Ariel Carvalho CCMúsica

Notas Brasileiras #9 - Charlotte Matou Um Cara

25.7.16Ariel Carvalho


Essa banda quem me indicou foi a Sabrina, amiga de um grupo no facebook, e eu adorei.


Já ouvi muitas bandas no estilo da Charlotte Matou Um Cara, mas nunca brasileiras. Elas são punk feministas, e ainda não têm um canal oficial para compartilhar as músicas, mas colocam vídeos tocando no Instagram e, só por eles, dá para ter uma boa noção do barulho que fazem.

Raivosas e maravilhosas, elas estão navegando por um caminho que ainda tem poucas bandas do gênero, e podem oferecer muito justamente por isso.

As meninas responderam às perguntas de sempre, olha aí.

Como você definiria sua música para alguém que nunca ouviu?
Punk rock cru, feminista, riot e raivoso.

Dentre as suas músicas, qual sua favorita?
Katharina: Homofóbico
Nina: Não aceito
Dea: Punk Mascuzinho
Dori: não aceito


Como a banda se juntou?
Dea: A ideia de montar a banda surgiu em um show das Mercenárias, quando eu estava deprimida e de coração partido e a Júlia estava bêbada. “Julia, quer saber? Vamo montá uma banda?” e ela topou. Já nos conhecíamos através do roller derby e chamamos a Nina (que também conhecemos através do derby) e a Dori e logo no primeiro ensaio a garota que seria baterista faltou e a Dori assumiu as baquetas. Também de cara percebemos que mais do que diversão, a gente queria mesmo era derrubar o patriarcado e ajudar a fortalecer a cena riot girl brasileira. Poucos meses depois, a Julia se mudou para a Califórnia para se dedicar a projetos pessoais e a Katharina assumiu o baixo.

Como foi o processo de definir a sua identidade sonora?
Desde o começo a ideia era tocar um punk cru com mensagens claras e riffs rápidos. Nossas músicas autorais abordam temas como machismo, homofobia, fascismo e nossos covers são em sua maioria de bandas femininas como Bulimia, Bikini Kill e Mercenárias. Também fazemos releituras de Valesca (com a letra adaptada) e Stooges (que na nossa versão vira I dont wanna be Your dog). Mas a gente acredita que essa identidade ainda está em construção, a banda ainda é nova, tem oito meses desde o primeiro ensaio. Existem princípios ideológicos dos quais não abrimos mão mas o som ainda pode evoluir, mudar, crescer, etc.


Uma lembrança querida da carreira?
Nosso primeiro show na festa das Ladies of Helltown, nossa liga de roller derby do coração. Não podíamos estrear de melhor forma.

Qual você acha que é a maior dificuldade do cenário musical brasileiro atualmente?
O machismo, as dificuldades de acesso do público a um som autoral por conta de dificuldades socioeconômicas – apenas 50% dos brasileiros tem acesso a internet por exemplo, maior meio de difusão de bandas independentes – ou mesmo por falta de interesse em bandas autorais, o monopólio das rádios pelas gravadoras, a falta $ e infraestrutura e as dificuldades enfrentadas pelos festivais independentes. 

Uma banda nacional que você acha que todos deveriam ouvir?
Putz, como é muito difícil eleger só uma, vamos dizer Charlotte Matou um Cara :)
A gente queria dedicar nosso voto, quer dizer, essa entrevista a nossa família, a nossa neta que está pra nascer, ao estado de Jerusalém e a deus. (Gente isso é ironia, por favor, a Charlotte não fecha com deputados golpistas, fascistas, racistas, homofóbicos e machistas. Não passarão! E fora Cunha!)


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