Este era pra ter sido o primeiro post nessa participação do cc no Setembro Amarelo, mas eu estava sem estrutura emocional pra tal. Suicídio é algo em que eu já pensei muito (ainda planejei), e muitas pessoas ao meu redor - entre colegas e amigos muito próximos - também já pensaram/planejaram/tentaram de fato. Só que eu também sou psicóloga e sei bem de duas coisas:
1 - precisamos falar mais sobre suicídio e acabar com os tabus
2 - em todos os casos, há uma solução.
Se você for jogar no google o termo "suicídio no brasil e no mundo", vai encontrar mil matérias com informações da ONU e de associações brasileiras mostrando dados bem preocupantes. Só no Brasil em 2014 foram mais de 10.600 casos e no mundo a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida. E AINDA ASSIM, NÃO SE FALA SOBRE ISSO.
É claro que em livros e filmes vez ou outra o assunto é abordado, mas nem sempre da melhor forma (muitas vezes é até romantizado, creideuspai). Mas na mídia? Nos consultórios? Na família? Neca. E o pior de tudo é que assim como acontece com relação à saúde mental, o suicídio é cercado de tabus e preconceitos que acabam criando ideias totalmente erradas sobre ele. O primeiro e o mais comum é o clássico "isso é sinal de covardia, de fraqueza. PORQUE EU JÁ ENCAREI ISSO E AQUILO E TIVE FORÇA PRA...."
Antes de mais nada, as pessoas são diferentes. O que eu vejo como algo fácil de lidar pode ser extremamente complicado e terrível pra outra, então se basear nas suas vivências e jeito de ser pra julgar o comportamento de outros é extremamente ignorante e até mesmo cruel. Por favor, não faça isso. Sobre ser um sinal de fraqueza...na verdade é um sinal de intenso sofrimento. Quem pensa/tenta/comete suicídio se vê completamente sem saída, como se morrer fosse o único jeito de parar com a dor ou o sofrimento pelo qual essa pessoa tá passando. A sensação é que nada nunca vai melhorar, que não tem jeito algum e que se está lá no fundo de um poço e alguém te trancou lá dentro. Você pode gritar, espernear, arranhar que ninguém vai te ouvir. É desesperador.
Outra coisa que vemos por aí sobre suicídio é que se a pessoa fica falando que vai se matar ou que não aguenta mais, é porque ela só tá chamando atenção, que não se deve levar isso a sério. GENTE, NÃO.
Quem tá pensando em suicídio ou já tentou geralmente dá avisos sim. Até porque rola muito uma coisa chamada ambivalência: ao mesmo tempo em que morrer parece ser a única saída, também tem aquela esperançazinha (quase imperceptível às vezes) de que alguém repare e tente ajudar. Querer atenção não é algo negativo porque TODO MUNDO precisa de atenção, é uma coisa básica. Todo mundo precisa se sentir amado, seguro, cercado de pessoas em que possa confiar e geralmente nessas horas o que a pessoa sente é que ela não tem nada disso. Então esses pedidos de ajuda, essas declarações são tipo um letreiro de neon escrito "PELO AMOR DE DEUS AJUDA AQUI NÃO TÁ DANDO" ou uma forma de ver se alguém tá ligado e se importa.
Aí vem a pergunta: mas o que leva alguém a pensar em algo tão radical?
Na maioria das vezes, pessoas que tenham doenças como depressão, transtornos de ansiedade, transtorno bipolar e etc que não estão sendo tratadas ou então quando ela está em meio a um período de crise delas ficam mais suscetíveis ao suicídio, daí a importância do acompanhamento psicológico/psiquiátrico. Só que né, sabemos que nem todo mundo tem acesso a esses profissionais e ainda existe muito preconceito tanto com as doenças tanto quanto os profissionais, como se isso fosse "coisa de maluco", só "frescura" ou até mesmo crenças de que apenas a força de vontade da pessoa ou religiões serão o suficiente pra "curá-la". Doenças psicológicas são tão reais quanto as físicas e elas possuem tratamento.
Além disso, pessoas que vivam em sociedades com pressões específicas, que estejam passando por graves problemas financeiros, que sejam portadoras de doenças crônicas, que tenham vivenciado abusos físicos/sexuais/psicológicos e que estão dentro de minorias oprimidas como lgbt+, negros, mulheres e por aí vai também podem passar por um momento de crise e pensar no suicídio como a sua única alternativa. Mas é importante frisar que apesar de existirem grupos vulneráveis como os que eu citei, o suicídio é uma questão que pode atravessar absolutamente qualquer ser humano na face da terra, em qualquer época, não é uma exclusividade da nossa geração ou de determinadas sociedades.
