batDRAMA Dana Martins

Batdrama: A mulher que não quis levantar e aí mudou o mundo

2.5.16Dana Martins


obs: GENTE, NÃO TÔ FALANDO DE MIM NO TÍTULO NÃO. A CAPA FOI COINCIDÊNCIA E NÃO TEM NADA A VER. LÊ O TEXTO PRA SABER QUEM É A MULHER QUE NÃO QUIS LEVANTAR. 

Hoje foi... eu nem sei mais. Eu já tô duvidando da minha capacidade de parar e planejar as coisas, só viver e fazer é tão mais fácil. Não sei o que falar??? HUAHUAH vamos ver o que aconteceu essa semana.

Não preciso explicar minha cara na capa de um post meu, MAS a parada é que fui obrigada a tirar foto pra uns troços aí e NÃO SABIA O QUE FAZER COM ESSE BANDO DE CARA MINHA NO CELULAR. E também não tinha capa pra cá. Então.... 

Queria comentar que adoro que dependendo da luz eu fico loira (isso porque eu não pego sol...), porque eu adoro a ideia de que dependendo da perspectiva a pessoa muda. Meu cabelo é uma metáfora.




FINALMENTE DE VOLTA PRA ALGUMA CULTURA POP

Ainda não consigo assistir nenhuma série, até pensei, maaaaaas, não. Meu coração não tá forte o bastante pra tanta decepção.

Mas aí... O JOÃO ME FALOU QUE GOTHAM ACADEMY (ACADEMIA GOTHAM) LANÇOU NO BRASIL E COMO ASSIM. AINDA EXISTE ESPERANÇA NO MUNDO!!!!!!!!! SAÍ DE CASA SÓ PRA COMPRAR (agora me dei conta de que tem uma banca aqui na esquina de casa, mas EU FUI NO SHOPPING FAZER ISSO HAUHAUHA TANTO FAZ). Eu já tinha lido quase tudo, mas li o final e tô feliz. 

Uma foto publicada por ConversaCult (@conversacult) em

É 20 reais, vem as edições 1-6, então é uma boa pedida pra quem quer começar a ler. E nem é tão de super-heróis nem nada, é beeeem baseado em Harry Potter. É uma escola em Gotham meio gótica que tem umas coisas sinistras e boatos de fantasmas, e aí a protagonista e a irmã mais nova do ex-namorado dela começam a investigar. Além disso, tem algo meio sinistro no passado da protagonista. Apenas digo que: é legal. E ainda tem aparição do Batman.

Eu queria ter ido ver Capitão América, mas tudo lotado, então foda-se. 

TEVE O ÁLBUM DA BEYONCE LIMONADA ABENÇOADO AS MÚSICAS SÃO MARAVILHOSAS. Vou te falar, nunca tinha ouvido assim nenhum álbum dela, mas é maravilhoso. Daddy Lessons 👌👀👌👀👌👀👌👀👌👀




aí eu comecei a ler um livro. SIM, UM LIVRO. Eu lembro que eu tava meio mal??? Não sei, mas precisava de algo pra me afastar de tudo o que tava acontecendo um pouco e relaxar, aí comecei "O Poder dos Quietos" que é sobre pessoas introvertidas. Só relaxar com algo nada a ver com movimento, né?

O livro começa falando da Rosa Parks, uma mulher que se recusou a ceder o lugar no ônibus pra um branco. Isso lá por fota de 1960 quando nos Estados Unidos eles tinham aqueles troços de divisão racial, então tinha os assentos nos ônibus reservados só pra brancos, e se eles lotassem, os brancos podiam sentar nos das pessoas negras - que eram obrigadas a levantar. Só que aí nesse dia Rosa Parks tava já cansada dessa babaquice e disse: nope.

BOOM.

Hoje em dia não existe mais segregação racial (por leis desse jeito) nos Estados Unidos.

Ok, isso foi uma super-viagem no tempo. É que isso aconteceu em Montgomery, Alabama, e segundo livro foi assim:

Quando ela não quis levantar o motorista disse que ela ia ser presa.

Pausa pra comentário: imagina viver em uma realidade onde uma pessoa negra não quer dar espaço pra um branco no ônibus, e aí ELA PODE SER PRESA POR ISSO. Você consegue imaginar viver de um jeito assim? dica: sim, porque em parte você está vivendo nessa realidade :)

Enfim, aí no livro aqui tá esse diálogo.

