Em 2009, eu estava no terceiro ano do ensino médio. Fazia técnico em informática, e pra se formar você tinha um estágio de 200, 200 e poucas horas pra fazer, que eu cumpri no segundo semestre desse ano. Lá, eu conheci um menino chamado Johnathan (muito engraçado e bacana por sinal, um abraço, Pônei.)
"Tá, mas e por que raios você tá me falando do seu amigo do estágio???"
Porque, caro amiguinhe, foi o Jonhathan que me passou os pdfs da série que iria mudar minha vida: Percy Jackson e os Olimpianos.
(Intrínseca, eu juro que comprei os livros depois, tá bem? Então tá bem)
Ele me falou sobre uma série de mitologia grega que era engraçada (e se eu não me engano falou dos shipps também, não resisto a shipp) e comecei a ler o primeiro. Depois o segundo. O terceiro. Daí já tinha acabado o quarto e eu tava MEU DEUS EU PRECISO DE MAIS.
Aí ele me mostrou um site de um fã clube chamado Olimpianos RJ*. Era novo, porque os livros ainda estavam começando a aparecer no Brasil. Era tudo organizado, você tinha que se cadastrar num formulário dizendo quem era seu pai ou mãe olimpiano, colocar dados de contato, endereço e tudo o mais.
*Único fã-clube brasileiro reconhecido pelo Rick Riordan, inclusive com fotinho de evento postada no blog dele, dois beijos
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Todo mundo feliz antes da estreia de Ladrão de Raios (antes de saber a bosta de adaptação que ia ser, mas ok) |
Dia de Camp Day. Sim, a gente tinha o Minotauro. |
Tinha também eventos com piqueniques e brincadeiras, como quiz (ainda farei uma camisa com "Quiz da Lee: eu sobrevivi") e caça à bandeira (camisas foram rasgadas, partes do corpo foram feridas e famílias foram assustadas pela correria na Quinta da Boa Vista). Uma vez por ano tinha o Camp Day, que era uma competição entre os chalés (os filhos de determinado deus). Cada um usava a cor do seu pai/mãe olimpiano, tinha torcida, tudo contava ponto, se todo mundo tava usando a mesma cor, se o chalé não deixava lixo espalhado, se a torcida era animada, e claro, as brincadeiras contavam ponto também.
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Chalé de Atena (também conhecido como: MEUS IRMÃOS e da Taiany também <3) |
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Chalé de Poseidon (óia a Bells ali, líder lacradora) |
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Chalé de Hades (HADES RULEIA HADES NA VEIA, nunca esquecerei) |
Os eventos normalmente aconteciam aos domingos, na Quinta da Boa Vista, faça chuva ou faça sol. Literalmente. Eu lembro de um sábado muito chuvoso que eu estava com a minha mãe e umas amigas dela. Eu fui fazer docinho azul (já chego lá) pra levar. Perguntaram pra minha mãe se eu ia em algum aniversário. Ela disse que eu ia pra QBV. As mulheres olharam pra chuva, olharam pra mim e fizeram uma cara de "...okay". Foi hilário HHHAHAHAHAHHAHAHAHAHAH (Pessoas tinham seus corpinhos oferecidos à Apolo e faziam a chuva parar. Só quem viveu sabe que aconteceu de verdade.)
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THIS IS SPARTA (também conhecido como Caça à Bandeira) |
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Olha a gente em dia de chuva aí. |
Como o Percy adorava comer comida azul, e a mãe dele sempre fazia, nós também fazíamos o possível pra comer comida azul. Bolo azul, docinho azul, refrigerante de limão com corante azul, era tudo lindo. Alguns desastres aconteciam no meio do caminho (QUEM LEMBRA DO PÃO DE QUEIJO CINZA, GENTE?), mas tudo bem, nem tudo dá pra colocar um corante azul e ficar com uma cara comestível.
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Essas comidinhas aí tavam com cara boa (era regado o negócio, tá pensando o quê?) |
Quando surgiu a segunda saga, Os Heróis do Olimpo, as coisas ficaram mais interessantes. Como apareceram os deuses romanos, mais militarizados (e mais chatos, na minha opinião q) teve uma galera que começou a se declarar filhos deles (pessoal que era de Zeus falava que era de Saturno; quem era de Hades, Plutão e assim vai). Aí surgiu o evento Gregos vs Romanos, uma competição entre os descendentes dos dois povos.
Também nessa mesma época surgiram as Amazonas na segunda saga. O chalé 8 (Ártemis) já se considerava Caçadoras, ou seja, juraram lealdade à deusa e não se relacionavam com homens. Já as Amazonas eram completamente o contrário, elas chutavam a porta, botavam a cara a tapa, usavam e abusavam dos homens e depois jogavam fora. Aí surgiu um grupo das Amazonas no fã-clube, não pra competir nos eventos mas era a ideia de um grupo de apoio entre amigas, onde a gente podia falar o que quisesse e tirar dúvidas do que fosse.
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Amazonas divando em 2013. |
(Aí surgiram também os Espartanos, uma tentativa flop de nos imitar, mas boo, não merecem mais do que uma frase sobre eles #POLÊMICA)
Entrei no fã clube em novembro de 2009, um mês depois da sua criação. Mas meu primeiro evento foi só em outubro de 2010, no aniversário de um ano (minha mãe tinha problemas em me deixar ir encontrar pessoas da internet, ela achava que eu ia perder meus órgãos e desaparecer).