Uma das estatísticas que me deixa muito triste é que de cada 10 casos de suicídio, 9 poderiam ter sido evitados. Por isso é muito importante entender que prevenir o suicídio é uma tarefa complexa que envolve políticas públicas, governo e profissionais, mas a gente pode fazer a nossa parte com as pessoas que nos cercam. Se você perceber que alguém está agindo diferente, anda afastado ou tem dito coisas que tem te preocupado, vá até ela. Pergunte se está tudo bem, se ela quer conversar, se ela precisa de alguma coisa ou simplesmente veja de passar um tempo com ela, isso pode fazer a maior diferença. E se essa pessoa decidir se abrir com você e desabafar, tenha em mente que ela precisa ser ouvida e se sentir acolhida. Não julgue ou fique dando mil conselhos a torto e a direito, apenas ouça e mostre que a vida dela é importante, que ela é importante. E claro, oriente essa pessoa a procurar ajuda profissional.
Essa cartilha aqui do CVV fala um pouco mais sobre o tema.
Aí vem a pergunta: mas o que leva alguém a pensar em algo tão radical?
Na maioria das vezes, pessoas que tenham doenças como depressão, transtornos de ansiedade, transtorno bipolar e etc que não estão sendo tratadas ou então quando ela está em meio a um período de crise delas ficam mais suscetíveis ao suicídio, daí a importância do acompanhamento psicológico/psiquiátrico. Só que né, sabemos que nem todo mundo tem acesso a esses profissionais e ainda existe muito preconceito tanto com as doenças tanto quanto os profissionais, como se isso fosse "coisa de maluco", só "frescura" ou até mesmo crenças de que apenas a força de vontade da pessoa ou religiões serão o suficiente pra "curá-la". Doenças psicológicas são tão reais quanto as físicas e elas possuem tratamento.
Além disso, pessoas que vivam em sociedades com pressões específicas, que estejam passando por graves problemas financeiros, que sejam portadoras de doenças crônicas, que tenham vivenciado abusos físicos/sexuais/psicológicos e que estão dentro de minorias oprimidas como lgbt+, negros, mulheres e por aí vai também podem passar por um momento de crise e pensar no suicídio como a sua única alternativa. Mas é importante frisar que apesar de existirem grupos vulneráveis como os que eu citei, o suicídio é uma questão que pode atravessar absolutamente qualquer ser humano na face da terra, em qualquer época, não é uma exclusividade da nossa geração ou de determinadas sociedades.
Uma das estatísticas que me deixa muito triste é que de cada 10 casos de suicídio, 9 poderiam ter sido evitados. Por isso é muito importante entender que prevenir o suicídio é uma tarefa complexa que envolve políticas públicas, governo e profissionais, mas a gente pode fazer a nossa parte com as pessoas que nos cercam. Se você perceber que alguém está agindo diferente, anda afastado ou tem dito coisas que tem te preocupado, vá até ela. Pergunte se está tudo bem, se ela quer conversar, se ela precisa de alguma coisa ou simplesmente veja de passar um tempo com ela, isso pode fazer a maior diferença. E se essa pessoa decidir se abrir com você e desabafar, tenha em mente que ela precisa ser ouvida e se sentir acolhida. Não julgue ou fique dando mil conselhos a torto e a direito, apenas ouça e mostre que a vida dela é importante, que ela é importante. E claro, oriente essa pessoa a procurar ajuda profissional.
"A felicidade pode ser encontrada até mesmo nas momentos mais escuros, só é preciso se lembrar de acender a luz" |
Essa cartilha aqui do CVV fala um pouco mais sobre o tema.
1 comentários
Bom texto...realmente a depressão é algo que incapacita apessoa de sentir gosto pela vida ou pelas ações em seu dia dia que outrora a fazia feliz.digo isso porque também já fui uma infeliz vitima dessa doença e sei bem como é excruciante passar por isso. Eeee impressionante e estarrecedor também saber que a maioria das pessoas não faz a minima ideia do que é a depressão e sim,faz MUITA DIFERENÇA alguém vir conversar com uma pessoa que esteja passando por isso. Otimo texto Isabele (perai deixa eu ver como se escreve)....Isabelle e espero por mais,ate.
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