Dia 28 chegou e devemos lembrar que hoje é um dia muito especial, é o Dia do Orgulho LGBTQ+!!! ~Inspira fundo e se acalma para não pegar um canhão de purpurina colorida e levar para todos os lugares e ficar enchendo o mundo de cor (amém).
E assim, com esse dia, lembramos do porquê temos nossos orgulhos e quais eles são. Falando com o pessoal, surgiu esse lindo texto de orgulho, cujo tanto nós, como quem é de fora, participou. Esperamos que gostem, expressem seu orgulho e que esses relatos ajudem vocês. <3
Dudu: Bom, meu nome é Dudu, tenho 14 anos e faz ± um mês que me descobri bissexual. Cresci em ambientes com muito machismo e homofobia, mas desde criança já tive uma certa atração por pessoas do mesmo sexo, que procurava reprimir a todo custo, usando o fato de que eu gostava na verdade era de meninas. Pra mim, na infância, na verdade até pouco tempo atrás, existia só gay e hétero, mas aí conheci melhor algumas pessoas que mudaram minha vida, me fizeram abrir os olhos, se assumiram pra mim e eu vi com meus próprios olhos as dificuldades que eles passavam por sua orientação sexual. Com o tempo essas pessoas me ajudaram a perceber o que eu realmente era, como disse, a pouco mais de um mês, e mesmo com pouco tempo, já tenho muito orgulho do que sou, e orgulho desses amigos, que mudaram a minha vida para sempre, graças a eles me aceitei e hoje faço parte dessa maravilhosa comunidade, da qual tenho tanto orgulho.
Lucas: Desde pequeno desconfiei de que não era igual aos outros garotos. Só fui confirmar e aceitar isso no 9o ano, ou seja, no começo desse ano, quando ja havia descoberto, e precisava de amigos que entendessem. Foi aí que conheci a Carla e comecei a falar com a Clara (fui da sala dela varias vezes, mas nunca me aproximei muito). Como consequência, acabei voltando a ter contato com a Isabela, o Dudu e a Andreska, conheci o Jota -essa pessoa maravilinda da vida-, enfim, pessoas que me acolheram e me aceitaram. E como estamos no mês do orgulho LGBTQA+, quero falar o quanto me orgulho de ser o que eu sou e o quanto me orgulho de ter coragem de contar isso aos poucos. Também tenho orgulho dos meus amigxs que também aceitaram o que são. Tenho orgulho das dificuldades que superamos juntos. Tenho orgulho de ser da comunidade LGBTQA+, pois não é pra qualquer um não... Obrigado por serem razão do meu orgulho.
Carla: Ser gay... não sei o que eu sou totalmente, mas sei que não importo com a sexualidade. Eu amo a pessoa pelo que ela é por dentro e é isso que importa, ME ORGULHO DISSO. É o que falta entre as pessoas: o amor. Não é pouca vergonha, nem nada, mas e se fosse, o que você tem a ver com isso? Pessoas preconceituosas são mal amadas e apesar de tudo que possa me acontecer, não vou deixar de lutar pela igualdade entre todos. Se eu já sofri homofobia? Claro! Meu pai é um que as vezes solta uma frase homofóbica, alguns que falam besteira no Facebook diariamente, uma "amiga" que fala coisas ridículas contra mim e até uma professora que diz que bissexuais não existem e sim que é carência ou indecisão e segundo ela, um dia você beija menina, outro menino e no outro você faz uma suruba, familiares fazendo piadas homofóbicas, entre outros. Até quando vão nos agredir (verbalmente e fisicamente)? O que nós fizemos? Estamos vivendo nossas vidas! É difícil pensar em como o próximo se sente? De dentro do meu coração, se eu pudesse escolher ter nascido hétero cis, eu não escolheria, mesmo que me colocasse na maioria, me dando vantagem em várias coisas, sabe, eu sinto que nasci pra lutar contra tanto ódio exalado por aí e me amarro nisso. Eu sou assim, sempre fui, e não vai ser uma oposição do meu pai ou de algum familiar, amigo, algum político ignorante ou qualquer pessoa que vai me fazer mudar, ou seria, curar? Seja o que você independente do que aconteça, saia do armário, tenha orgulho de quem você realmente é! Somos mulheres, homens, não binários... enfim, isso não importa, isso não muda, somos todos um só. Feliz dia do orgulho LGBT e obrigado a todos os meus amigos que estão comigo sempre, apesar de qualquer coisa.