- Você por fazer isso - disse Rosa Parks. (sobre o guarda prendê-la)

Um policial chega. Ele pergunta a Rosa por que ela não se levanta.
- Por que vocês nos humilham? - respondeu ela, simplesmente.
- Não sei - disse ele. - Mas a lei é a lei e você está presa.

Acho que esse "lei é a lei" não só é transmitido pra pessoas usando a lei como desculpa pra comportamentos opressores, mas também: quando alguém diz "ah, mas o mundo é assim". Bem, algo pode até ser comum, mas ser certo?


Aí Rosa foi levada, e isso levou a um protesto, que fortaleceu o movimento negro que já tava rolando lá e levou a um boicote de ônibus que durou um ano. O pessoal ia pra cima e pra baixo a pé mesmo.


E no livro tem esse trecho do discurso do Martin Luther King Jr.


Naquele momento isso foi demais pra mim, meu cérebro deu um mindfuck e eu apaguei em cima do livro. HUAHUAHA porque eu literalmente falei DEIXA EU VER AQUI UMA COISA MUITO ALEATÓRIA e aí... o livro começa com um momento simbólico que fez explodir as lutas contra leis segregacionistas nos EUA. (lembrando que história dos EUA e do Brasil são diferentes e lá eles mesmo em 1950 tinham ainda umas leis sinistras, tipo impedindo casamento interracial e essas dos ônibus. no Brasil tem muito racismo, mas acontece diferente.) 

A parte mais interessante é que nesse dia em específico eu tinha entrado numas conversas sobre o boicote a uma série que a gente tá fazendo, esses dias até recebi um comentário no meu outro blog dizendo "isso que vocês tão fazendo com a série é uma babaquice". Tipo... não??

Eu fico imaginando os branco idiota falando do boicote a ônibus naquela época "mas vai ter gente perdendo emprego por causa disso!!"

E eu nem dividi com o pessoal sobre isso da Rosa Parks, porque eu não quero me apropriar do movimento negro E nem dizer que é exatamente a mesma coisa, porque não é. Eles ainda tão lutando até hoje e o #blacklivesmatter e #oscarsowhite são dois exemplos de que ainda tem muita merda pra resolver. Só que ainda é uma grande inspiração. e curioso que eu fui saber disso logo agora em um livro aleatório.

Mas já que eu to aqui, deixa eu fazer um comentáriozinho:
1- Nos Estados Unidos, pessoas LGBT+ só puderam se casar ano passado. Ainda esse ano o pessoal tá lutando lá pra lidar com umas leis homofóbicas. Não tenho certeza, mas parece que agora pouco foi aprovada num estado lá uma lei que permite negar serviço a pessoas LGBT+.
2- Hoje eu acordei umas 5 da manhã e tinha recebido uma mensagem de uma garota pedindo ajuda com a trend tag no twitter #GiveElsaAGirlfriend (Dê a Elsa uma Namorada, sobre um possível Frozen 2 - achei super divertido por causa do meu post sobre heteronormatividade). Pensa que em nenhum filme da Disney tem um casal protagonista LGBT+ e em todos eles - todos - você tem romance. Então esse não é o problema, o problema é... que pessoas LGBT+ são vistas como inapropriadas. Me diz, isso é ser visto como igual?


E vou contar um segredo assim de coração: crianças também são LGBT+. Desde que eu fiz o mês LGBT+ aqui no CC eu comecei a seguir muita coisa assim no tumblr e volta e meia tem o relato de alguém falando sobre como é crescer sem ter noção de que você pode sentir atração pelo mesmo gênero. As pessoas sentem, até pequenas tem crushzinhas em pessoas e personagens, mas neeeeeem fazem ideia. Um filme da Disney com uma Elsa arranjando uma namorado não é fazer as crianças virarem gays, mas é a ensinar a elas que é possível ser desse jeito e que é ok isso. Elas vão crescer pra ter uma vida muito mais saudável.

Algo que todas as gerações de pessoas LGBT+ até aqui não tiveram.

Algo que toda criança hétero tem.

Pf, me diz que isso é ser tratado igual.

