/por-que-o-livro-e-caro-no-brasil/