Isabela: Não, eu ainda não “contei ao mundo” sobre a minha sexualidade, pois ainda não me sinto 100% pronta. No entanto, meus amigos sabem e, mais importante: eu me aceito. Não só isso... Eu me orgulho de ser bissexual e estou, aos poucos, saindo do armário. Porque “orgulho” aqui é o contrário de vergonha, um sentimento que nós, LGBTQIA+, inevitavelmente acabamos tendo. Eu tenho orgulho de ser quem eu sou, porque não é uma escolha e, mesmo que fosse, não há nada de errado. Sinto orgulho, justamente por hoje saber que não sou anormal por gostar de garotas e garotos. Não sou doente. Não sou “sem caráter” como minha tia ignorante disse. Sou apenas eu. E mesmo com a bifobia e transfobia (dentre outros) existentes, também me orgulho de fazer parte dessa comunidade, pois embora ainda estejamos longe do ideal, já avançamos muito e, quem sabe um dia, no futuro, nós sequer precisemos mais da palavra “orgulho”...
Faby: Eu tenho orgulho de ser quem sou, orgulho da coragem que eu tenho pra ir em alguns lugares sabendo do tamanho da rejeição que terei se souberem minha orientação sexual, orgulho de ser firme ao escutar um "que desperdício", "você está confusa" ou até um "isso é fase". Tenho orgulho de saber que posso ajudar aqueles irmãos que passam pela mesma situação, ou até coisa pior. Tenho orgulho da força dos LGBT que se mantém perante uma sociedade cega, que querem nós culpar apenas por amar. Tenho orgulho principalmente dos meus amigos que passam por preconceitos e rejeição diariamente, e mesmo assim estão sempre querendo ajudar.
Eu tenho orgulho de ser quem sou, tenho orgulho de ser bissexual, tenho orgulho de fazer parte dos LGBT com várias pessoas fortes e maravilhosas. O mundo é mais bonito com cores, mais bonito com amor, e muito mais bonito com respeito, pois independente de tudo somos todos iguais, o que faz uma pessoa é seu caráter.
Karoline: Eu me descobri homossexual com 14/15 anos, e achei que minha vida tinha acabado. Desde criança eu ouvia meus pais dizendo que gays eram aberrações, que mereciam a morte, e que eram incapazes de serem felizes. Durante o período em que assumi para mim mesma quem era, tive a percepção surreal de que eu era igual a pessoas que eu cresci acreditando serem ruins, e que quem eu julgava ser bom, eram os mesmo que pregavam morte contra mim. Todo esse processo foi difícil, e, em alguns dias, ele continua sendo. Ser gay é ter medo, e se sentir uma aberração. Ser gay é se sentir às margens da sociedade, e ter a percepção de que você pode morrer por ser quem é.
Infelizmente não sei quem é a desenhista dessa obra maravilinda, então quem souber, avisa <3 |
Bells: Quando o Jota veio com a ideia de fazer esse post na mesma hora eu comecei a pensar no que eu iria dizer....pra em seguida achar que talvez não seria uma boa ideia. A assexualidade tá começando a ser vista muito recentemente e ainda assim meio que de fora da comunidade LGBT+, sabe. Só nas vésperas é que decidi que iria escrever sim, e aqui estou eu. Eu me descobri assexual no meio do ano passado e desde então ainda tô passando pelo processo de aceitação, até porque não é nada simples entender que você não sente algo que é quase mandatório na vida e nos relacionamentos das pessoas em geral, quando o mundo inteiro ao seu redor GRITA que não sentir atração sexual é sinal de alguma doença ou que não é normal. Eu passei a maior parte da minha vida sentindo que tinha nascido com algum defeito, então eu tô aprendendo a ver essa parte de mim de uma forma positiva. Então posso dizer que nesse Dia do Orgulho LGBT+ eu tô aprendendo a ter orgulho de quem eu sou. É um processo longo, mas sei que um dia eu chego lá.
Achei essa coisa fofa aqui |
Carol: Oi mundo, sou eu, Carol, e sou bissexual.
Inicialmente não ia participar desse post, porque não tinha nada pensado pra escrever, mas aí rolou uma situação que eu fiquei boladona na pracinha, como diria uma amiga de trabalho. Eu vi um texto que seguia mais ou menos uma vibe "Não tenho essa de rótulos", vindo de uma pessoa hétero. Realmente, difícil demais ser quem você é quando isso está em conformidade com toda a sociedade.
Eu sou bissexual e não falei isso pra maior parte da minha família porque iriam falar que eu iria trair meu namorado com uma mulher.