Agora:

3- O comentário principal que é algo que tô querendo falar há um tempo. Existe uma certa diferença na opressão sofrida por pessoas LGBT+, porque não é tipo opressão como as outras minorias (pf isso não é olimpíadas da opressão, estou dizendo que é DIFERENTE e por isso tem necessidades diferentes), que é tipo... a pessoa LGBT+ pensa que a própria sexualidade é imaginação. Pensa se você é negro, você tem a sua família ao redor, você tem a sua história - mal ou bem, você vem de um lugar de pertencimento, mesmo que a cultura tradicional tente te apagar e a sua própria família reproduza isso. Agora se você é LGBT+, normalmente você tá sozinho dentro da sua família.

E aí você nem sabe que pode ser assim, porque todo mundo trata como ser ser LGBT+ fosse "o outro" (o mito. a lenda.) e a única situação em que isso é direcionado a você é em xingamento. "hm... que boiola" Então a pessoa aprende que não pode ser isso e a não quer ser isso.

Junta o fato de que ainda é jovem, não sabe como quem falar, porque o pessoal mais novo costuma esconder tudo porque tá todo mundo ainda sem saber direito e ninguém quer ser vítima de preconceito.

Ou seja, é uma coisa meio sinistra de ser, mas ignorar totalmente. Não saber que é possível. E muuuuuuitas vezes quando a pessoa atravessa todas as barreiras e tá confortável com si mesma, ainda é levada pra psicólogo, pra igreja, colocada pra fora de casa. Gente, eu achava que isso era tipo algo raro de filme americano, mas sei lá como todas essas histórias chegam até mim. Eu ouvi umas 3 situações tensas só essa semana.

Então...

CARALHO.

ISSO É AGORA.

AQUI.

TALVEZ ATÉ COM VOCÊ, MAS VOCÊ TÁ TÃO CONCENTRADO EM MANTER ESSA APARÊNCIA QUE NÃO FAZ NEM IDEIA.

TALVEZ ALGUM DIA ALGO TE FAÇA PERCEBER E VOCÊ VAI FICAR TIPO "WOW, A DANA TAVA CERTA E... EU PENSEI QUE NÃO ERA COMIGO". 

MAS É, Ô JERINGUNÇO.

Ok, só me empolguei. Mesmo que não seja com você, é com pessoas ao redor. E se não é com pessoas ao redor... é com seres humanos. Não é o suficiente?

E tem mais coisas, tipo existe toda uma cultura e História LGBT+ que você cresce sem ter ideia (eu não sei direito que História é essa, mas eu sei que tem HUAHAUH) e aí dá tipo uma de Sam Smith no Oscar, achando que é o primeiro gay a fazer tudo.

Ou seja, a moral da história é a televisão acaba sendo o primeiro lugar onde você tem a oportunidade de ser dar conta.

Agora tô pensando aqui, 90% de certeza que já escrevi isso em algum lugar, mas eu tenho escrito muito e não faço ideia de onde foi isso. Ainda tô desenvolvendo essa teoria.

Enfim, então o que eu quero dizer é que a representatividade é o principal meio que as pessoas LGBT+ têm de saberem que são reais e que isso é ok. Teoricamente né. Porque quando a representatividade é merda (a maioria) só diz que ela tem que morrer ou é o personagem chato ou interesseiro ou predador sexual.

aliás, por 9328239823 anos o pessoal via (e tem quem ainda vê), a Commander Lexa como manipuladora e abusando da protagonista Clarke Griffin. Metade é por causa da narrativa, porque elas se aproximam em um momento que a Clarke tá meio dark hardcore vidalok, então parece que as coisas mais agressivas que ela faz são por causa da Lexa (mas é tão obviamente não, mas... aí entra outro estereótipo de protagonistas mulheres: a loirinha burra que é manipulada. mesmo que a Clarke esteja o mais longe disso, é mais fácil acreditar que ela tá sendo idiota do que tá tomando aquelas decisões) (*se segura pra não entrar numa análise*) FODA-SE VAI TER ANÁLISE.

-----------------------------SOBRE S2 COM LEXA E CLARKE-----------------------------
lembrando que tudo isso foi destruído porque a s3 destrói desenvolvimento de personagem pra ficar fazendo drama

Tipo, o Finn lá morre, e aí a Clarke fica meio dark, porque começa aquilo de "você me matou, Clarke, agora faz minha morte vale a pena. você não chegou até esse ponto pra voltar atrás". E nisso a Lexa tá ali como uma referência de liderança e de quem sabe lidar com essas decisões difíceis que você tem que tomar, e a Lexa realmente dá suporte e tenta guiar a Clarke com os conselhos lá.

