Depressão não é um osso quebrado. Não é uma pancada violenta que traumatiza o seu corpo, não inflama nem incha. Depressão é sutil, é um sentimento que te embala lentamente, uma erva daninha que germina dentro de você e se alastra com o passar dos dias. Quando você se dá conta de que está lá, ela já criou raízes e está dando frutos. Ela também não é uma dor constante como a de um machucado, e muito menos uma que você pode anestesiar tão facilmente com um analgésico. Os dias ruins são um golpe cruel, mas os dias suportáveis é que são realmente diabólicos, pois eles te fazem acreditar que você pode se conformar com a miséria; que aquilo é o mais próximo que você vai chegar da felicidade. Ela pode viver anos disfarçada de normalidade sem ser notada.
“Minha depressão é um metamorfo. Um dia é pequeno como uma libélula na pata de um urso, no outro é o urso. Nesses dias eu me finjo de morto até o urso me deixar em paz. ”
“Ansiedade é o primo visitando de outra cidade que a Depressão se sentiu obrigada a trazer para a festa. Eu sou a festa, mãe, só que eu não sou uma festa em que eu quero estar. ”
As coisas boas continuam sendo boas para você, mas elas não duram. Aquelas alegrias que te fariam sorrir por semanas logo se apagam e dão lugar a um marasmo incolor. Por outro lado, qualquer coisa ruim é a gota d’agua transbordando o copo no meio da tempestade. Tudo te põe no limite, tudo te deixa estressado, tudo te irrita. E você sabe que isso te faz mal, que sentir essas coisas é toxico, mas você gasta toda a sua energia na manutenção dos seus sentimentos e nunca parece ser o suficiente. Você simplesmente fica sem forças para lutar contra isso e acaba virando um escravo dos sentimentos ruins.
“Eu estou sonambulando em um oceano de felicidade no qual eu não posso me batizar”
E então existe a letargia. O que não te contam é que você não fica jogado na cama o dia todo por que está com sono. Você está sempre cansado, mas nunca tem sono. Você está na cama porque as vezes só te resta acreditar que se você não se levantar, aquele dia não vai existir. É uma tentativa desesperada de fugir de si mesmo, porque qualquer coisa vale para sair da própria cabeça – que se tornou um lugar absolutamente insuportável. Qualquer coisa complexa demais, triste demais ou perturbadora demais machuca. Você se relega a coisas simples e vazias, coisas indolores. Você sobrevive. Você existe. Não mais do que isso.
“Minha depressão sempre me arrasta de volta para a minha cama, até meus ossos virarem os fosseis esquecidos de uma cidade esqueleto afundada, minha boca um quintal de dentes quebrados de morderem a si mesmos. O oco auditório do meu peito desmaia com os ecos de uma batida de coração, mas eu sou apenas um turista descuidado aqui. Eu nunca realmente vou saber todos os lugares por onde eu estive ”
Trechos tirados de:
6 comentários
Diego apesar de triste, seu texto me fez bem. Obrigada
ResponderExcluirObrigada [2]
ResponderExcluirObrigada por ter publicado esse texto.O seu texto é triste?É. Mas é um desabafo muito sincero. E eu senti você aí, como se estivesse passando suas emoções para a minha tela, quase como um diálogo,sabe?Eu tenho me sentido triste ás vezes, e indisposta, mas, por causa desse texto eu sei que eu não tenho depressão. E por causa desse texto e da sua superação eu posso ficar melhor disso. Obrigada novamente.Só te desejo amor. :) <3
ResponderExcluirPerfeito
ResponderExcluirSei que o post é antigo, mas acho que a intenção é valida.
ResponderExcluirVou usar esse texto quando for contar para minha mãe que tenho depressão, para ajudar a explicar para ela como eu me sinto.
Não sei se o autor ainda está no CC, mas se estiver, muito obrigada, de verdade <3
Li tudo o que eu to passando ai. Como é difícil aceitar, como é difícil conviver com isso.
ResponderExcluir