Ariel Carvalho Baleia

Notas Brasileiras #1 - Baleia

11.3.16Colaboradores CC


Uma das coisas que eu mais ouço é gente reclamando que não tem banda brasileira boa para ouvir, que o som que é feito lá fora não tem semelhantes por aqui. Para acabar com essa desculpa, o Conversa Cult começa hoje uma série quinzenal de postagens, apresentando artistas que você provavelmente não conhece, mas que merecem ser ouvidos.

Ah, e se você tiver alguma indicação de banda para aparecer aqui, fala nos comentários!


>>>Baleia


A banda é do Rio de Janeiro e é composta pela Sofia e pelo Gabriel Vaz, pelo Cairê Rego, David Rosenblit, Felipe Ventura e João Pessanha. O primeiro álbum do sexteto é de 2013, chamado “Quebra Azul”, e um EP, “Ao vivo no Maravilha 8”, com versões gravadas em seus shows (spoiler: é lindo).

A Baleia tem um som que eu nunca ouvi antes. No máximo, posso dizer que eles lembram, em algumas músicas, o Broken Social Scene. As músicas da banda têm uma poesia muito própria, muito bela. Costumo dizer que elas parecem poesia musicada, e não música poetizada.


Eles estão às vésperas de lançar um novo cd, intitulado “Atlas”. O primeiro single, “Volta”, é uma das coisas mais lindas que já ouvi, e o clipe é mais bonito ainda. Em outubro, no Museu de Arte do Rio, eles tocaram algumas inéditas, então posso dizer que o cd vai ser maravilhoso. A espera vai valer a pena. O segundo single, “Estrangeiro”, teve seu lyric video lançado há pouco tempo, uma verdadeira obra de arte que foi ilustrada e animada (em 5 mil quadros!) pela própria banda.



Ah, uma curiosidade: o baixista e o violinista tocam com o Cícero também, e o baterista tem uma banda ótima chamada Séculos Apaixonados, que também merece ser ouvida.

Quais músicas ouvir? Jiraya, Sangue do Paraguai, Motim.

Onde ouvir? http://www.baleiabaleia.com/


Ainda conversei por e-mail com o Gabriel, para conhecer um pouco mais da banda por ela mesma:


Como vocês definiriam sua música para alguém que nunca ouviu?


A gente é totalmente incapaz de responder a essa pergunta seriamente e acreditar na resposta. Gostamos de inventar alguns nomes que sejam divertidos. O último que alguém cunhou por aqui foi "indie ostentação". O importante é que não seja levado muito a sério e acabe levando à audição das músicas sem muito preconceito. De toda forma, acredito que a resposta mais autêntica que você vai encontrar pra esse tipo de pergunta nunca virá de nós, mas dos ouvintes e jornalistas do ramo.


Dentre as suas músicas, qual sua favorita?


Todas do novo disco são minhas favoritas. Ele acabou de ficar pronto!


Como a banda se juntou?

Sofia e Cairê me convidaram pra cantar numa banda cover de standards de jazz que eles estavam montando. Literalmente, chamamos os amigos próximos e um cara que o Cairê sabia que tocava violino bem [no caso, Felipe Ventura]. Não tínhamos muitas pretensões. Bom, como você pode notar, a ideia original se perdeu um pouco no caminho...


Como foi o processo de definir a sua identidade sonora?


Ultimamente, eu tenho pensado que é menos um processo de definição e mais um processo de desapego. No sentido de que a gente tá sempre tentando não se aprisionar. Como um grupo, somos muito criteriosos e críticos com tudo o que envolve nosso trabalho. Temos grandes aspirações quando estamos compondo e eu não tenho problemas em admitir isso. Faz parte da nossa identidade um certo romantismo. Cada música tem que ser um novo capítulo na nossa trajetória, pelo menos pra nós. Esse é o nosso combustível e é o que temos de melhor pra oferecer nesse momento, tentar fazer algo que seja o mais autêntico e genuíno possível. Pra isso, a gente tem que sentir que está em constante movimento.


Uma lembrança querida da carreira?


Tocar nossa versão de Noite de Temporal com a Elza Soares. Foi um casamento perfeito!



Qual vocês acham que é a maior dificuldade do cenário musical brasileiro atualmente?


A falta de um mercado médio. Você pode criar uma banda ou fazer um disco, ganhar reconhecimento, começar a conseguir tocar em alguns lugares melhores, às vezes até botar alguns trocados no bolso. Só que cedo ou tarde você dá de cara num muro. Existe um vácuo gigante que separa os artistas pequenos dos artistas grandes. Quando você atinge um determinado tamanho, como artista independente, principalmente, você não tem muito pra onde ir ou o que fazer. Existem poucos recursos, casas de show, projetos, incentivos e oportunidades pra artistas que já não se configuram como pequenos mas também não podem ser considerados grandes. Ou seja, ou você é catapultado lá pro estrelato por uma questão de sorte ou bons contatos ou você fica andando em círculos procurando uma brecha nesse muro. Muitos desistem nesse momento. A Baleia está entrando nesse momento. Vamos lutar com unhas e dentes pra quebrar esse muro e ajudar a criar um terreno fértil para artistas independentes que já provaram o seu valor.


Uma banda nacional que vocês acham que todos deveriam ouvir?


Eu acho que o Carne Doce tem uma parada bem especial. Tô ansioso pra ouvir o próximo disco deles. E tem o projeto Xóõ, composto pelo Felipe e Cairê, mais o Vitor Brauer, mais o Ventre, mais o SLVDR, mais o Bruno Schulz que tá pra sair do forno. Indico fortemente esse disco e todas as bandas e artistas nele presentes.





(As colunas vão seguir dois modelos: em alguns casos, conversamos com as bandas, então vocês poderão saber um pouco mais sobre eles por eles mesmos; e em outros, por não conseguirmos contato, faremos apenas uma apresentação da banda)





Autora: Ariel Carvalho 


Ariel é uma lua de Urano, um espírito do ar, um sabão em pó, uma marca de carro e uma pequena sereia, mas também é uma carioca de 20 anos, futura bibliotecária que não consegue terminar a meta de leitura, sabe tudo de Monty Python e chora com filmes de ficção científica. Eu escrevo no collinscalling.blogspot.com


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1 comentários

  1. Essa música e esse clipe de Estrangeiro <3
    Vou começar a chamar as bandas que eu ouço de indie ostentação ahsiuahsauhsa melhor gênero
    Eu recomendo cês ouvirem Aeroplano, é uma banda bem gostosinha :)

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