Aí chega o momento em que elas decidem deixar a bomba cair em TonDC e todo mundo correr. A Lexa é espera e manda aquele "Clarke, se tu quisesse contar pra todo mundo tu não teria vindo aqui contar os segredo na encolha, vambora logo". Aí é muito fácil acreditar que Clarke é a mulher burra que aceita isso e é enganada.

Concordo que se fosse um momento mais oportuno, talvez ela tivesse parado pra pensar e "opa, não". Só que ali naquele momento isso é crucial para desenvolvimento da personagem, e tem a ver com o estado dela de achar que você PRECISA fazer grandes sacrifícios. E sem falar que... não tinha muita opção mesmo.

A pergunta que fica é: se fosse outra pessoa ali, tipo a Abby, falando "NÃO, VAMO SALVAR GERAL. CÊ TÁ MALUCA, FILHA" a Clarke teria ouvido?

Acho que não, Clarke é trambiqueira e já tem um histórico de fazer coisas perigosas assim, acho que ela é que ia manipular a mãe com uma conversa fiada.

Aí as duas vão lá e fogem e, quando a Clarke se dá conta de que poderia perder a própria mãe na explosão, é que ela se liga na merda que tá fazendo. Mas ainda é bem espera mesmo assim, porque mesmo depois de salvar a mãe continua com o plano de esconder de geral - o que é uma prova de que ela não tá sendo levada só pela emoção. Essa conversa veio da Clarke, nada de Lexa aí.

Depois disso Lexa e Clarke vão atrás do sniper no mato, que é a primeira vez que Clarke mata alguém por ódio. Tudo esse trecho é muito interessante, porque a Lexa tenta convencer a Clarke do contrário e mostrar que isso não é o caminho, mas a Clarke tá decidida. Isso prova umas coisas:

1- Como a Lexa tem o pulso firme e não usa violência a não ser que ela ache necessário. Daria pra dizer: pra quem deixou uma bomba cair sobre o próprio povo, o que é a vida de um sniper inimigo? Mas a Lexa sabe que é uma vida mesmo assim e que, se não tem necessidade, ela não vai deixar a sede de vingança interferir.
2- Como a Clarke tava além do controle, o que prova que ela sabia mesmo que ia acabar deixando aquela gente morrer. Aposto que ela foi todo caminho do Camp Jaha até TonDC tentando encontrar uma solução, ESSA MENINA NÃO PARA. Acho que a única esperança dela é que a Lexa tivesse uma opção melhor.
3- Mostra que a Lexa guia, mas não força e tá ali pra dar suporte mesmo assim. O que é beeem diferente de manipular pelos próprios interesses.

É até legal que depois que a Clarke mata o sniper, a Lexa pergunta algo tipo "e aí, mudou alguma coisa?" (TÁ VENDO QUE MATAR ASSIM DE GRAÇA NÃO SERVE PRA NADA??)

Depois disso, a Clarke começa a voltar a si e ir contra as escolhas da Lexa, afirmando que tem outra opção. Ela reclama do que fizeram em TonDC. Ela causa um inferno quando Lexa tenta matar a Octavia. Ela encurrala a Lexa e joga umas verdades na cara dela.

Ou seja, ninguém diz o que Clarke Griffin vai fazer além de Clarke Griffin.

E o que a Commander faz?

Beija ela.

Quer dizer, ela aceita. Ela escolhe respeitar a Clarke e seguir o que ela quer, mesmo sem conhecer a Octavia e correndo o risco dela abrir o bocão, o que levaria a... ao que?

Oh, é.

A exatamente o que acontece na S3 quando todo mundo se volta contra ela e a Lexa morre.

Manipulação suicida, só se for.

Enfim, se você acompanhar o desenvolvimento usando o seu cérebro em vez de preconceitos, você vai ver todo o desenvolvimento. Mas nããããao, é muito mais fácil fez Clarke como a Burra Inocente Manipulada, porque ela é uma mulher, né? O QUE MAIS ELA SERIA? HA HA HA

E a Lexa como a Lésbica do Mal que seduz a coitadinha pra levar pro mal caminho.

Um ano lidando com esse preconceito idiota.


