Alain de Botton
autoajuda
Pornoliterário: Como pensar mais sobre sexo, de Alain de Botton
11.2.16Elilyan
“Não pensamos muito sobre sexo; na verdade pensamos sobre ele da maneira errada.”
Sou fã do filósofo suíço Alain de Botton, então quando soube que a editora Objetiva lançou os livros da organização The School of Life fiquei bastante empolgada. “Como pensar mais sobre sexo” é um livro de autoajuda inusitado, pois ele não vai te “ajudar”, mas sim te instigar a refletir sobre a sexualidade, abrangendo assuntos como desejo, rejeição, pornografia, fetichismo e adultério.
“Deveríamos aceitar que o sexo é inerentemente estranho em vez de nos culpar por não reagirmos com mais normalidade a seus confusos impulsos.”
Interessante pensar em como tema tão explorado é ainda polêmico. Com seu já conhecido bom humor e sarcasmo Bottom utiliza dos ensinamentos dos sábios Platão, Freud, Stendhal e outros para trazer a luz questões que passam por nossa mente, mas que muita vezes temos vergonha de expor. Não ter medo de tocar em assuntos que costumamos jogar para debaixo do tapete é o que torna “Como pensar mais sobre sexo” um manual do sexo excelente.
Assim como uma transa tem seus momentos incômodos e estranhos, “Como pensar mais sobre sexo” também tem os seus. Para um livro contemporâneo sobre sexo ele é retrogrado e pouco inclusivo. É irritante observar que Bottom só se concentra em relações heterossexuais e que alguns exemplos são estereotipados (apesar que o exemplo utilizado no capítulo Amor e Sexo ser sensacional, pois me fez refletir sobre os papeis da relação homem/mulher preestabelecidos pela sociedade).
O tabu que o impede de anunciar a ela “Eu quero amar e cuidar de você com ternura pelo resto da minha vida” é tão forte quanto o que a impede de dizer a ele “Eu quero trepar com você no meu quarto de hotel e depois dizer adeus para sempre”.
Mesmo com falhas que me incomodam tremendamente, “Como pensar mais sobre sexo” é um livro que recomendo para quem deseja encarrar de uma forma madura as questões envolvendo a sexualidade. O capítulo sobre adultério, meu preferido, é um tapa na cara. Simples, direto e honesto talvez desagrade aos que acreditam no “e viveram felizes para sempre”, mas é extremamente competente em instigar o leitor a repensar sobre compromisso e idealismo.
“A pessoa que fica brava por ter sido “traída” está fugindo de uma verdade básica e trágica: não podemos ser tudo para outra pessoa.”
Uma coisa sensacional em “Como pensar mais sobre sexo”, além do seu conteúdo, é que o livro possui um trabalho gráfico excelente. Pequeno com bordas arredondadas o livro parece um moleskine. A capa cinza com um interruptor rosa acido é minimalista e criativa. Bonita sem esforço. Parabéns editora Objetiva pelo trabalho.
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