Tínhamos um chat no msn, o "This is a pen" (só quem é fã vai entender a referência). Conversávamos por horas e horas, cada um com seu nick característico (nunca vou esquecer de "Shah com biscoitos"). Quando consegui conhecer pessoalmente meus amigos virtuais, foi incrível. Todo evento a gente sempre ia correndo abraçar quem vinha chegando.
Esse dia foi incrível porque foi o dia que eu conheci meu irmão preferido (aqui rola favoritismo mesmo, sorry not sorry HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH). |
Em 2012, eu entrei pro conselho do chalé de Atena (que eram as pessoinhas que ajudava o líder a organizar torcida e as coisas pro Camp Day e pros eventos que tinham divisões de chalé). Depois do Camp Day de 2013 eu virei líder do chalé. Então era minha função ver coisas de cadastro, se todo mundo que estava no grupo de Atena no facebook estava realmente cadastrado no fã-clube (spoiler: era trabalhoso demais fazer isso), e empolgar os irmãos pros eventos e competições.
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Empolgar pra fazer coisas desse tipo |
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As asas dessa coruja com olhos vermelhos se mexiam de verdade. TÁ PENSANDO O QUE, AQUI É FILHO DA SABEDORIA, RAPÁ. |
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Nós também criávamos camisas temáticas dos deuses pro Camp Day. |
Isso ajudou demais na minha vida como um todo. De verdade. Antes do ORJ, eu nunca iria ter puxado assunto com pessoas que nunca vi na minha vida, nem me oferecer pra liderar alguma coisa. No Camp Day de 2014, antes da gente ir pro local do evento, eu estava ajudando a organizar e treinar mais de 30 pessoas. Eu chegava na frente de todo mundo, falava, e era natural. Não tremia, não suava, não gaguejava. E a partir dali, eu consegui levar isso pra minha vida fora do ORJ.
Quando eu travava, eu costumava falar que eu precisava ser mais a Carol do ORJ. Porque era verdade: além de eu ser mais desenvolta, mais comunicativa, eu podia ser eu mesma. Sem problemas, sem achar que iam me achar estranha, sem ouvir um "pára de palhaçada, fica quieta".
Já cantei rock alternativo, performei High School Musical e fiz paródia de música da Ke$ha. Gravei uma paródia de "Meninas Malvadas", mas com Atena, Medusa e até Jesus Cristo fazia uma participação. Me agarrei num pedaço de cabo de vassoura (porque a bandeira em si já tinha se perdido há muito) com 5 pessoas. Vi pessoas caindo no lago (de propósito ou não). Fiz piquenique na chuva. Rolei na grama. Corri metade da Quinta da Boa Vista (ou até mais) procurando pistas pra ganhar brincadeiras. Tratei meus amigos de Atena como "irmãos", e os trato assim até hoje, mesmo que o fã-clube tenha acabado.
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Eu tendo meu momento Quentin Tarantino filmando Jesus Cristo. |
Basicamente uns 80% do meu círculo social hoje em dia é composto de amigos do fã-clube ou que conheci por pessoas dele. Eu não imagino como seria minha vida se não tivesse rolado o ORJ na minha vida. Aliás, fun fact::: se não fosse o ORJ, o ConversaCult também não existiria. A Dana e o Paulo (meus irmãos de Atena, aliás) se conheceram no fã-clube e conversaram sobre criar o blog e chamaram mais pessoas.
Então, se você está lendo o blog nesse exato momento, isso só aconteceu porque um dia Rick Riordan decidiu escrever sobre um semideus disléxico e com TDAH e porque uma menina da Freguesia se reuniu com os amigos um dia e resolveu criar um fã-clube pra aqueles livros bacanas.
Obrigado a você, Rick, e a você, Shah. Sem vocês minha vida teria tomado um rumo completamente diferente. E sem vocês eu não teria a família que eu tenho hoje.
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3 comentários
Carol, como eu já falei pra você, eu chorei lendo. Passou um filme diante de mim, tantas lembranças, tantos amigos que fiz, tantas histórias. Em pensar que eu conheci o ORJ no nascimento, mas só fui me juntar a ele anos depois, e nem por isso as emoções foram menores. Fui recebido de braços abertos,reconhecida como da família e até hoje me surpreendo com as pessoas achando que eu sou das antigas q
ResponderExcluirDefinitivamente eu virei uma pessoas melhor depois de conhecer meu irmãos, e como é maravilhoso ser aceito com nossos defeitos (que as vezes são péssimos mesmo) esquisitices, nossos tudo que faz com que sejamos como somos, e ali, eu percebi que era essa a Taiany que meus irmãos amavam, não a Taiany perfeita que eu achava que tinha que ser.
Obrigada Carol, por me permitir relembrar tudo isso. Obrigada ORJ por também ter me dado uma família, Obrigada cada membro do chalé de Atena, vocês são incríveis e eu amo vocês.
Sensacional!
ResponderExcluirIrmão preferido é �� sabia disso não hahahah
2009 foi um ano muito louco! Pq eu não conhecia ninguém pessoalmente e só no ano seguinte eu fui descobrir que a maah era a Mayara, que eu já conhecia pessoalmente há algum tempo...
Sem falar na ajuda que o fã clube me deu à superar a depressão.
As responsabilidades de ter sido o segundo líder do chalé(oficialmente o 3 mas a primeira não conta) e por ter sido vice-lider da bia!
Ter encontrado meu caminho... E àquele garoto perdido, hoje é um designer gráfico formado e especialista em web.
Entre muitas emoções e sensações...
Eu resumo em um: MUITO OBRIGADO.
EU TO NO CHÃO
ResponderExcluirsó sinto sdd, ORJ me salvou SIM