Refletindo aqui... que merda deve ser assistir a série achando que Clarke é só uma garota idiota. HUAHUHAUHAUAH e quão ruim deve ser perceber garotas-loiras-bonitinhas como inocentezinhas idiotas mesmo quando elas são tipo BADASS™ manipulando todo mundo desde ep1.

POR QUE AS PESSOAS TEM QUE SUBESTIMAR AS OUTRAS POR CAUSA DESSES PRECONCEITOS???????

------------------------FIM------------------------

Enfim, voltando pra o assunto... não, pera. Eu acho que isso que eu acabei de falar explica o assunto. Repara como a Percepção das pessoas é diferente da Realidade. Você tem dados que provam o contrário, mas as pessoas simplesmente não enxergam e julgam tudo pelo próprio preconceito.

E essa Percepção é muito moldada por histórias, tipo você desde pequenininho vê os filmes da Disney com a garota principal ficando com o garoto principal e é assim em 98% das histórias, a ponto de que 500 Dias Com Ela é tipo um WOOOOOW COMO ASSIM (mesmo que o título do filme já diga que não vai dar certo HUAHUAH). Então a representatividade molda essa Percepção.

E o que acontece quando a representatividade não mostra certos grupos e quando mostra é só estereótipo ruim?


Então tipo, você tem essa representatividade merda, ou nenhuma (que pras pessoas não representadas significa: VOCÊ NÃO EXISTE) (e no caso das LGBT+, que são diretamente censuradas, significa VOCÊ NÃO PODE EXISTE) e é um dos poucos meios da uma pessoa LGBT+ se encontrar e descobrir que é ok, mas as histórias todas são sobre como ela vai morrer.

É tenso.

E o principal disso é que de certo modo uma revolução de representatividade LGBT+ é uma revolução mental na cultura. É a liberdade de existir, mentalmente, o que reflete nas pessoas a terem vidas mais livres no mundo real, enquanto as pessoas hétero aprendem também que pessoas LGBT+ são só pessoas.

Isso é importante pra todas as minorias. Mas pra o caso das pessoas LGBT+ especificamente uma liberdade de existir na ficção reflete na liberdade de descobrir que pode existir.

Então parece bobeira, parece que é "é só uma série", mas não é.

É algo grande demais, é algo transformador demais. É algo tão idiota porque literalmente só basta um dos 3928239823 escritores aí de série sentar e "vou fazer um personagem bom", tipo, é um poder simples que tá na mão das pessoas, mas que ainda assim não é usado. O que é só mais uma prova da marginalização das pessoas.

Aliás, essa semana morreu mais uma personagem mulher LGBT+ numa série, depois de fazer sexo também.

Eu não sei onde esse negócio todo que eu tô metida vai dar, mas eu espero que chegue a um ponto em que a gente tenha histórias boas com minorias também.

Hoje depois que eu terminei lá com o #GiveElsaAGirlfriend, eu fui parar numa conversa que me perguntaram: O que você quer fazer, o que você REALMENTE gosta de fazer?

Eu:


Eu dei uma resposta merda, porque TU NÃO ME FAZ ISSO COMIGO ÀS 5 DA MANHÃ TÁ DE SACANAGEM.

Mas aí eu dormi mais e em algum momento eu acordei pensando.

Na pior das hipóteses, eu vou eu mesma escrever essas histórias e alguma hora vai sair alguma boa ou alguém vai ler, sei lá.

Na melhor das hipóteses eu vou começar uma Gaydisney inteira. Se o Walt Disney fez isso quase 100 anos atrás, como é que não dá pra fazer algo agora ainda mais com um computador?

E eu tô sendo realista né, porque se fosse pra viajar eu ia dizer que a melhor das hipóteses ia ser acabar com fome, dar ensino a educação pra população mundial inteira, e educação boa como ainda não existe no planeta, e paz mundial, etc.

Também tem a hipótese de que eu vou morrer amanhã atropelada, mas aí também não faz diferença.

Aí tem sempre aquilo de "mas você tem que fazer algo, tipo, ALGO REAL". Aí eu volto pra aquele negócio de que: cara, eu fiz isso e quase morri. Não tenho nem mais energia pra viver me fodendo.

Viver é um troço muito louco, porque a gente trata como se soubesse de tudo, e tivesse os caminhos certos, mas ao mesmo tempo ninguém sabe de nada e você não. tem. a. mínima. ideia. do. que. vai. acontecer.

