CCEscrita clube de escrita

Clube de escrita: encarando o problema real

16.4.17Isabelle Fernandes


No capítulo anterior....

Bells estava desesperada porque não conseguia escrever e declara no fim do ultimo Clube de escrita que "De toda forma, ESSA SEMANA SERÁ DIFERENTE. Vou me programar, me organizar e passar a escrever todo dia nem que sejam apenas míseras 200 palavras. Como diria Kleber Bambam: TÁ SAINDO DA JAULA O MONSTRO."

Infelizmente não aconteceu HAHAHAHAHHA

Foi bem o inverso disso: não escrevi nada e pensei realmente que tava tudo acabado pra mim: camp nano e escrita. Porém refleti bastante e cheguei a algumas conclusões que explicam o que diabos está acontecendo e como posso enfrentar o problema real.

Em todas as vezes em que eu abri o arquivo em word com a minha história, o que era todos os dias, eu sentia um desânimo extremo. Daí eu corria pra procrastinar o máximo possível até que me sentia culpada o suficiente pra ir escrever e quando eu relia pra me situar onde tinha parado, me vinha a sensação de que:

1 - o que eu tava escrevendo era desnecessário
2 - TAVA MUITO RUIM

Porém com eles eu já tô acostumada. Eu sei que vez ou outra vão aparecer, e aparecem pra todo mundo, incluindo autores fodões. No fundo eu sabia que eu tava ambientando a história, então não era inútil, e que se tava mesmo muito ruim eu poderia melhorar depois. Então eu escrevia até chegar num ponto em que travava ou até acabar o meu tempo e adeus. O que me assustava mesmo era o DESÂNIMO. Não tinha vontade, não tinha empolgação. Escrever tinha virado uma obrigação chata tipo uma monografia.

Foi aí que o alerta vermelho soou.


Eu não conseguia acreditar que tava mesmo tudo acabado. A história ainda tá viva na minha cabeça e a cena da qual eu estava me aproximando parecia quase real. Eu podia ver minha personagem, a Katie, num terraço durante o fim de uma tarde, a luz dourada iluminando a paisagem e o vento frio sacudindo o cabelo dela. Eu podia sentir o vento frio. NÃO PODIA ESTAR TUDO ACABADO. Eis que Dana veio comentar sobre o meu último clube de escrita, inclusive li o batdrama dela que falava JUSTAMENTE SOBRE ISSO, no dia seguinte eu fui refletir enquanto lavava louça (melhor momento, só perde pro chuveiro) e aí comecei a desenrolar a teia.

Primeiro me fiz a pergunta crucial: por que eu estava escrevendo? Por que tava investindo no nano, por que era importante pra mim?

PORQUE EU AMO ESCREVER.
PORQUE EU AMO PRA CARALHO A MINHA HISTÓRIA E MEUS PERSONAGENS PRECISAM VIVER EM OUTROS LUGARES ALÉM DA MINHA CABEÇA.
PORQUE É DELICIOSAMENTE DIVERTIDO

Ok, beleza. Então por que eu não estava escrevendo?


Por uma coisa simples: porque escrever dá trabalho, exige esforço e dificilmente traz satisfação imediata. Você só colhe os frutos disso lá na frente. Enquanto isso eu tenho ao meu dispor livros e o maldito the sims capazes de trazer satisfação imediata. E uma coisa muito importante de se entender sobre o nosso cérebro é que ele é movido a recompensa e satisfação. Se você se acostuma a conseguir satisfação de forma rápida, logo você acaba desistindo de atividades que demorem mais do que a outra pra trazer isso. Então quanto mais esforço uma atividade demandar pra trazer recompensa, menos atraente ela vai ser, e mais você vai evitar. É claro que se você aprende que se esforçando em uma atividade você pode conseguir uma satisfação a longo prazo maior do que a que você teria fazendo algo imediatista, você quebra esse ciclo. 

O meu desafio é esse: quebrar o ciclo

É um processo longo e com certeza não vou vencer isso a tempo pro camp nano de abril, mas vou continuar mesmo assim batendo a cabeça no teclado todos os dias, abrir a história e ver se espremo alguma coisa, só que dessa vez sendo mais gentil comigo mesma. Posso escrever lixo, posso escrever cenas que tenham nada a ver com nada, mas só o fato de eu estar escrevendo ao invés de fazer qualquer outra coisa já vai ser importante. Quem sabe assim, sem tanta pressão, a parte do "deliciosamente divertido" não volta a dar as caras?

Oremos.


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