Baz Luhrmann
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A disco music e o hip-hop conversam como nunca antes em The Get Down, da Netflix
13.10.16Colaboradores CC
A série da Netflix fala do surgimento do hip-hop no subúrbio de Nova Iorque enquanto a metrópole é tomada pela disco fever, imortalizada em produções como a brasileira Dancin' Days (1978) e o blockbuster Nos embalos de sábado à noite (1977).
No último 12 de agosto, a Netflix liberou seis episódios de The Get Down, série produzida pelo serviço de streaming – e a mais cara até agora. A primeira impressão que temos é a de que misturaram Todo mundo odeia o Chris e Empire. De início, pensei: mais uma série que trata da indústria musical e do hip-hop. Ledo engano.
Confesso que estava muito decepcionado com a enrolação que se tornou Empire (de Lee Daniels, Preciosa, 2009) e demorei a assistir. Li maravilhas a respeito do seriado em posts e ouvi maravilhas em podcasts, e, por fim, resolvi dar uma chance.
Foi aí que descobri que "The Get Down" leva os nomes de Baz Luhrmann e Stephen Adly Guirgis, o primeiro famoso diretor responsável por Moulin Rouge! (2001). Já me animei um pouco mais, apesar da confusão que Baz fez em sua adaptação de O Grande Gatsby (2013), de Fitzgerald, clássico da literatura em língua inglesa.
Pôster promocional de The Get Down, produção original da Netflix |
Não se trata de um seriado musical em que se canta a cada emoção, mas se trata da visão do diretor para o surgimento do fenômeno hip-hop, que se dá nos anos 1970, no Bronx. Sua relação com as comunidades negra e latina é retratada na incrível imagem caótica de Luhrmann, que ora opta por cores pasteis, ora por cores quentes e bem, bem vivas, aliadas ao seu diálogo quase shakespeariano, e, logo, muito poético.
O hip-hop e o rap partem do incômodo dessas comunidades, totalmente desprotegidas após o fim do boom dos movimentos civis da década anterior, e esse grupo de pessoas encontra refúgio na composição de uma poesia rimada, cantada em festas, com uma base ao fundo produzida por um DJ. Ao seu lado, nascem e explodem o advento da disco music e o movimento pelos direitos da população LGBT, em palcos underground onde a disco rola solta, como antes de Stonewall.
O fenômeno causou furor mundo afora ao oferecer aos jovens daquela época um novo estilo de vida: liberte-se ao som de batidas em camadas produzidas em estúdio e seja feliz. Essa febre foi imortalizada em imagens como as de John Travolta (acompanhado da trilha pelos Bee Gees) e da brasileiríssima Sonia Braga, que lançaram moda ao usarem boca-de-sino, saltos altos e muito, muito brilho na pista de dança.
John Travolta e Sonia Braga, em Nos embalos de sábado à noite (1977) e Dancin' Days (1978), respectivamente |
A trilha sonora, antes de distribuição exclusiva da Apple Music (o iTunes), agora está disponível no Spotify, e nela temos a produção de Nile Rodgers (do quarteto disco Chic e famoso por produzir Like a Virgin, de Madonna) e a participação da diva Donna Summer e de contemporâneas como Janelle Monáe e Christina Aguilera.
As músicas originais são capazes de nos levar até aquela época, com as rimas de Zeke (Justice Smith), as pickups de Shaolin Fantastic (Shameik Moore) e o som da diva on the rise Mylene Cruz (Herizon Guardiola) e as suas Soul Madonnas (Yolanda, de Stefanée Martin e a ousada Regina, de Shyrley Rodriguez). Praticamente um bootleg comprado no porta-malas do "Perigo", em Bed Stuy. Antes de terminar, um último vídeo, dessa vez sobre o elenco da série.
Nota:
(Ah! A Netflix só liberou metade da temporada. O restante só em 2017.)
Espero que tenham gostado, meus queridos!
Solta o som e bota pra quebrar :-)
Beijo do Jhonatan Zati
5 conversinhas |
Espero que tenham gostado, meus queridos!
Solta o som e bota pra quebrar :-)
Beijo do Jhonatan Zati
Sobre o autor: bom, meu nome é Jhonatan (mas não é Johnny), estudo Letras desde 2013, tenho 21 anos e sou um apaixonado por artes, principalmente por música e literatura. Entrei pra facul com um propósito, mas agora eu acho que quero ser crítico, daqueles que assistem e leem as coisas pra dar nota, saca? No mais, sou viciado em tentar perceber um contexto histórico-social por trás de tudo. Arrisco uns poemas e é por meio deles que tento alçar voos antes inimagináveis. É isso, acho. Indeciso, questionador e um pouco blasé. Prazer! :-)
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2 comentários
the get down foi com certeza a melhor estreia do ano
ResponderExcluirNunca fiquei tão viciado numa série do Netflix, tudo é tão maravilhoso e interessante que foi praticamente impossível não assistir um episódio colado ao outro <3
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