Quando eu penso no futuro eu me vejo vendendo pipoca na praça (novo headcanon), mas também as coisas podem dar muito certo e eu... eu... não sei, viver rica em Bahamas. Eu não tenho nenhuma ideia.

Eu só sei do agora: e o agora tá muito bom.

Quer dizer, hoje eu quase morri porque PROMETERAM POSTAR UMA SELFIE MINHA. E essa semana eu usei bastante pra descansar, dormir muito, planejar... minha energia social foi lá embaixo e eu ainda não tô falando com pessoas direito. Hoje eu acordei melhorzinha, mas fui ajudar numa votação, que levou a tag... apenas digo que esse fandom sempre arranja uma história e É DIFÍCIL FICAR LONGE DOS DRAMAS.

E eu sinto que acidentalmente a gente criou uma mafia organizada aqui.

Agora só falta...

*respira fundo*

Vou falar apenas que nesse livro que eu to lendo, O Poder dos Quietos, ele conta a história da Rosa Parks, porque considera ela uma introvertida e eu tô no comecinho ainda, mas até agora tem muuuita coisa interessante sobre introversão e fala sobre o surgimento dessa cultura que privilegia a extroversão. No meio disso, tem um trecho que eu gostei:

"líderes têm que agir com confiança e tomar decisões diante de informações incompletas. (...) se você não tem os fatos - e muitas vezes não os terá-, deve esperar para agir até ter reunido todos os dados que precisa? Ou ao hesitar arriscará perder a confiança dos outros e perder o próprio impulso?"

Achei interessante porque essa semana a gente teve que lidar com um pessoal tentando boicotar a trend (a parada é sinistra, mermão) e uma série de outros problemas pra contornar, só que é tipo... a gente não é líder de nada. MAS alguém tem que decidir algo e em cima da hora, foi a gente. (escrevi aqui um texto sobre "um dia nos bastidores de decisão de tag") E quando eu escrevi fiquei pensando nisso de que "tomar iniciativa" é algo meio sinistro, porque você tem uma porção de dados e tem que fazer uma escolha. Mas a verdade é que VOCÊ NÃO TEM IDEIA de qual é a alternativa certa. Tudo depende da sua capacidade de analisar, sua intuição e criatividade pra pensar numa solução (que funcione). Mas mesmo assim nada é garantido. É tipo:


Mas é meio sinistro porque a gente pode foder com tudo em grande escala.

Oh, e eu disse que esse livro foca bastante em liderança?


Mas introvertidos liderando. Tô na página 60 de 300, então vamos ver. Uma coisa que eu já descobri que eu não sabia que tinha a ver com introvertido é que parece que é comum introvertido não querer compartilhar com os outros o projeto até terminar. Eu sou assim com tudo. Em parte até porque eu não sei o que eu quero até fazer, mas... sei lá. Eu não consigo pensar direito. Só que no momento talvez eu precise compartilhar antes.

Eu só sei que queria saber por que eu sempre acabo nessas situações em que eu posso tomar iniciativa e "controlar" tudo, mesmo quando eu não quero. E me mata ficar ali em silêncio vendo tudo acontecer enquanto poderia ser feito melhor. É uma ironia muito grande justamente quando eu decidi cortar todo meu papel de "liderança" no CC, eu vir parar nessa situação.

Nas últimas horas eu (+garotas) recebemos mensagens tipo "obrigada pela sua liderança", "bom dia, líder" e "eu vou fazer qualquer coisa que vocês mandarem". Wtf. what the fuck.

Não vou nem dizer que eu não gosto, porque eu adoro receber mensagem de bom dia cheia de amorzinho e é legal, porque YEY. EU ME ESFORCEI PRA CARALHO E É BOM QUE ISSO É IMPORTANTE PRA ALGUÉM. e além disso: eu sou foda mesmo. Só que ao mesmo tempo é assustador, eu me sinto muito desconfortável e eu odeio ter que tomar decisão pelos outros. Ou eu odeio ter responsabilidade pela vida dos outros? Ou eu odeio o fato de que as minhas decisões podem machucar os outros? Ou eu odeio o fato de que tomar decisões significa colocar o que "eu" acho certo acima de alguém? Ou o fato de que eu posso estar errada? Ou o fato de que isso geralmente leva a conflito e ter que lidar com seres humanos, o que é exaustivo??

