Às vezes tudo o que você quer é mandar o mundo explodir. Dizer que não quer ouvir, que não está interessado nos problemas dos outros, você já tem as coisas da própria vida pra pensar. Tem vezes que a vontade é falar para o outro ficar quietinho porque você não está nem aí para as queixas dele, que se ele quiser te oferecer um chocolate tudo bem, mas se for pra se lamentar, bem que ele podia deixar para outro dia. Mas isso não pode. Isso é feio.
Você pode até dar um sorrisinho amarelo para a pessoa, mas se a mandar calar a boca, você é visto como um antipático, grosso, mal educado. E isso só piora quando você está estudando/é um psicólogo. Se você diz que é uma pessoa impaciente, todo mundo vem com a história que não pode. É um tal de "você tem que ouvir o outro, ser simpático, ser isso, ser aquilo."
Só que não é bem
assim. Eu fiz psicologia, mas isso não muda o fato de eu ser uma pessoa como qualquer outra, tenho o
direito de não querer dar atenção pra alguém. Quando eu estou no trabalho, com algum paciente, é claro que estarei
completamente inserida naquilo, não ficarei xingando nem nada. Minha postura será
outra. Agora, se eu estiver num bar tomando umas biritas com os amigos, não
preciso ser a conselheira, a boa ouvinte. Não preciso ter paciência quando
estou no cinema e várias crianças começam a gritar enquanto eu quero ver um
filme. Eu posso desejar que o mundo se exploda e isso não vai me fazer
uma profissional pior.
Às vezes as pessoas confundem
as coisas e acham que a sua profissão é quem você é, mas não é bem assim. Psicólogos
também ficam tristes, também ficam cansados de tudo, também podem querer xingar
ou qualquer outra coisa. Temos direito de falar "foda-se, não estou nem aí pra você" sem que isso nos torne monstros.
Quando você chega a um
lugar cheio de psicólogos, percebe que ali existem pessoas com personalidades variadas. Pessoas calmas e agitadas, pessoas falantes e caladas. Pessoas.
Não esperem que psicólogos
sejam sempre sorridentes e bons ouvintes, pelo menos, no que se refere a mim
isso não é uma verdade. Eu adoro ajudar as pessoas, não ligo para ouvir, sou no
geral alguém com quem se pode contar, no entanto, têm horas que eu sinto
vontade de falar "EU NÃO ME IMPORTO", e ainda vou continuar sendo
legal.
Até parece que esse post foi uma espécie de desabafo, mas não, foi muito mais o desejo de falar
que todos, sem exceção, temos nossos momentos em que pensar em nós mesmos é
mais importante, que é melhor sermos os primeiros nas nossas listas de
prioridades do que nos anularmos pelos outros. E convenhamos, um foda-se bem
falado lava a alma.
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Taiany Araujo
2 comentários
Concordo plenamente com vc, Taiany. Ninguém é obrigado a coisa alguma, muito menos a estar disponível pras pessoas sempre. Me identifiquei bastante pq tbm acho que sou boa ouvinte e alguém com quem que se pode contar, mas, cara, tem dias que vc simplesmente não tá a fim. E isso não faz de vc uma vaca. Como vc disse, só faz de vc uma pessoa. Tbm não gosto de gente boazinha que tá sempre disposta. Gosto de gente que diz não, que não pode e que simplesmente não quer. Nesses eu consigo confiar.
ResponderExcluirExatamente Adriana, fico feliz por não estar sozinha no mundo.
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