O acaso me presenteou, não conhecia a Lucy. Vou te falar, não sei o que foi melhor: o show ou conhecer o trabalho dela. Quando vi que teria show do José, não pensei duas vezes sobre ir. Porém, não conhecia o trabalho de Lucy. Baixei logo no Spotify as músicas dela pra conhecer o terreno e.. fiquei apaixonado. Parece que vivo numa trilha sonora de um cantinho rústico toda vez que escuto, seria meu sonho?! 

O show nem no dia estava e já estava grato por ele estar acontecendo. Gostei tanto de Lucy, que deixo aqui a promessa da coluna Para Quem Gosta de Música sobre ela. Queremos, queremos Lucy Rose!

Então, naquela noite gelada do dia 6, tempo que, por sinal, não poderia ser mais perfeito, Lucy Rose entra no palco sem cerimônia. Sozinha, como quem chega na sala da própria casa, pegou o violão e soltou a voz. Tímida e de caráter forte, Lucy foi fechamento top de linha. Conversou com o público entre sorrisos envergonhados e ofereceu suas músicas pra que escolhêssemos quais ela cantaria.

Com voz tão suave, Lucy me lembrou de Florence Welch. Parecem fadas, a presença delas é transcendental. Lucy resgata o amor pela música que há muito não vejo. Entre uma canção e outra, Rose conta sobre seus planos pra cantar gratuitamente, justamente pelo prazer de compartilhar a música. Outro motivo, como ela disse: "porque, afinal, nem todo mundo tem condição de pagar por shows". Essa mulher, eu mal conheço, mas já considero pacas.

José González entrou no palco com "Crosses" do álbum Veneer, seu debut, e perpassou o show com músicas dos seus três cd's. Tocando covers de Kylie Minogue, Barbarossa, Arthur Russel, Massive Attack, The Knife e Junip. (Junip foi um duo fomado por José e Tobias Winterkorn)

Se no Brasil tem, não sei, mas nunca vi um show folk-indie-ambiente por aqui. Foi a primeira vez que fui num show nesse estilo à la Kings of Convenience. É engraçado que me perguntava como seria um show assim, sempre pensei que deitaria e dormiria. Mas não, é claro que não é um show micareta da Ivete, mas é um show mais assistido. É um show pra ver, sentir e se jogar na melodia. 

Lembro que no show pensei: "osh, será que esse show tá chato?" porque rapidamente eu estava pensando em outra situação. Só que justamente, é a sensação da música, o sentimento que te leva pra outra dimensão. Você tá ali, assistindo e, sabe-se lá como, o show te leva numa viagem mental. Uma hora você tá imaginando uma casa no topo de uma montanha com seu amor e no momento seguinte você tá pensando sobre solidariedade. As músicas cheias de sons ambientes, trazem essa aura de acolhimento e imersão nos pensamentos de José.

Diria que foi um show rico. No palco a banda tocava diversos instrumentos que produziam os mais diversos e simples sons. Fiquei fascinado, o som era tão limpo, tão bom que eu até quero mais.

José não é bom de boca, não disse nada muito mais que um "obrigado". Porém, acredito que esse tipo de show seja exatamente sobre isso. Você ir, ver, aproveitar e fim. Não é lá um show pra te entreter, não é um show que vá pedir mais que um "obrigado". Teve um dado momento que alguém no meio do circo passou mal, ele parou a música e perguntou se tudo estava bem. Esse sinal de respeito reforçou a aura virtuosa do show. 

José González me surpreendeu e fascinou. Se você não o conhece, aqui tá a desculpa que precisava pra ir procurar o trabalho dele.

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