Ariel Carvalho CCIndicação

Notas Brasileiras #12 - Júlia Vargas

17.8.16Ariel Carvalho



Chegamos ao 12º Notas Brasileiras! \ô/

Para comemorar, eu escolhi uma mulher mais do que especial para mim, a Júlia Vargas. Eu tive a ideia pro Notas Brasileiras, em parte, por causa dela, e mal via a hora de escrever sobre essa artista e pessoa maravilhosa.

Júlia Vargas é uma força da natureza no palco. Se você ouvir qualquer coisa dela em estúdio, vai achar que ela tem um vozeirão absurdo e que canta muito, e não está errado. Mas qualquer gravação não faz jus ao que ela é ao vivo. Já fui a sete shows da Júlia e, em todos eles, ela me faz rir e chorar. Rir porque ela tem um sorriso contagiante, e sua habilidade e paixão são tão contagiantes que te deixam feliz. Chorar porque ela canta com tanto amor que é quase impossível não se emocionar nas músicas mais tristes.

A cantora vem de uma família de músicos, e começou a cantar com a banda Nó Cego, de Rodrigo Garcia, quando era mais nova. Desde então, lançou cd, dvd, e entrou para a trupe do Porangareté. O Porangareté é um selo da gravadora Coqueiro Verde que lança alguns artistas da nova MPB. Além de lançarem um álbum com inéditas de Cássia Eller, também lançaram o primeiro trabalho de Chico Chico, seu filho, e estão se preparando para lançar o álbum do Posada.

Uma das coisas mais curiosas sobre Júlia é a pesquisa de ritmos africanos que realizou. Dessa pesquisa, surgiram canções no dialeto Xhosa, que ela canta com maestria (é muito legal ver a reação das pessoas ao ouvirem essas músicas pela primeira vez).


Ultimamente, Júlia tem feito vários shows pelo Rio de Janeiro com seu irmão, Ivo Vargas, no show Dois Varguinhas.

Onde ouvir? http://juliavargas.com.br/


O que ouvir? Talismã, Canoa Canoa, Desabafo.


Como você definiria sua música para alguém que nunca ouviu?

MPP: Música popular planetária! Também uma revisitação as raízes brasileiras e seus regionalismos, sua influência africana e indígena, como uma miscigenação musical.

Dentre as suas músicas, qual sua favorita?

Como sou intérprete, me aproprio das canções, o que no fim das contas pôde-se dizer que são minhas por cantar com propriedade, mas na verdade além de garimpos de canções tenho parcerias com vários compositores feras! Como Claos Mózi, Posada, Ivo Vargas, Cátia de França, Luhli... Mas das canções que gravei e fiz nos shows gosto muito de Desabafo, Uirapuru Blues, As horas e Minha vida é uma rede.


Uma dica: esse vídeo contém spoiler de um futuro Notas Brasileiras
 
Como você escolheu os músicos com quem tocar?

Rodrigo Garcia foi um grande parceiro nessa construção, sempre estivemos afinados em repertório e na escolha dos músicos que vieram muito também através da história musical dele, como Marcelo Bernardes, Durval Pereira, Marcos Suzano, Ary Dias, Jander Ribeiro, Alex Merlino entre outros. 

Como foi o processo de definir a sua identidade sonora?
Veio muito através dessa necessidade de mostrar um pouco da brasilidade fora do samba e da bossa, buscando essas raízes na música, houve também um reencontro comigo mesma e minhas origens, tenho descendência afro-brasileira o que me levou também a pesquisar musicas africanas pela obra de Miriam Makeba, e de conhecer um pouco mais da nossa cultura nordestina através da obra de Cátia de França e sua mistura de rock com essa pisada bem regional. E assim foi surgindo a sonoridade desse show e desse CD/DVD.


Uma lembrança querida da carreira?

Ter realizado o sonho de cantar e ser apadrinhada por Milton Nascimento.


Qual você acha que é a maior dificuldade do cenário musical brasileiro atualmente?  
O cenário independente está cada vez mais forte! Mas ainda há uma cultura no Brasil de uma desvalorização ao artista de qualquer espécie. Músicos e artistas de qualidade tem de monte! O que falta é lugar para receber esses artistas valorizando o trabalho deles, afinal de contas a arte salva! E tem muita gente que vive disso. A indústria fonográfica já é diferente nos dias de hoje, a mídia, a rádio, a televisão já não abrem as portas com tanta facilidade para os artistas independentes, é como se fosse um caminho inverso ao deles. Visto que a mídia hoje enfraqueceu por conta também de apostar em trabalhos mais comerciais e "vendáveis", o que eu não acho errado, mas sei que há espaço para todo o tipo de arte, e as pessoas querem e precisam também de música com consistência, porém no momento crítico político que estamos vivendo é quase que impossível que algo que faça pensar entre na programação da cultura de massa, mas a tentativa de furar esses bloqueios com uma música verdadeira e de qualidade ainda existe! E acredito que quando se faz com verdade não tem como dar errado, uma hora fura. (♥)

Uma banda nacional que você acha que todos deveriam ouvir?
Giras Gerais, Pietá, Posada e O Clã, 13.7, Amanda Chaves, Daíra Saboia, Ivo Vargas, Mantuano Trio, Claos Mózi, Marcos Mesmo.

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