Adriana Araujo
CCLivros
[Resenha] O leitor do trem das 6h27, de Jean-Paul Didierlaurent
12.3.16Unknown
Sabem a história de não julgar um livro pela capa? Então, eu julguei O leitor do trem das 6h27 não pela capa, mas pelo título. Um livro que fala sobre um leitor de trem só poderia ser legal, vai. E me dei muito bem nesse julgamento.
Não li a sinopse do livro (não curto sinopses) e o peguei achando que seria uma crônica mais urbana, mas ele (que não deixa de ser uma crônica urbana desenrolada em Paris) se mostrou muito mais leve, encantador e doce do que parecia. Fui marcá-lo como lido no Skoob e vi as pessoas se referindo a ele como um conto de fadas moderno, o que achei super apropriado.
O tal leitor do trem das 6h27, nosso protagonista, é Guylain Vignolles, um operário de uma usina de desencalhe de livros e seu trabalho é dos mais dolorosos para alguém que ama histórias: o de destruir livros, colocando-os numa máquina que picota papel sem dó nem piedade. Para chegar ao trabalho na hora, nosso amigo pega todos os dias o trem do horário referido. Durante a viagem, ele lê, em voz alta, páginas aleatórias de livros que conseguiu salvar das garras da máquina destruidora. Imagina estar num trem (fico pensando nessa situação no maravilhoso (SQN) trem do Rio de Janeiro) onde um passageiro todo dia lê trechos de histórias sem nenhuma conexão em voz alta. No mínimo, uma situação curiosa.
Guylain me cativou bastante. Ele é tímido, solitário (o cara vive sozinho com seu peixe de estimação, que, convenhamos, não é das companhias mais interativas) e um excelente amigo. Percebemos nele uma frustração com os caminhos que a sua vida seguiu, ele chega a mentir pra mãe dizendo que tem uma carreira bem sucedida e tal. Ele detesta o trabalho na fábrica, o chefe e um colega que vive cobiçando seu lugar, mas o livro não aborda muito o porquê dele estar nessa situação. Não quero parecer adepta de meritocracia nem nada, só fiquei me perguntando mesmo como ele chegou ali, nesse trabalho que ele detesta, por que ele continua lá e o livro não explica isso. Passou pela minha cabeça que talvez ele permaneça pra salvar os livros e tal, mas não parece ser isso, porque ele realmente detesta o lugar e trabalhar ali faz muito mal pra ele.
Uma das coisas que achei mais fofas no livro é a amizade (eu sempre me emociono com amizades bonitas qq) dele com Giuseppe, um ex-funcionário da usina, que sofreu um acidente no trabalho e por conta disso perdeu as duas pernas. Giuseppe foi meu segundo personagem favorito, porque ele achou um motivo para viver após o trágico acidente e ainda ajuda Guylain a tornar possível uma busca que parecia quase impossível (eu, que sou pessimista, já teria desistido sem nem pensar em começar haha) e é essa busca que ajuda a dar um ar de conto de fadas moderno. Não vou entrar em detalhes, mas é uma busca romântica, meio surreal, mas tão fofa que faz você se pegar torcendo pra dar certo (leia pra saber se deu :P).
O leitor do trem das 6h27 foi a mais grata surpresa desse início de ano. Um livro que peguei por mera curiosidade me presenteou com personagens cativantes e uma história super gostosa de ler, com uma doçura sem igual. A única crítica que tenho é que acabou rápido demais. O livro tem menos de 200 páginas e, se você tiver tempo, dá pra ler em um dia, porque a coisa simplesmente flui. Eu fiquei pensando numa continuação pra história, em ter as situações mais aprofundadas, mas acho que o livro foi feito pra deixar essa sensação de "quero mais" mesmo. O problema não é que ele seja incompleto, é que você não consegue aceitar que já acabou.
Nota:
(4 conversinhas) Porque acabou rápido demais :(
O tal leitor do trem das 6h27, nosso protagonista, é Guylain Vignolles, um operário de uma usina de desencalhe de livros e seu trabalho é dos mais dolorosos para alguém que ama histórias: o de destruir livros, colocando-os numa máquina que picota papel sem dó nem piedade. Para chegar ao trabalho na hora, nosso amigo pega todos os dias o trem do horário referido. Durante a viagem, ele lê, em voz alta, páginas aleatórias de livros que conseguiu salvar das garras da máquina destruidora. Imagina estar num trem (fico pensando nessa situação no maravilhoso (SQN) trem do Rio de Janeiro) onde um passageiro todo dia lê trechos de histórias sem nenhuma conexão em voz alta. No mínimo, uma situação curiosa.
Guylain me cativou bastante. Ele é tímido, solitário (o cara vive sozinho com seu peixe de estimação, que, convenhamos, não é das companhias mais interativas) e um excelente amigo. Percebemos nele uma frustração com os caminhos que a sua vida seguiu, ele chega a mentir pra mãe dizendo que tem uma carreira bem sucedida e tal. Ele detesta o trabalho na fábrica, o chefe e um colega que vive cobiçando seu lugar, mas o livro não aborda muito o porquê dele estar nessa situação. Não quero parecer adepta de meritocracia nem nada, só fiquei me perguntando mesmo como ele chegou ali, nesse trabalho que ele detesta, por que ele continua lá e o livro não explica isso. Passou pela minha cabeça que talvez ele permaneça pra salvar os livros e tal, mas não parece ser isso, porque ele realmente detesta o lugar e trabalhar ali faz muito mal pra ele.
Uma das coisas que achei mais fofas no livro é a amizade (eu sempre me emociono com amizades bonitas qq) dele com Giuseppe, um ex-funcionário da usina, que sofreu um acidente no trabalho e por conta disso perdeu as duas pernas. Giuseppe foi meu segundo personagem favorito, porque ele achou um motivo para viver após o trágico acidente e ainda ajuda Guylain a tornar possível uma busca que parecia quase impossível (eu, que sou pessimista, já teria desistido sem nem pensar em começar haha) e é essa busca que ajuda a dar um ar de conto de fadas moderno. Não vou entrar em detalhes, mas é uma busca romântica, meio surreal, mas tão fofa que faz você se pegar torcendo pra dar certo (leia pra saber se deu :P).
O leitor do trem das 6h27 foi a mais grata surpresa desse início de ano. Um livro que peguei por mera curiosidade me presenteou com personagens cativantes e uma história super gostosa de ler, com uma doçura sem igual. A única crítica que tenho é que acabou rápido demais. O livro tem menos de 200 páginas e, se você tiver tempo, dá pra ler em um dia, porque a coisa simplesmente flui. Eu fiquei pensando numa continuação pra história, em ter as situações mais aprofundadas, mas acho que o livro foi feito pra deixar essa sensação de "quero mais" mesmo. O problema não é que ele seja incompleto, é que você não consegue aceitar que já acabou.
Nota:
(4 conversinhas) Porque acabou rápido demais :(
Livro: O leitor do trem das 6h27
Autor: Jean-Paul Didierlaurent
Editora: Intrínseca
Páginas: 176
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