Veremos em breve, no Globo Repórter.

vamos ver um gif pra terminar isso aqui


Vou encerrar dizendo umas coisas.

HUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHAUHAUHA

foda-se, vamo lá

1- acho que às vezes é tanta gente e coisa que eu me perco e esqueço quem eu sou. essas semanas tive umas crises outra vez porque EU SOU TÃO RUIM PRA INTERAGIR COM SERES HUMANOS. POR QUEEEEEEEE. mas isso não é 100% verdade e eu quero lembrar mais só de relaxar e fazer o que eu quero fazer.

2- Não sei nem se alguém do CC lê isso, mas: UM GRANDE OBRIGADA, PORQUE VOCÊS SÃO FODAS PRA CARALHO E TÃO FAZENDO UM MONTE DE COISA LEGAL PELO CC, ENQUANTO EU NEM PASSO PERTO. Escrevi tantos textos sobre: o que aconteceria se eu passasse uma semana longe do CC? tudo vai desabar??? pelo contrário, parece que as coisas tão melhores que antes. obrigada por atualizarem, cuidarem e continuarem indo em frente. vocês são fodas e eu queria separar esse momento pra reconhecer esse esforço. porque é um esforço. e vocês merecem ser aplaudidos por isso <3



3- fico me perguntando quem é que lê a porra desses textos? porque fui ver agora: os 2 últimos batdramas são alguns dos posts com mais visualizações. tem tipo seres humanos reais lendo isso aqui. é possível que as pessoas cliquem, aí dá visualização, vê a merda que é e saiam correndo. não sei. mas tipo...?? QUEM É VOCÊ? POR QUE DIABOS VOCÊ TÁ LENDO ISSO? WTF

(e Anilyan, EU ADOREI SEU COMENTÁRIO, E NEM EU SEI SE EU RESPONDO, MAS VOU RESPONDER O SEU, PORQUE ELE FEZ MINHA SEMANA SER ÓTIMA)


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8 comentários

  1. Eu achei tão engraçado o título desse post com as suas fotos de capa, porque achei que era sobre como você entrou numa espiral de preguiça e mudou o mundo de casa mesmo Hahahahahah Aí li o post (Eu sempre leio, ok?) e fiquei "Aaaaahhhh entendi". Risos.

    VOCÊ É MARAVILHOSA, DANA. ESSE PROJETO É INCRÍVEL. NÃO IMPORTA O QUE DIGAM. NINGUÉM FAZ NADA, MAS TAMBÉM NÃO DEIXA NINGUÉM FAZER. JAMAIS DÊ OUVIDOS AO POVO DA INÉRCIA.

    (Me excedi um pouco :P)

    Eu também estou meio que trabalhando numa ~revolução~ (um oooooutro contexto, bem nada a ver com cultura pop) e o que mais me incomoda são essas pessoas que reconhecem que existe um problema, mas ficam nesse "sempre foi assim", "que exagero seu", "não perca seu tempo". PERCO, SIM, O TEMPO É MEU. Eu acredito que vai ter mudança E MORREREI TENTANDO (mas torcendo para ver a mudança em vida, né). Enfim. CONTINUE <3

    (E, gente, CC maravilhosamente caótico, eu bem tinha dito que essa é a marca de vocês. Tem líder, não tem líder, precisa de apoio, surge apoio, entra gente na equipe, sai gente da equipe. Que bastidores fascinante no imaginário popular)

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    1. HAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHA CARA, EU NEM FIZ A LIGAÇÃO. EU COLOQUEI QUALQUER TÍTULO PENSANDO NA ROSA PARKS E DEPOIS A CAPA PORQUE NÃO TINHA NADA. WTF. HAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUH QUE MERDA. EU NÃO QUERIA DIZER ISSO ATÉ PORQUE NÃO FIZ NADA HAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUAH

      esse comentário <3 me lembrou daquela frase "Whatever you do in life will be insignificant. but it is very important that you do it"

      e fiquei curiosa COM A SUA REVOLUÇÃO. vou te perguntar no twitter pq sim

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  2. Oioi, tem gente lendo sim <3 ok confesso que as vezes não leio tudo pq a correria do meu dia a dia faz meus olhos correrem pra outras coisas, mas acabei criando uma especie de laço (???) com você e suas historias. Nunca assisti the100 e nem tenho vontade de ver, mas falei da morte da personagem pra varias pessoas que nem faziam ideia do desrespeito que estava acontecendo :D

