21 de outubro
CCHQ
Vamos celebrar porque hoje é DIA INTERNACIONAL DA MULHER-MARAVILHA
21.10.16João Pedro Gomes
Hoje, dia 21 de outubro, foi declarado o dia da Mulher-Maravilha (PELA ONU, vamos relembrar. Que também a declarou embaixadora honorária pela igualdade de gêneros).
“E daí?”. E daí que, apesar de todo o descaso, ela tá no pódio de super-heróis mais legais de todos os tempos. Vou explicar o porquê e te dar uns motivos pra gostar (ainda) mais dela.
Esses dias eu vi uma citação de alguém do mundo dos quadrinhos dizendo: “O Superman luta contra o mal. O Batman luta contra o crime. A Mulher-Maravilha luta contra a injustiça”. E apesar de não poder falar com muita propriedade sobre os dois primeiros, acho que a frase é um bom ponto de partida pra entender o que a Mulher-Maravilha representa.
O grande diferencial que ela tem em relação a outros heróis é que injustiça é uma coisa que praticamente não existe no mundo dela, mas mesmo assim ela abre mão de tudo pra viver no nosso e tentar deixá-lo um pouco mais justo.
Em outras palavras: ela não vem de um planeta que explodiu ou de uma cidade dominada pelo crime. Pelo contrário, ela vem de uma ilha utópica onde tudo dá certo, onde a ciência e a tecnologia são avançadas, onde não tem doença, onde não tem guerra, onde não tem sequer armas de fogo. Tudo se resolve com respeito e empatia e valores morais claros.
Então o heroísmo dela tem um caráter muito puro: mais do que condicionada a fazer o bem para proteger o seu lar, ela escolhe abandonar o seu lar para salvar um lugar totalmente desconhecido e novo. E apesar de isso estar a princípio relacionado à curiosidade que ela tem pelo mundo externo (já que ela só teve acesso à ilha durante todo seu tempo de vida — imagine nascer numa cidade pequena e nunca ter saído de lá), o fator escolha tem um papel muito importante na sua mitologia.
Em algumas versões ela se torna mortal ao sair da ilha, ou perde o direito de encontrar sua casa de volta. Ela literalmente sacrifica seu paraíso por nós, pois acredita que nosso mundo pode ser um pouco mais como o paraíso também. Ela não se importa que isso seja uma tarefa titânica, ou com quanta destruição nossa sociedade já causou (até mesmo para as amazonas, sua família, que sofreram todo tipo de violência nas mãos dos homens). Ela tem esperança e vai mesmo assim.
E é interessante ter uma super-heroína que carrega um legado vivo (e positivo) de toda sua sociedade nas costas. Se a Mulher-Maravilha é um ícone feminista, é porque ela vem de uma ilha só de mulheres onde o conceito de opressão por gênero nem sequer existe (ao menos não mais do que como algo superado há milênios). E o mesmo vale pra relacionamentos homossexuais/ homorromânticos, o que torna irracional o frenesi em torno da bissexualidade dela que ""anunciaram"" esses tempos. Da mesma forma, se ela sempre busca resolver os conflitos primeiramente pela paz e diálogo, é porque é a única forma que ela aprendeu a usar.
Aí fica a questão: como pode uma sociedade que sobreviveu lá da Grécia Antiga, tão pequena e isolada, ter evoluído tão mais do que nós? E o quão ridículas todas as injustiças do nosso mundo parecem aos olhos de uma personagem que nunca precisou confrontá-las?
Principalmente nas histórias de origem, é legal como esse choque cultural do momento em que ela chega no nosso mundo se torna nosso choque também. A gente se acostuma tanto com armas e destruição e violência e preconceito e resolver tudo na ameça que quase esquece o quão absurdas essas coisas são. Diana pega a verdade e joga na nossa cara, dizendo: “vocês estão fazendo tudo errado, vocês sabem disso, e não estão tentando tudo o que podem pra melhorar”.
Mas ela passa essa mensagem da forma mais gentil possível, pegando na nossa mão pra mostrar que tudo o que separa uma vida comum (como a dela na ilha) da vida de herói é a força de vontade. Não houve um grande evento que a obrigasse a fazer a escolha de ser "super": ela só decide que vai ser e pronto, aceita que vai precisar ir contra tudo e todos, inclusive sua mãe, pra salvar um mundo que dizem não valer a pena ser salvo.
Por isso, as histórias da Mulher-Maravilha me dão um tipo de esperança que nenhuma outra consegue: porque a maior parte das coisas incríveis que ela faz não precisa de superpoder pra ser feito. Só precisa de respeito mútuo, gentileza e bondade. E isso é algo que qualquer um de nós pode fazer.
A Mulher-Maravilha faz parecer óbvio o fato de que a gente pode criar um paraíso também.
"PENSE EM TODAS AS MARAVILHAS QUE PODEMOS FAZER Apoie o empoderamento de mulheres e meninas em todos os lugares" |
Essa é basicamente a simbologia por trás dela, aquele princípio maior que todo super-herói tem. Mas antes dessa discussão toda, só a história e a criação de mundo por trás dela já são tão originais em si sós que, sozinhos, dão margem pra um mundo de discussões e abordagens.
Você pode escolher olhar pelo lado da tradição grega (meu favorito), e ver todo tipo de criatura e semideus e deus no meio das histórias, contextualizados no mundo de hoje. Ver como aquela religião e sociedade tem aspectos que se perderam e que a gente deveria resgatar, e como aqueles princípios não tão bons assim (como a exclusão da mulher) são recontados sob novas perspectivas pra tornar algo mais inclusivo.
Você pode olhar pelo lado social das questões de gênero e sexualidade, que sempre aparecem de alguma forma nas histórias. Ou você pode até só ir atrás de uma história tradicional de super-heróis mesmo. Com uma super-heroína supercomplexa e cheia de conflitos fascinantes sobre guerra e paz, patriotismo e humanitarismo, sacrifício e abnegação.
AH!
Esse dia dedicado a ela veio meio tarde, mas é tão importante que acho que a gente tem mais é que celebrar mesmo. Porque não importa quem você seja ou o que esteja buscando numa história: a Mulher-Maravilha é uma super-heroína pra todos. E eu só espero que todo ano, no dia 21 de outubro, mais e mais pessoas percebam isso.
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