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Sem vergonha: a naturalização da nudez e do sexo nas séries de TV

23.11.15Elilyan


Vamos ser honestos aqui: sexo é uma coisa que a maioria das pessoas fazem, em alguma etapa das suas vidas, e algumas gostam. Então porque esse é ainda um tabu? Por que o sexo ainda é tão maquiado e antinatural quando visto através da telinha? Só eu acho estranho quando os cabelos estão sempre impecáveis? Ou que os personagens só sabem fazer o básico e eficiente papai-e-mamãe? Ninguém conhece o Kama Sutra, não? E acessórios? 

Ultimamente algumas séries de TV, como Masters of Sex, Mad Men, Californication, The Good Wife, The Fall, Sex and the City, Empire e entre outras, andam promovendo uma revolução sexual ao agregar o sexo como um elemento que ajuda a enriquecer as personagens e a trama. Fazer sexo é algo natural, ou seja, nada mais comum e lógico que as personagens também façam. Mas muitas vezes as cenas são vistas como polêmicas porque, infelizmente, somos uma sociedade cheia de inibições sexuais. 

Estamos tão desacostumados a pensar e falar sobre sexo de forma aberta e honesta que quando surge na tela um momento caliente além da zona de conforto da maioria da audiência, a polêmica é instaurada. Por exemplo, em Girls, série da HBO, a personagem da atriz Allison Williams, protagonizou uma cena de anilingus, o famoso beijo grego, e o caos se instaurou na internet. A cena de pouco mais de 2 minutos serviu para dar um tapa na cara da sociedade que ignora o ânus como uma zona erógena. 

Outra coisa que ignoramos é que mulheres gordas também fazem sexo. Em Empire, série hit da Fox, a atriz Gabourey Sidibe protagonizou uma cena de sexo com o ator Mo McRae. Isso foi o bastante para atiçar os haters de plantão. Mulheres gordas são sexies, atraentes e seres sexuais como qualquer outra. Determinar que uma mulher é menos atraente porque possui mais massa corporal que outras é uma tremenda estupidez. Assim como mulheres gordas fazem sexo, pessoas com mais de 50 anos também. Em Grace and Frankie, série da Netflix, o sexo na terceira idade é colocado em pauta com muito bom humor e honestidade.

Também é estupidez ignorar que as mulheres são seres sexuais, com desejos e fantasias, e assim como os homens gostam de apreciar corpos nus. Séries como Sense8 (Netflix) e Outlander (Starz) vão na contramão da corrente quando sensualizam os corpos masculinos para agradar ao olhar feminino. O deslizar da câmera pelos corpos de Sam Heughan, Miguel Ángel Silvestre, ‎Max Riemelt e Alfonso Herrera é um ato que serve para os objetivar sexualmente. Em Sense8, a cena em que a personagem Daniela se masturba enquanto observa Lito e Hernando fazendo sexo demonstra que os roteiristas de Sense8 estão conscientes que uma parcela da população feminina acha excitante ver dois homens transando. Sem falar sobre a cena do sexo grupal ou as milhares entre a Nomi e a Amanita. Os irmãos Wachowski, desde Matrix, sabem que o sexo pode ser utilizado como um elemento enriquecedor para a trama e o desenvolvimento das personagens. 

SIM! Pessoas com mais de 70 anos fazem sexo
Assim como os Wachowki, outros bons roteiristas andam se utilizando das cenas de sexo para inserir reviravoltas nos enredos, evoluir e enriquecer personagens e abrir portas para questões importantes, como feminismo, racismo, gordofobia e LGBT, que precisam ser debatidas. Obvio que também existem roteiristas que utilizam o sexo de forma gratuita, só pela polêmica (oi, Game of Thrones). Cabe a nós, como audiência, separar o joio do trigo, abrir a mente e deixar o preconceito e a vergonha de lado.

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3 comentários

  1. Esse texto <3
    E ultimamente eu tenho ficado bem feliz com as coisas que vejo, parecem que estão começando a perceber que as mulheres tb possuem desejos e que isso é ok, é natural.

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  2. 2015 e eu ainda tenho vergonha de assistir cenas de sexo acompanhada. Principalmente se é gente de família.
    Estou assistindo JJ e tipo, super diboinha com as cenas, até recomendaria aliás, mas não teria coragem de assistir com alguém do meu lado.

    Como ouvi comentando uma vez, é pra se pensar que a gente é tranquilo com cenas de violência, mas cenas de amor nos deixam desconfortáveis.

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  3. E Queer as Folk? Falar de LGBT+ sem falar deles... Precisamos. :)

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