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    1. <3 <3 <3 obrigada por aparecer aqui.
      e obrigada por espalhar a palavra HUAHUAH e só um detalhe: ainda tá acontecendo. a gente ainda não tem representação. ainda tratam como se não fosse nada. então.. :)

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    2. Sim, verdade. Eu tenho visto toda a movimentação lá no perfil do CC no twitter e cara... Vocês (espectadores da série) conseguiram um feito que muitas coisas não alcançam. Se manter na mídia e serem vistos por semanas!!! E atrair curiosidade, gente querendo saber mais. Isso é sensacional. Voce acha que é possível a série reverter isso de algum modo? No sentido de se redimir, sei lá... Ou não tem como e só vai ficar parecendo que quer biscoito? Quais são os caminhos pra desfazer ou se retratar quanto a isso? Não tem jeito? Fico me questionando sobre o que eles devem fazer

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  3. Pode acreditar que eu leio todos os Batdramas! Mds, amo seus textos.
    Sobre os pedidos pra Elsa sair do armário em Frozen 2, eu sou a favor, mas que ela saia como assexual, e não como lésbica. Pq a Elsa é um símbolo da comunidade assexual, que já sofre muito com representatividade (como os LGBTs no geral), e não acho legal destruir o símbolo dessa comunidade em prol de outra (além de isso estragar completamente a mensagem do primeiro filme). Acho que seria melhor fazerem um outro filme, sem nada com Frozen, aí sim com uma história sobre lésbicas princesas lindinhas e poderosas e empoderadoras.
    Sério, tem umas análises muito legais (não lembro onde eu vi, desculpa) que provam que a Elsa é assexual. Então, é, acho melhor deixar a Elsa sem nenhum par romântico mesmo. Seja ele homem ou mulher.

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    1. vou explicar por que a Elsa sendo ace não é tão produtivo quanto ela sendo bi/pan/les: simplesmente pelo fato de que não vai dar pra ser canon isso. Eles confirmando ela como ace só vão falar no mundo real "é, ela é ace!" e escrever uma história onde todo mundo vai continuar afirmando de pé junto que ela é hétero. Enquanto mesmo não confirmando se ela é les/bi/pan, se ela beijar uma garota já vai ser revolucionário. SEM FALAR QUE ser ace não é o mesmo que não estar num relacionamento, então ela ainda pode ser ace e ficar com uma garota.

      Em termos de representatividade Ace, pra ser algo que funcione, eles tem que desenvolver a relação do personagem com a sexualidade, o que é muito legal, MAS eles não focam os filmes nisso. E eles ainda podiam desenvolver uma Elsa Ace direito ela ficando com a menina.

      além disso, várias comunidades assumiram a Elsa como símbolo, nem só várias LGBT+, como pessoas que sofreram abusos e têm doenças mentais. Tem muitas formas de se relacionar com a personagem, e eu não concordo com transformar isso em uma olimpíadas do mais oprimido e dizer que alguém tem mais direito. Nós precisamos muito de mais de qualquer dessas representatividades

      e tem a Merida também... ela tá 100% sem par romântico e dá pra fundamentar a história dela no fato de que ela é ace. (mas eu sei que esse argumento é idiota, porque não é assim que funciona se sentir representado e eu totalmente ficaria feliz se fizessem - direito - uma Elsa Ace canon)

      Jake Frost Ace seria muito divertido também HAUHAUHA

      de qualquer modo, obrigada por comentar, POR LER MEUS BATADRAMAS <3 <3 <3 e por lembrar e lutar pela comunidade ace <3

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  4. Haha, eu estava a ler este post e ainda nem tinha visto a resposta, fui lá ler e já respondi. Não tenho tempo para comentar agora, mas amanhã vou tentar aparecer e com um bocado de sorte ainda conto as tretas que estão a acontecer por aqui. PORQUE EU REVI-ME TANTO EM VÁRIAS DAS COISAS QUE VOCÊ DISSE QUE EU ATÉ TIREI PRINT E MANDEI A UMA AMIGA MINHA QUE FICOU TIPO: Vocês falam das mesmas coisas???

    Ai, ai, depois explico melhor :) E seria um gosto participar no CC, aliás.

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