Cresci com Sandy. Ao contrário de hoje, nos anos 90 ser fã significava gravar na fita K-7 o show transmitido no rádio, comprar o LP (depois com a mudança de tecnologia, o CD) e ter pastas com todas as revistas que saiam com qualquer notinha sobre a vida do seu ídolo. No meu caso, como não tinha muita grana sobrando, não rolou pastas, mas o amor não era menor por causa disso. Nunca fui de ser loucamente apaixonada por um artista, mas confesso que sempre curti e admirei Sandy & Júnior (MELHORES REPRESENTANTES DA MÚSICA POP NACIONAL), e por isso o meu maior arrependimento em relação a eventos foi não ter ido ao show de despedida da dupla.
Quando a dupla se desfez em 2007, após uma carreira vitoriosa que durou 17 anos, minha relação com o pop nacional foi deixada de lado. Quem era Kelly Key, Rouge e companhia em frente de Britney, Christina e outras divas internacionais que chegavam a mim através da internet? Com a diminuição do mundo com a web, fui deixando a música pop brasileira de lado e me jogando no rock britânico, no pop e jazz americano, no reggaeton mexicano, no k-pop coreano, na música clássica chinesa e no que mais chegasse aos meus ouvidos e tocasse meu coração. De música brasileira hoje em dia, só dava atenção ao grandes: Gil, Djavan, Ivete, Caetano, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Fagner, Alcione e entre outros. Só de vez em quando pincelava alguém novo como, por exemplo, Jorge Vercilo e Maria Gadú. Foi só com a insistência de um grande amigo (beijos, David) que comecei a dar atenção ao que acontece no cenário nacional. Se não fosse a insistência do David, não faria ideia de quem é Anitta, Valesca, Paula Fernandes, Michel Teló e todos os outros que andam bombando nas rádios.
Confesso que acompanhei só de longe a carreira solo da filha de Xororó e que não me encantei nem um pouco pela simplicidade de “Manuscrito” (na época estava mais interessada em gospel). Os álbuns seguintes da cantora - “Sim” e “Princípios, Meios e Fins” - foram completamente ignorados, mas já que voltei a dar uma nova chance à música brasileira, nada mais justo que dar uma nova chance à Sandy, metade do meu primeiro amor musical. “Meu Canto”, segundo álbum ao vivo e DVD, é o que existe de mais sublime no cenário musical brasileiro.
“Meu Canto”, registro de show feito no Teatro Municipal de Niterói no final de 2015, conta no repertório cinco músicas inéditas e algumas canções dos álbuns “Sim”e “Manuscrito”, além de uma homenagem ao seu avô, Zé do Rancho, com a canção "Cantiga Por Luciana”, e duas canções do tempo em que a cantora fazia dupla com o irmão.
Cada uma das canções de “Meu Canto” parece ser uma página do meu diário (se eu tivesse um). De certa forma, é bastante óbvio que as letras de Sandy Leah reflitam minha história, assim como reflete a dela, pois nós duas temos quase a mesma idade (eu, 29 anos; ela, 33). É fácil me reconhecer em “Aquela dos 30”. “Sim”, “Escolho Você”e “Colidiu” são músicas que fogem do lirismo clássico de Sandy, com letras divertidas e base eletrônicas. Conhecida por sua voz aveludada e doce, beirando o enjoativo (ela é a típica soprano), Sandy faz muita gente a repudiar. Mas para os haters de plantão, indico ouvir o belíssimo dueto feito pela cantora e Gilberto Gil em “Olhos Meus” (os dois bem que poderiam virar uma dupla).
Todas as canções do álbum “Meu Canto” são uma excelente forma de conhecer a Sandy adulta, senhora de seu destino, mas é “Olhos Meus” que me fez resgatar a carteirinha do fã-clube. Se você ainda não ouviu, aproveita a playlist do Spotify e aperte play:
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Tiago Iorc
2 comentários
Menina, na minha adolescência, eu tinha uma birra da dupla, porque achava a Sandy super metida. (Na verdade, olhando hoje, eu era meio mongó naquela época, mas vamos abafar, hahaha.) Pior que quando era mais nova, eu até gostava das músicas... Anyways, aí depois que a dupla acabou, não lembro como nem porquê, fui assistir/ouvir aquele especial da MTV que eles fizeram E MEU DEUS QUE ARREPENDIMENTO DE NÃO TER IDO NO SHOW TAMBÉM! Tipo, eu conhecia, quase todas as músicas, e foi um show tão lindo... Minha família costumava brincar que eu queria ter ido só porque eles estavam se separando, hahaha. Mas nem era, acho que caiu a ficha que eu gostava deles, só não assumia porque era mongó (eu disse!).
ResponderExcluirVou aproveitar que estava procurando algo pra ouvir no Spotify e vou passear pela discografia da Sandy, se tiver por lá. Obrigada pela dica! (Quase passei batido por esse post, só cliquei porque achei a Sandy muito linda nessa foto, hahaha! Ainda continuo mongó!!!)
Música é um sentimento divino. E a música brasileira não fica nada distante dessa divindade.
ResponderExcluirFico muito feliz de fazer parte dessa mudança de pensamento e fico mais empolgado para conversarmos mais, já que o que tem me chegado de música nacional é muito mais do que tinha naquela época.
Precisamos sair e conversar sobre Jaloo, Criolo, Banda Uó, Thaeme & Thiago, NX, Selvagens, Plutão e muito mais. Sdds é muito feliz pela memória. SAUDADES!
P.S.: Esse comentário foi escrito ao som de "Respirar" e "Segredo". ;)