Eu, sinceramente, esperava que o livro fosse de terror (?), mas me deparei com um enredo investigativo recheado de suspense. Sorte a minha,porque essa pegada policial me atrai mais que terror. Decidi ler esse livro por ser nacional, temos que valorizar nossa cultura, e essa história só confirmou que temos, sim, riqueza no nosso mundo literário.
A história acontece em torno de Éric Schatz, um burguês nascido no Rio de Janeiro que se muda pra São Paulo a fim de estudar. Em Sampa, no apartamento de Éric, começam uma série de ações sobrenaturais, como se alguém estivesse morando com ele. Eric chega avistar um vulto do tal "colega de quarto".
A partir disso o jovem começa a questionar sua sanidade, fica extremamente nervoso e desequilibrado. Desesperado, Éric vai atrás de um detetive particular em busca de ajuda, entretanto, de uma hora pra outra, ele se atira pela janela do seu apartamento. Instigado pelo mistério do suicídio de Éric Schatz, o detetive Conrado fica determinado a desvendar esse mistério. À luz do desenrolar da trama, descobrimos a existência de uma série de dramas paralelos ao suicídio de Éric.
O livro se valoriza por não ser previsível e ter uma leitura fluida. Quando você acha que nada mais pode ser descoberto, o autor enlaça mais um drama que coincide na trama principal. Durante todo o livro, a narrativa te prende e é bem suave, e não se perde em nenhum devaneio entediante.
Apesar de pegada investigativa, o autor cria um suspense jogando elementos sobrenaturais. Chegou uma circunstância em que eu fiquei grilado e até aflito, porque não sabia se a história realmente falava de algo real ou sobrenatural. Minha imaginação me deixou bem agoniado em alguns capítulos.
Além disso, "Colega de Quarto" mostra perspectivas próximas a nossa realidade, como o machismo. Na história, Miranda Schatz coordena a empresa inteira durante o longo ano em que seu marido estava acamado, e, mesmo com ele impossibilitado por causa de sua doença, ela não expõe que é a dona de fato, diz pra imprensa que é só uma representante de Eustáquio Schatz, antigo dono e seu marido. Quando há um diálogo entre o detetive Conrado e Miranda, ela diz que não pode assumir publicamente porque a empresa desvalorizaria, propostas seriam negadas e duvidadas pelo fato da Editora estar no poder de uma mulher. É legal porque a narração mostra ambos personagem gozando do machismo, eles sabem muito bem do potencial de Miranda. Não é pelo fato dela ser mulher que ela não saberia coordenar a empresa, aliás, ela realiza esse cargo excepcionalmente.
É um livro que indicaria para pessoas que gostam, assim como eu, de mistérios à la Agatha Christie ou Sherlock Holmes. Com uma pegada mais investigativa que sentimental ou fictícia.
Sobre a nota: dou quatro conversinhas porque esse livro é muito bom. Me agradou e até me fez sentir sensações -fiquei com medo!-. É um livro que me prendeu e sem nenhum ponto ruim e, pelo contrário, tem momentos de crítica social. De quebra, é nacional. Entretanto, apesar de todos esses fatores positivos, não é um dos melhores livros que já li, e por isso não ganhou minhas 5 conversinhas.
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8 comentários
Comprei esse livro na Bienal. Estou curiosa para ler!
ResponderExcluirEspero que goste :B Se quiser compartilhar aqui o que achou, seria bem legal! Vai que eu esqueci de algum ponto crucial ou interessante da história /o\ D:
ExcluirObrigado por comentar!
Parece ser um livro interessante.
ResponderExcluirMas tenho uma ressalva quanto ao post: o termo inválido é ofensivo pra pessoas que tem deficiência, é capacitista.
É uma palavra bem ruim porque passa a ideia de que a pessoa que tem deficiência não tem valor.
(Mesmo que o livro tenha usado a palavra, não justifica usar ela aqui ou em qualquer outro lugar)
OI! Vou responder no comentário aqui debaixo, tá?
ExcluirEsqueci de comentar que, vai depender do contexto, mas essa palavra pode ser facilmente substituída: como já me disseram que a pessoa está com uma doença terminal, então é isso, pode substituir por "doença em estágio avançado" ou terminal.
ResponderExcluirMas tão importante quanto substituir a palavra é procurar entender o porquê de não usar. Além de ser ofensivo - e isso já ser motivo suficiente -, perpetua a ideia de que as pessoas precisam ser de um determinado jeito (ter um determinado corpo) pra serem válidas, ou seja, invalida/anula a existência de vários grupos de pessoas e, de quebra, foca no que não é possível fazer, quando poderia focar na pessoa.
