Até esses dias, Nimona estava sozinha na minha lista de HQs-fofinhas-que-tem-muito-a-ver-com-nossa-geração. NÃO MAIS! Na carência por uma história mais descontraída que as de super-heróis tradicionais, achei essa pérola chamada Patsy Walker A.K.A. Hellcat!, que mal conheço e JÁ VIREI FÃ. 

Mesmo que a imagem lá em cima e o nome da HQ não te lembrem de nada, você provavelmente já conhece a Patsy dessa série maravilhosa aqui:

"Homens e poder. Sério, é uma doença". (Ela mesma, a Trish de Jessica Jones!!!!!)

Mas apesar de ser a mesma personagem, a associação é bem remota: em vez de uma radialista tentando ajudar a irmã, na HQ a Patsy tá mais pra uma jovem adulta largada na cidade grande com a grande missão de...: sobreviver. Se der, fazer isso com um mínimo de realização pessoal.

O melhor de PWAH! (além dessa sigla maravilhosa por si só) é como ela fala sobre a vida adulta não ser o mar de rosas que a gente sonha quando é mais jovem. O choque de realidade ao chegar no começo dos vinte e os projetos pessoais não darem certo tão fácil ou rapidamente quanto a gente esperava, sabe? Inclusive, as maiores emergências da Patsy nesse primeiro volume: 1- lidar com o emprego bosta; 2- achar lugar pra morar e 3- se livrar de uma infestação de insetos no prédio.

É até engraçado porque essa proposta se reflete no próprio título. Enquanto a primeira temporada de Jessica Jones originalmente se chamava A.K.A.: Jessica Jones (A.K.A. = do inglês also known as, ou também conhecida como), e fala muito sobre a heroína lutar contra a imagem de heroína que todo mundo espera dela, em Patsy Walker A.K.A. Hellcat! o nome de verdade é o que vem antes. Ela é uma pessoa primeiro e uma super-heroína depois. 

Por isso, quando aparecem elementos da Hellcat (ou Felina), a super-heroína, eles são pra servir à história da Patsy enquanto pessoa. She-Hulk? Patroa facilmente irritável da Patsy. Dr. Estranho? Com certeza tem um feitiço muito louco pra ajudar com os insetos. E a lista continua.

Tem até esse momento ótimo em que a Patsy para de lutar com o vilão quando ele faz uma referência à Wicked e eles param pra discutir sobre a peça na praça. PRIORIDADES:

E essa é só uma das muitas referências à cultura pop e até à cultura de fãs de HQs, já que a Patsy é dentro e fora da história uma personagem de HQ antiga, propriedade da Marvel (antes de ser Marvel mesmo, olha a capa aqui embaixo). Essa metalinguagem acaba aparecendo na história como outro drama com o qual ela precisa lidar, já que uma antiga inimiga está republicando as revistinhas todas (que a Patsy ODEIA) sem sua permissão.

É claro que, sendo uma HQ da Marvel, a gente espera um supervilão em algum momento. Mas a que aparece aqui é uma grande ameaça não por poder destruir o mundo, mas, sim, atrapalhar o empreendimento pessoal da Patsy pra ajudar pessoas com superpoderes. LITERALMENTE É UMA JOVEM TENTANDO ABRIR UMA MICROEMPRESA E LUTANDO CONTRA NEGÓCIOS MAIORES QUE O DELA PRA TENTAR ENTRAR NO MERCADO.  

De bônus, ainda tem uma seção no fim de cada edição, como aquelas de editoriais de HQs mais antigas (tipo a carta de leitores da Turma da Mônica), especialmente pras pessoas falarem sobre a Patsy e mandarem fotos dos seus gatos. E as autoras respondem as pessoas! Taí algo que devia acontecer mais.

Eu só amo essa HQ. É divertidíssima, e parece com aqueles quadrinhos do tumblr feitos com todo o amor possível por uma pessoa só. Só que aqui tá numa editora grande, que consegue dar suporte ao produto e emprestar um monte de personagens que a gente ama. Patsy Walker A.K.A. Hellcat! é aquela leitura bem despretensiosa, que passa longe de mudar sua vida, mas transforma seu humor pelo resto do dia fácil, fácil. 

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