Cansei de ouvir que bissexuais são sujos, promíscuos, que querem ficar com duas pessoas ao mesmo tempo (o "bi" no nome não é por isso não, ok, queridões??). Cansei de ouvir que homem bi é gay enrustido. Cansei de ouvir que mulher bi só pegava mulher em balada pra chamar atenção. Cansei de ouvir que "era só uma fase". Cansei de ouvir que gays/lésbicas só eram assim porque não tinham achado uma mulher/um homem que pegasse de verdade. Cansei de ver transexuais usados como piada em programas de televisão. Cansei de ouvir piadas com as sexualidades do espectro assexual. Cansei de ouvir piadas com a sigla LGBT+. Cansei.
Cansei, meu irmão. A gente se esconde, a gente mente sobre quem é por medo. Pra vir alguém e falar "Sem rótulos"? Ler sobre bissexualidade (e aposto que outras pessoas lendo e pesquisando sobre outras sexualidades) me fizeram perceber que eu não era uma pessoa que estava fazendo algo de errado. Eu existia. Eu era alguém.
Se você não precisa disso, não teve essa dúvida imensa na sua cabeça até você saber quem você era de verdade, eu te invejo. Falar pro mundo o que nós somos é um ato de resistência, onde muitas vezes não temos coragem. Espero que pras próximas gerações isso mude.
Ps.: Foi muito engraçado ver que o B de LGBT era de Babadook, mas eu fico triste de ver vocês validarem mais um monstro, do que validarem os bissexuais.
Jota: Eu sou gay e essas três palavras sempre foram muito difíceis para que eu conseguisse colocar para fora, externalizar minha verdade. Teve uma época que eu ainda vivia numa nuvem de sentimento e gostei de uma garota - até hoje me questiono sobre minha atração romântica, a qual ainda não tenho certeza, mas vida que segue -, mas creio que foi um meio de eu tentar neutralizar algo que no fundo, eu sabia que não dava pra neutralizar ou coisa do tipo. Com o tempo, eu acabei pesquisando bastante e conversando com meus amigos muito, até que eu conseguisse falar para eles e foi um peso removido dos meus ombros, parecia que guardar aquilo pra mim, guardar meu medo, só me machucava, e de fato, era o que acontecia.
Quando percebi, eu não aguentava mais segurar e contei para minha mãe na casa do meu avô, enquanto a gente olhava o computador, por sorte todo mundo estava concentrado na conversa na sala de baixo, então pude falar para ela e chorei demais - nossa senhora, como chorei! -. Quando converso com minha mãe, ela não lembra desse dia, ela lembra do dia seguinte, em que conversamos sobre isso no banho. Depois veio a minha irmã e esse ano, meu pai.
Não vou dizer que foi fácil, porque não foi e não é perante uma sociedade que enfia na nossa cabeça, dia após dia, que o que somos é errado e degradante e somos doentes. Ter me aceitado não foi um processo simples e do dia pra noite, levou alguns aninhos (mais precisamente três), mas aqui estamos. Hoje sou orgulhoso de dizer que não é uma vergonha o que sou, que me descobrir só me trouxe coisa boa, mesmo quando eram negativas. Tenho orgulho de dia após dia minha existência por si só ser uma revolução, tenho orgulho porque quando iniciei a procurar respostas para minhas perguntas, eu achei tantas pessoas semelhantes a mim ou completamente diferentes que me ensinaram tanto; tenho orgulho de saber que ser quem eu sou é o que me ensinou mais do que tudo sobre empatia; tenho orgulho de tudo que me aconteceu, meu amigos, minha vida, meu conhecimento... Espero que você também tenha.
Me deixa eu te contar uma coisinha, mesmo que já saiba ou não - sempre bom lembrar, sempre bom ter outras pessoas para te lembrar disso -: você não é doente, não é uma escolha. Você é incrível e não tem que se sentir envergonhado porque você é quem é, seja gay, lésbica, bissexual, assexual, pansexual, polissexual, trans binário ou não-binário. Eu sei que demora para a ficha cair que não há nada de errado com você, mas quando isso acontecer, você vai se sentir muito bem, porque você é quem é, e ninguém pode te julgar ou maltratar por isso.
Inicialmente não ia participar desse post, porque não tinha nada pensado pra escrever, mas aí rolou uma situação que eu fiquei boladona na pracinha, como diria uma amiga de trabalho. Eu vi um texto que seguia mais ou menos uma vibe "Não tenho essa de rótulos", vindo de uma pessoa hétero. Realmente, difícil demais ser quem você é quando isso está em conformidade com toda a sociedade.
