Tudo começou no dia 10 de março de 2014. Uma rádio aqui do Rio tinha retornado depois de anos fora do ar, e estava sorteando ingressos a baldes pro Imagine Dragons e pro Arcade Fire, em abril (eles aproveitariam a vinda pro Lollapalooza e iam tocar no Rio também).
Ok. Muito legal. Mas pros que estão acostumados a usar a internet e não mais o velho telefone pra se comunicar com rádios: ESTA JOÇA ESTÁ SEMPRE DANDO OCUPADO. CENTENAS DE PESSOAS ESTÃO LIGANDO AO MESMO TEMPO QUE VOCÊ. Eu tirava períodos do dia e tentava ligar, sei lá, por 10, 15 minutos. Não dava. Sempre ocupado. Eu já estava gravando o som que as teclas do número faziam. No dia seguinte, eu mudei a abordagem: sempre que passava pelo telefone, tentava ligar uma vez. Dava ocupado, seguia em frente, tem outros telefone. Mas no meio da tarde, eu liguei, completamente desesperançosa, já esperando o barulhinho de ocupado, quando a ligação chama duas vezes e um cara atende. Eu fiquei meio WAT GENTE O QUE EU FAÇO O QUE EU FALO AH É TENHO QUE FALAR ALÔ (odeio falar no telefone, como dá pra perceber).
Minha relação com telefones descrita em uma gif. |
Como na hora eu nem estava ouvindo a rádio, não sabia se estava rolando ingressos na hora. O rapaz (muito solícito, que não me lembro exatamente se ele se chamava Rafael, mas se for Rafael, saiba que nunca te esquecerei) respondeu que estava, e pra qual show eu queria me inscrever, e eu disse "Arcade Fire". Um tempo depois, eu ouvindo a rádio enquanto estudava história pro vestibular/ENEM, o locutor disse que ia dar resultado de promoção pro Arcade Fire. E disse meu nome.
Depois de eu gritar loucamente, cair no chão, minha mãe vir correndo pra ver se tinha algum serial killer me matando, mas depois de entender o que estava acontecendo comemorar junto comigo, liguei pra minha amiga pra falar pra ela que eu tinha ganho os ingressos e que eu ia levá-la. Segue o diálogo:
Eu *susurrando e tentando ficar calma, sem sucesso* : Isabelle, eu liguei pra Rádio Cidade, me inscrevi na promoção pro Arcade Fire e ganhei um par de ingressos e a a gente vai pro show.Ela *susurrando e tentando ficar calma, sem sucesso* : Ai merda merda merda, eu tô no meio da rua eu não posso gritar aaaaah.
(A propósito, uma ligação parecida com essa ocorreu quando ela ganhou um par de ingressos pra premiere de Sherlock Holmes 2, com presença do Rei Roberto Downey Jr em pessoa. A única diferença é que as duas estavam em casa e a ligação foi feita aos berros tipo AI MEU DEUS NÃO ACREDITOOOOO A GENTE VAI VER O HOMIIII AAAAAAHHHHHH).
Porém, contudo, todavia:::: eu sou uma pessoa muito, muito pessimista. Faltava quase um mês pro dia do show. Antes de gritar pra todo o mundo via redes sociais, eu esperei o carinha da rádio me ligar pra falar sobre como eu poderia pegar os ingressos. Aí comecei a pensar "Meu Deus, e se ele não ligar? E SE PERDEREM MEU NOME?? AI MEU DEUS". Eu andava pela casa com meu celular sempre junto comigo, olhava ele toda hora pra não ver se tinha ligações perdidas. Mas no dia seguinte, o carinha ligou e disse que meu nome ia estar numa lista no dia do show, e que eu deveria pegar meus ingressos lá.
Aí padawan, você deve estar achando "Ah, o cara ligou, tudo deu certo, você ficou mais tranquila.", certo? TOTALMENTE ERRADO. Se ele tivesse dito "Ah, vem aqui na rádio pegar os ingressos", tudo ia ficar lindo. Mas eu ia ter que esperar até o dia do show pra ter os ingressos na minha mão. Quem adivinhar o que eu fiquei pensando ganha um doce.
"Ai meu Deus. E se perderem meu nome?? E SE EU CHEGAR LÁ FELIZ PRA IR PRO SHOW E MEU NOME NÃO ESTIVER NA LISTA?? AH MEU DEUS!!11!OnZE!!" É, você acertou.
Toma aqui seu doce. |
Depois de aproximadamente três semanas ouvindo sem parar a discografia do Arcade Fire (na verdade, não parei de ouvir até hoje), chegou o grande dia. O show era na Barra da Tijuca, e se você não está familiarizado com a cidade do Rio vou te explicar uma coisa: as únicas pessoas que não tem problemas para chegar na Barra são as pessoas que moram na Barra. E isso não é exagero, pergunte pra qualquer amigo seu, chegar na Barra é uma droga. Eu moro na Baixada Fluminense (região metropolitana do Rio), o que já me deixa MAIS LONGE AINDA de lá. E eu ainda tinha que passar pela Zona Norte pra deixar minhas trouxas na casa da Bells antes de partir pra Barra (Zona Oeste). Ou seja, dei uma passeada boa.
