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Sobre romances de banca (ou esses livros que não estão sendo publicados como tais)

19.4.16Taiany Araujo


Essa semana eu estava conversando com a Bells sobre romances de banca, e acabei expondo a ela algo que nem refleti muito ainda, posso estar errada quanto a isso, mas talvez escrever sobre me ajude a pensar melhor a questão.

Eu sou apaixonada por romances de banca, e esse amor me possibilitou conhecer algumas coisas desse universo gigante, além de me tornar um tanto “briguenta” em relação ao tratamento que esses livros recebem. Eis então que a editora Arqueiro começou a publicar alguns romances e eu fiquei muito feliz, porque parecia que ela estava trazendo-os à luz. Mas o problema é que sinto não ser bem isso o que está acontecendo. Talvez seja por ser um projeto novo, eles podem estar testando as possibilidades, eu realmente não sei. O que é claro para mim, no entanto, é que a editora apresenta os livros como algo novo, perdendo a oportunidade de mostrar que há toda uma comunidade em torno dos romances de banca.

Além disso, a impressão que se tem é que não houve pesquisa, pois muitas séries foram publicadas na ordem errada (infelizmente as duas principais editoras voltadas a romances de banca no Brasil também fazem muito isso), troca de títulos que entristeceu os fãs, e outros pequenos detalhes que acabam por embaçar a iniciativa de valorizar essa literatura que minha avó consumia, mas que foi por muito tempo relegada a algo medíocre, desvalorizado e sem importância.


Se fizermos um paralelo de como os romances de banca são veiculados aqui no Brasil e como são nos EUA, fica nítida a discrepância. Muitas autoras americanas (sinceramente nunca vi um homem como autor de romance de banca, se alguém conhecer, por favor, me diga. Acaba que infelizmente esse ainda é um ambiente dominado por mulheres) começaram publicando romances de banca (deve ser mais barato/fácil), sendo reconhecidas nesse meio, ganhando prêmios e por fim, buscando outros projetos. Não vejo isso aqui no Brasil, se tem, eu desconheço. Tudo de romance de banca que consumi até hoje (e é um número razoável) são obras de fora, sendo conseguidas basicamente através da internet (minhas alergias tornam difícil me aventurar em pilhas de romance de banca de sebos, e a variedade nas bancas de jornais que conheço simplesmente não existe), há toda uma máfia de informações, grupos e livros na internet, então é mais fácil você descobrir ali sobre uma série do que pedir informações nas editoras especializadas.

Mas enfim, eu não quero que a Arqueiro deixe de fazer o que está fazendo. O último evento deles sobre romances de época foi mega divertido, e eu me senti em casa com todas aquelas mulheres que assim como eu consumiam romances de banca há tempos. Além disso, torço para que eles não parem só nos livros de época e tragam também os contemporâneos como propostas de publicação. Ainda assim, isso não me faz sentir que eles estão valorizando esses livros, me parece que eles estão os mostrando como outra coisa, sem nome ainda.

O que eu quero mesmo é ver os meus romances de banca repaginados, publicados por editoras com renome e belas capas, ao lado dos meus livrinhos pequenos e com páginas amareladas, e que eles sejam desejados por igual, valorizados por igual, ou até mesmo desprezados por igual, afinal, eles são todos livros, todos com o mesmo propósito...

...nos encantar.

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6 comentários

  1. Adoro quando os posts são sobre romances de banca.

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  2. Quando você diz "romance de banca", você se refere aqueles livrinhos românticos com casais na capa que se encontra em todas as bancas? Não sabia que esse tipo de livro tinha um nome, interessante.

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  3. Adorei!Romances de banca dão um conforto que... <3

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  4. Comecei a ler romances de banca na adolescência, - e isso faz tempo!!!! - e não os largo. Podem ser considerados clicês, mas, no final, são uma leitura deliciosa que, em muitos casos, aquecem o coração.

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