Os links não são sobre o uso da palavra, mas mencionam em algum ponto e são escritas por pessoas com deficiência:
http://www.revistacapitolina.com.br/capacitismo-discriminacao-das-pessoas-com-deficiencia/
http://blogueirasfeministas.com/2013/09/nem-deficientes-nem-doentes-corpos-desejantes/
Primeiro, obrigado por responder! Então, entendi. Obrigado por comentar sem ser rude, estou de cabeça aberta pra ti. Provavelmente, pensarei duas vezes antes em como me referir alguém que fuja dos padrões de normalidade. Por isso, MUITO obrigado.
ExcluirFalando desse assunto, do caso do deficiente físico, como me refiro a ele sem que seja ofensivo? Como eu me refiro a ele num caso em que eu precise estritamente falar das características físicas dele? Seria "Pessoas com deficiência"?
Agora vamos falar do livro. O personagem do livro não é deficiente físico, não estava em fase terminal ou estágio avançado. Ele tinha câncer e, por causa da doença, estava deitado numa cama. Na maneira que foi retratado ele não tinha força pra levantar da cama, pra pensar ou até pra viver (me arrisco a dizer).
Como eu retrataria esse personagem? Porque nada foi dito quanto a deficiência física ou se estava em estado terminal. Quando eu escuto "alguém com deficiência" ou "em estado terminal" eu imagino pessoas capazes, uma com deficiência e outra, com menos tempo de vida, mas, jamais, praticamente mortas de tão fracas numa cama. Nesse caso ainda seria ofensivo usar "inválido"? Como eu me retrato a uma pessoa neste estado?
Fui rude? Teve algum desvio da norma gramatical na minha resposta? (Digo, tem algo errado?)
Se fui grosso, foi mal. Estou tentando fazer meus textos soarem menos agressivos ou "autoritários".
Ansioso pela resposta! =D
Então, Tino, eu não sou a pessoa mais indicada pra responder suas perguntas, porque não tenho deficiência e não tenho propriedade nenhuma sobre o assunto. Vou tentar responder o que for possível, mas aconselho que procure respostas direto da fonte, pessoas que tem deficiência saberão responder melhor essas questões.
ExcluirNos links que eu deixei, as duas mulheres explicam ou citam informações sobre a melhor forma se referir, que seria colocando a pessoa em evidência e não a deficiência ou o que ela não pode fazer, por isso o termo "pessoas com deficiência". Perceba que "pessoa com deficiência" coloca o foco na pessoa, a pessoa tem uma deficiência; enquanto "deficiente" foca no que ela não pode fazer, torna a deficiência evidente. Lembrando que "pessoas com deficiência" é um grupo muito grande e heterogêneo.
Para grupos mais específicos vai variar, por exemplo, para deficiência física existem várias nomenclaturas, como paraplégica, tetraplégica, cadeirante, existe a possibilidade da pessoa ter um ou mais membros amputados. São vários tipos de corpos.
Mas >eu< não estou apta a dizer quais deles são mais adequados, isso é uma coisa que deve ser perguntada as próprias pessoas com as respectivas deficiências.
Sei menos ainda sobre a perda ou ausência de sentidos. Os surdos, por exemplo, fazem questão de se chamarem surdos e que sejam denominados dessa forma. E, ao que parece, cegos também preferem ser chamados de cegos.
Importante: o termo surdo-mudo é incorreto, pois geralmente o problema da fala de uma pessoa surda está relacionada a falta de audição.
No caso do livro é bem mais simples, não precisava especificar nada, bastava ter dito que o marido estava impossibilitado ou acamado (que é o mesmo que deitado em uma cama).
Uma possível reconstrução seria:
Miranda Schatz coordena a empresa inteira durante o longo ano em que seu marido estava acamado [ou de cama], e, mesmo com ele impossibilitado por causa de sua doença...
Sobre "inválido", a minha opinião é de que nunca deveria ser usado pra falar de pessoas, qualquer pessoa.
Sobre o texto e a resposta, eu acho que você tá no caminho certo, não me pareceram agressivos nem autoritários.
Não reparei muito na questão gramatical, o que provavelmente é um indicativo de que estava ok. xD
LORENA! Oi! Voltei o/
ExcluirEntendi, verdade. Reparei nisso e ultimamento só tenho falado o termo "pessoas com deficiência" quando eu preciso me referir a esse aspecto. Ainda bem que peguei rápido, tenho um sério problema em falar "nomes". Sou tipo aquelas pessoas que falam uns 3 ou 4 nomes até acertar. hahaha
ACAMADO! OBRIGADO! Vou até consertar aqui no texto.
Eu perguntei pra Dana na hora, ela chegou a comentar que "inválido" era péssimo, porém que ela não sabia o que eu poderia escrever. Não consegui achar no meu vocabulário uma palavra substituinte também. )':.
Muito obrigado! Uma das minhas maiores dificuldades é me comunicar. Sou sempre entendido como "superior", grosso e adjetivos próximos a esses dois. Então fico meio paranoico D:
Abraço e obrigado mais uma vez por falar! \o/