Nós tínhamos que pegar o ingresso às 8 da noite. O caminho era por uma via expressa em plena hora de rush, pensamos que ia estar engarrafado, não estava, foi tudo lindo e maravilhoso. Chegamos lá, achamos a fila e o lugar pra pegar os ingressos, tudo lindo e maravilhoso... Só que eu ainda pensava "Cacete, e se meu nome não estiver na lista??". Sim, padawan. Tenho probleminhas sérios. Me distraí um pouco porque consegui ouvir um pouco da passagem de som e eu fiquei toda "MDS, EU ESTOU NO MESMO LUGAR QUE A MINHA BANDA PREFERIDA AAAAAAAA". Eu não consegui comer meu sanduíche com cheddar e beber minha Fanta laranja (só pra saber, cheddar e Fanta laranja são pra mim duas das melhores invenções do ser humano). Só fiquei calma quando peguei os ingressos.
OK, AGORA POSSO RESPIRAR. |
Antes de começar o show um dj chamado Windows 98 tocou um pouco, antes dos djs que iam abrir o show (era uma dupla de Niterói. Só lembro que eram gatinhos, não lembro o nome, foi mal). A cabine onde o Windows 98 estava tocando era no fim da pista comum (onde eu estava), então dava pra chegar lá e falar um oi pro cara. Eu vi um cara tirando foto e pensei "Pff, por que ele tá tirando foto com um dj who? Trouxa". Migues, o dj Windows 98 ERA O WIN BUTLER, VOCALISTA DO ARCADE FIRE. EU PODERIA TER CHEGADO PERTO DELE. MAS NÃÃÃO. EU NUNCA VOU ME RECUPERAR DISSO, NUNCA.
Ele usa esse lenço no rosto quando está discotecando, por isso não o reconheci. |
Depois de ouvir uma hora e meia de música eletrônica (não estava aguentando mais), o show começou. Quando a banda estava entrando, eu comecei a pular e gritar histericamente, mas depois me acalmei porque senão eu não ia aguentar metade do show naquele ritmo HAHAHAHAH. Dois momentos foram memoráveis pra mim:
* Eles tem uma música chamada "Neighborhood #2 (Laika)", que não tocavam em um show desde 2011. Os fãs aqui do Brasil se mobilizaram, pediram pela internet, criaram uma página no facebook (a Vai Ter Laika Sim), falaram com eles no aeroporto... e TOCARAM LAIKA! Todo mundo foi à loucura, eu peguei minha bolsa, joguei em cima da Bells, berrando alucinadamente "SEGURA MINHAS COISAS, POR FAVOR, SÓ NESSA MÚSICA, É LAIKA, CARA!!" e ela com uma cara horrorizada de "Ok, eu seguro, só não me mate".
* Eles tem uma música chamada "Neighborhood #2 (Laika)", que não tocavam em um show desde 2011. Os fãs aqui do Brasil se mobilizaram, pediram pela internet, criaram uma página no facebook (a Vai Ter Laika Sim), falaram com eles no aeroporto... e TOCARAM LAIKA! Todo mundo foi à loucura, eu peguei minha bolsa, joguei em cima da Bells, berrando alucinadamente "SEGURA MINHAS COISAS, POR FAVOR, SÓ NESSA MÚSICA, É LAIKA, CARA!!" e ela com uma cara horrorizada de "Ok, eu seguro, só não me mate".
Eu naquele momento... |
...e a Bells. |
* Quando tocou Sprawl II, a Régine ficou toda fofa rodopiando com o vestido branco dela, feliz que nem uma criança... foi o mais próximo de um anjo que eu já vi na minha vida. Eu pulei o show inteiro, menos nessa música, porque fiquei embasbacada com ela.
Aí vão algumas fotinhas:
The Suburbs. |
Papel picado, yay! Here Comes The Night Time |
Wake Up, versão acústica. |
Depois de chegar em casa. XAMA O XAMU, CAROLINE ESTÁ DES-MA-IA-DA |
Amigues, depois desse show eu passei a desejar piamente que todo ser humano desse planetinha azul um dia possa ir no show da sua banda favorita. É uma experiência maravilhosa. Ver músicas que marcaram sua vida sendo tocadas na sua frente::: FUCKING AWESOME.
E como foi a história do primeiro show de vocês? Quase infartaram tanto quanto eu?
Sobre a autora:
Carol Cardozo. Nerd desde pequena (nutrindo não tão secretamente uma paixão pelo Han Solo desde os 4 anos de idade), entusiasta de séries, prefiro Netflix a baladinhas (a não ser que toque rock alternativo) e gravo perfeitamente diálogos de filmes (porém esqueço nomes de ferramentas).
TAGS:
arcade fire,
Carol Cardozo,
CCdiário,
CCShows,
colaborador,
diário,
fã,
primeiro show
1 comentários
Hahhaaha que post incrível! Fui em poucos shows na minha vida, mas gostei muito de todos os que fui. Mas, ao contrário da sua experiência, ainda não tive a chance de ver um show da minha banda favorita (bem, fui no do Nightwish em 2004, que na época era uma das minhas bandas favoritas e realmente foi especial). Na verdade, eu meio que poderia ter tido a chance de ir a alguns show de bandas que adoro, mas acabei deixando passar, geralmente isso acontece comigo e eu odeiooo isso, mas acontece. Enfim, curti muito seu relato hehe e até bateu vontade de ir num bom show.
ResponderExcluirBeijos, Livro Lab