Eu sou bissexual e não falei isso pra maior parte da minha família porque iriam falar que eu iria trair meu namorado com uma mulher.
Cansei de ouvir que bissexuais são sujos, promíscuos, que querem ficar com duas pessoas ao mesmo tempo (o "bi" no nome não é por isso não, ok, queridões??). Cansei de ouvir que homem bi é gay enrustido. Cansei de ouvir que mulher bi só pegava mulher em balada pra chamar atenção. Cansei de ouvir que "era só uma fase". Cansei de ouvir que gays/lésbicas só eram assim porque não tinham achado uma mulher/um homem que pegasse de verdade. Cansei de ver transexuais usados como piada em programas de televisão. Cansei de ouvir piadas com as sexualidades do espectro assexual. Cansei de ouvir piadas com a sigla LGBT+. Cansei.
Cansei, meu irmão. A gente se esconde, a gente mente sobre quem é por medo. Pra vir alguém e falar "Sem rótulos"? Ler sobre bissexualidade (e aposto que outras pessoas lendo e pesquisando sobre outras sexualidades) me fizeram perceber que eu não era uma pessoa que estava fazendo algo de errado. Eu existia. Eu era alguém.
Se você não precisa disso, não teve essa dúvida imensa na sua cabeça até você saber quem você era de verdade, eu te invejo. Falar pro mundo o que nós somos é um ato de resistência, onde muitas vezes não temos coragem. Espero que pras próximas gerações isso mude.
Ps.: Foi muito engraçado ver que o B de LGBT era de Babadook, mas eu fico triste de ver vocês validarem mais um monstro, do que validarem os bissexuais.
Não achamos de quem é a obra, então se souber, notifique. :)) |
Jota: Eu sou gay e essas três palavras sempre foram muito difíceis para que eu conseguisse colocar para fora, externalizar minha verdade. Teve uma época que eu ainda vivia numa nuvem de sentimento e gostei de uma garota - até hoje me questiono sobre minha atração romântica, a qual ainda não tenho certeza, mas vida que segue -, mas creio que foi um meio de eu tentar neutralizar algo que no fundo, eu sabia que não dava pra neutralizar ou coisa do tipo. Com o tempo, eu acabei pesquisando bastante e conversando com meus amigos muito, até que eu conseguisse falar para eles e foi um peso removido dos meus ombros, parecia que guardar aquilo pra mim, guardar meu medo, só me machucava, e de fato, era o que acontecia.
Quando percebi, eu não aguentava mais segurar e contei para minha mãe na casa do meu avô, enquanto a gente olhava o computador, por sorte todo mundo estava concentrado na conversa na sala de baixo, então pude falar para ela e chorei demais - nossa senhora, como chorei! -. Quando converso com minha mãe, ela não lembra desse dia, ela lembra do dia seguinte, em que conversamos sobre isso no banho. Depois veio a minha irmã e esse ano, meu pai.
Não vou dizer que foi fácil, porque não foi e não é perante uma sociedade que enfia na nossa cabeça, dia após dia, que o que somos é errado e degradante e somos doentes. Ter me aceitado não foi um processo simples e do dia pra noite, levou alguns aninhos (mais precisamente três), mas aqui estamos. Hoje sou orgulhoso de dizer que não é uma vergonha o que sou, que me descobrir só me trouxe coisa boa, mesmo quando eram negativas. Tenho orgulho de dia após dia minha existência por si só ser uma revolução, tenho orgulho porque quando iniciei a procurar respostas para minhas perguntas, eu achei tantas pessoas semelhantes a mim ou completamente diferentes que me ensinaram tanto; tenho orgulho de saber que ser quem eu sou é o que me ensinou mais do que tudo sobre empatia; tenho orgulho de tudo que me aconteceu, meu amigos, minha vida, meu conhecimento... Espero que você também tenha.
Me deixa eu te contar uma coisinha, mesmo que já saiba ou não - sempre bom lembrar, sempre bom ter outras pessoas para te lembrar disso -: você não é doente, não é uma escolha. Você é incrível e não tem que se sentir envergonhado porque você é quem é, seja gay, lésbica, bissexual, assexual, pansexual, polissexual, trans binário ou não-binário. Eu sei que demora para a ficha cair que não há nada de errado com você, mas quando isso acontecer, você vai se sentir muito bem, porque você é quem é, e ninguém pode te julgar ou maltratar por isso.
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