clube de escrita Dana Martins

Clube de Escrita: Por que você escreve?

11.12.16Dana Martins


Eu escrevi sobre vencer o NaNoWriMo 2016 e por que eu decidi escrever 30 mil palavras em 2 dias. Essa é a terceira razão. Vamos fazer uma pausa e conversar por 1 segundinho.

Quanto mais eu escrevo, mais eu percebo que escrever não é escrever, no sentido de sentar e começar a colocar palavras no papel. Escrever envolve pensar no que escrever, a resistência pra criar o hábito de colocar palavras no papel diariamente e, entre muitas outras coisas, uma espécie de longa e profunda conversa com você mesmo sobre por que você está fazendo tudo isso. É claro que você pode só fazer quando der vontade por diversão, ótimo. Mas quando você para pra pensar no por que você tá escrevendo, você ganha a possibilidade de decidir o que fazer para chegar até onde você quer.


Exemplo simples: Você tá escrevendo porque quer terminar um livro. Pronto, tá aí. 

Não tô falando de uma Grande Razão Existencial, mas de um objetivo. 

Eu... eu escrevo pra terminar as minhas histórias, mas eu termino minhas histórias por outras razões.

A primeira vez que eu participei do Nano, eu nem lembro qual foi a razão. HUAHUAH Acho que eu tinha uma história e eu queria terminar, o Nano era um desafio legal e fui em frente. (acabou que nunca nem terminei a história, comecei outra só pra participar do Nano HUAHAUH) (gente, eu escrevi um jogos vorazes com super-heróis, e passei novembro me divertindo pra descobrir quem ia ganhar. acho que na escrita vale tudo, se satisfaz o que você tá buscando) Completar as 50 mil palavras me fez ver que eu conseguia escrever. Aí eu decidi que eu queria fazer isso, nem que seja um mês por ano. Por que não, né? 

Por fora, eu vi alguns concursos de contos, e como eram menores e tinha data final, por que não fazer isso também? Essas histórias eu consegui terminar, mas não fui selecionada para nenhum.

Aí fui vendo que eu tinha alguns (muitos, vários HUAHHA) problemas. Um deles era que escrever histórias, por mais que eu gostasse, era bem diferente de escrever posts como esse. Eu posso escrever 15 posts num mês pra o ConversaCult de boa - isso só os editados e publicados. Sei lá, eu às vezes sou tomada por UMA VONTADE DE ESCREVER e aí eu sento e escrevo sobre um assunto. Mas escrever história era como pegar uma pá e ir pra baixo do sol cavar terra. 

Então, eu queria desenvolver essa vontade/facilidade de escrever histórias também. Era /por isso que eu escrevia. E... eu consegui.



Agora eu não preciso mais do NaNo pra sentar todo dia e "bater a minha meta diária". Levou anos, e eu nem sabia que era possível, mas aqui estamos. Muito disso graças à minha "redescoberta" de fanfics em 2015 e meus mil headcanons Clexa. Aprender a ver escrita como diversão, e encontrar aquela vontadezinha de ver uma cena/história acontecer é muito bom. Mesmo que eu tenha começado 50 histórias e terminado 2. De qualquer forma, Codes é uma das minhas coisas preferidas que eu já escrevi até aqui, não porque seja bom, eu sei lá, mas porque é uma história completa e de algum modo mais certa do que todas as anteriores. 

Meu próximo objetivo é "dominar" histórias. Ok, eu consigo escrever sempre e tenho vontade. Mas como é contar uma história completa, e ela ser boa? Eu ainda estou descobrindo o que isso significa exatamente. O que eu estou buscando é uma sensação de dominar mesmo, de saber de manipular, de entender um pouco melhor o que eu tô fazendo e poder trabalhar em cima disso. Eu quero chegar e dizer "quero contar uma história" e aí conseguir contar essa maldita história. 

Fico pensando e quanto mais eu escrevo, mais escrever se torna um ato consciente, que eu domino, e menos algo que eu só faço de qualquer jeito e sobrevivo às leis da sorte. 90% do que eu faço ainda é sem ter a menor ideia, e acho que vai ser sempre assim, mas eu já tenho um domínio melhor sobre as coisas. E eu quero que isso aumente, pra eu poder escrever melhor.

Aliás, eu quero escrever melhor. Eu quero criar cenas interessantes. E narrativas completas. E descrições que passem sentimentos. Eu quero escrever histórias que você lê sem saber que está lendo. Eu quero fazer existir mundos e possibilidades de qualidade, que antes não existiam. Sabe, tipo, quando você olha e pensa PQP EU QUERIA UM FILME DA VIÚVA NEGRA OU DE UMA SUPER-HEROÍNA E QUERIA QUE FOSSE FODA? Eu quero ser capaz de escrever esse filme. 

Então, como eu chego até lá? Não faço ideia. Mas é escrevendo, principalmente terminando as minhas histórias. 

Tipo, algo que eu tenho aprendido é que terminar a história é muito importante, porque você passa (ou seja, treina) todas as partes do processo de escrita. Teve a ideia, escreveu tudo, planejou, editou tudo. Além disso, ter uma história finalizada te dá uma base pra olhar pra trás e pensar em como melhorar da próxima vez. A cada história eu penso "ok, mas faltou isso" e na próxima eu melhoro. E a edição... a edição é um lento trabalho de pensar em como pegar uma ideia e escrever melhor, e como costuma ser a última parte (a que eu menos treino), a cada vez tenho uns aprendizados valiosos que já aparecem naturalmente na escrita dos próximos rascunhos.

Pra ser sincera, eu não acho que eu chegue a algum lugar, porque eu não acho que escrita tenha um ponto de chegada. De modo geral, cada escrita é meio parecida, eu tô sempre resolvendo um problema, tentando melhorar algo, enfrentando ondas de insegurança e bloqueios. Só que eles mudam. E... usando uma metáfora. É como se escrever fosse viajar no mar. Ondas gigantes, tempestates, monstros marinhos e dias de sol e escassez de comida à deriva. Isso não muda, a diferença é você. No início você está nadando igual a um náufrago, e aí você encontra um barquinho a remo e daqui a pouco uma jangada. O mar nunca vai ser fácil, mas a sua capacidade de navegar pode melhorar.

E com todo ~atraso~ que eu tive esse ano, eu tô correndo atrás. Eu quero ir em frente, mas eu tenho algumas histórias que eu quero contar, e tudo o que falta é escrever. Eu não preciso do NaNoWriMo, porque eu posso escrever 50 mil palavras e até mais em qualquer mês do ano. Só que 2016 está acabando, e se eu não adiantasse a escrita em novembro pra editar em dezembro, ia tudo ficar pra 2017. E eu não quero isso.

Então, considerando tudo, valia a pena correr atrás e escrever essas 50 mil palavras em 6 dias.



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