Nunca gostei desse contexto futurístico que envolve robôs, definitivamente não é a minha praia. Entretanto, desde que li "As Cavernas de Aço", também de Asimov, tenho conseguido desconstruir essa má impressão do mundo dos robôs. Acho que isso acontece porque diferente do que sempre esbarro, ele lida mais com as ideias do que com conflitos diretos. Não suporto aquela algazarra de combate entre elemento A e elemento B, mas quando o autor brinca com as leis da robótica e te induz a questionar a existência de um robô, isso me fascina.
O motivo de eu ter pego "Eu, Robô" foi, confesso, porque o design que a Aleph fez ficou lindo demais. Tava lá de boa na tarde quando ele chegou, rolou amor a primeira vista. Já tinha lido um livro do Asimov que tinha gostado, pensei: "por que não?".
Antes de qualquer papo sobre essa ficção científica, vamos às leis da robótica segundo Asimov:
1ª - Um robô não pode ferir um ser humano ou, por ócio, permitir que um ser humano sofra algum mal;
2ª - Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei;
3ª - Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Lei.
O livro é uma compilação de nove contos que foram escritos aleatoriamente em um década pelo autor; onde mais tarde gerou um romance pondo cada história em ordem cronológica. Cada uma delas é guiada e embasada nas Três Leis da Robótica, brincando com os dilemas e trazendo discussão sobre a "consciência" dos robôs.
O enredo de cada narração se enlaça por retratar a evolução dos robôs criados pela empresa de robótica U.S. Robots & Mechanical Men entre os anos de 1996 e 2052. Acompanhamos de perto desde o robô empreguete até a criação de uma inteligência artificial capaz de criar máquinas que se teletransportam, aliás, não apenas a evolução robótica, mas também a mudança política, econômica e social do mundo.
Não vou falar de cada uma das histórias pra não estragar a emoção, porém, para ter uma noção, vou falar de "Andando em Círculos". Dois personagens, empregado da U.S. Robots & Mechanical Men, são enviados para uma planeta próximo para avaliar um modelo de robô. A máquina fica "bêbada" andando em círculos ao criar um conflito de força entre a segunda lei (que o manda ir) e a terceira lei (que o manda voltar). Ambos personagens estão correndo risco de vida e precisam solucionar esse problema, fazendo diversas teorias e tantos outros planos. Esse é uma das histórias mais simples, em outros temos até um robô capaz de ler mentes e vemos como no desenrolar esse "poder" se relaciona com a primeira lei.
Um dos personagens mais importantes é a Dra. Susan Calvin que, em quase toda história, traz o "lado subjetivo" dos robôs. Afinal, quem melhor que uma psicóloga roboticista pra entender a mente de um robô? Pra mim essa é um dos pontos mais fortes, não vemos as máquinas como simples "objetos" inúteis, há todo um complexo paradigma por trás daqueles crânios de aço.
É assim um dos livros sci-fi que você mais respeita. É um livro bastante agradável, a leitura corre em uma velocidade razoável, dá pra ler tanto num dia quanto numa semana.
Filme x livro: galerinha, esquece. O filme só se inspirou em um ponto do livro: o nome. Brincadeira, mas é sério. Por mais que o filme tenha clara influencia do livro, não é um filme do livro. O enredo é diferente, tem personagens que sequer existem no livro, a obra literária passa longe daquela realidade quase que distópica da produção cinematográfica.
Nota:
Nota 4. Bom, mas só isso: bom. |
Ficha Técnica:
- Autora: Isaac Asimov
- Editora: Aleph
Obrigada à editora Aleph por ter cedido o livro pra gente! =D
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Valentino Martins
1 comentários
Ai, adorei!
ResponderExcluirOEIeoieoie. Interessei, confesso. Essa psicóloga robótica e esse robozin que lê mentes *--*, amei.
Engraçado como as coisas chamam a nossa atenção... Cada pessoa se instiga através de alguma coisa específica. Acho bonitinho.
Congrats for ur post, my well.
Um kissu. <3