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Crise Existencial: Ei, você está vivo

25.7.15Dana Martins


Eu terminei o último texto falando que a vida continua e que talvez essa seja a resposta geral para toda essa discussão de Crise Existencial. Como assim, Dana?

É que, tipo, parece que nós temos o enorme peso de decidir. De descobrir o propósito da nossa vida. Ou escolher o caminho. Sei lá, decidir o que vamos fazer da vida. Se eu vou continuar escrevendo esse texto às 3 da manhã agora que peguei o ritmo, ou dormir para ter uma boa noite de sono, vou ter que lidar com as consequências da minha opção. Só que... a vida continua.



Eu não sei se eu vou conseguir transmitir o quão fenomenal é a noção de que a vida continua.

Se eu deitar agora na cama e decidir não fazer nada, algo vai acontecer, porque a vida continua. É mágico assim.

Eu vou dormir. Ou eu vou ficar com fome. Ou vai encher o saco e eu vou pegar um livro. Vou receber uma mensagem legal. Vou esquecer que eu não ia fazer nada e quando ver to distraída fazendo algo. Não importa o que a gente decida fazer, as coisas continuam acontecendo. Eventualmente, eu vou fazer alguma coisa.

E nós meio que nunca podemos ser a mesma pessoa mais de uma vez. Mesmo que você fique uma semana deitado na cama, você vai deixar de ser a pessoa 1) que nunca tinha ficado tanto tempo sem fazer nada; e vira a pessoa 2) que passou uma semana deitada. Então mesmo que você escolha nada, algo vai acontecer. Por quê?

O tempo. 



Esse é o texto da terceira pergunta: o que vem depois da morte? Eu não sei. Eu costumava pensar que “há coisas que se fossem importantes, a gente saberia”, agora eu não to nem aí. Eu não consigo me importar. Mas a morte em si tem um significado na nossa vida: o tempo.

O tempo não é um tic tac do Crocodilo ameaçando a vida do Capitão Gancho em Peter Pan.

O tempo significa a linha temporal.

Significa que mesmo se eu não decidir nada na minha vida agora, vai existir amanhã.

Significa que mesmo se eu decidir algo agora, ainda vai existir amanhã! 

Um amanhã onde outras coisas podem acontecer.



No dia que não existir amanhã é morte. E, de certo modo, há diversas mortes durante a vida. Tipo a morte da inocência. Mas há também mortes em vida. A partir do momento que você acredita que não existe um amanhã, você está matando uma parte de você. Para o bem ou para o mal. (tipo a pessoa velha que diz que já não dá pra fazer faculdade)

Okaaay, não era pra ficar depressivo. E não é, porque nenhuma morte é definitiva enquanto você está vivo. 

Isso significa que eu não preciso decidir nada. Que nada é absoluto até a morte. Eu só preciso... talvez, levantar da cama.

Eu não sei.

O que eu sei é existe o agora. 

Tipo, agora.  




Oi, como você tá?

Você tá bem? Você tá mal? Você tá... tanto faz? 

A impressão é que a gente passa tanto tempo pensando no que vai ser ou do que já foi, que esquece do fato básico de que estamos vivos agora.

A Duda perguntou em um grupo como você lida com todas as perguntas não respondidas e inseguranças, acho que minha amiga tenha dado a melhor a resposta:

“A gente só vive."

("Às vezes o mais legal de viver pode ser essa busca por um motivo. Em vez de achar um motivo de verdade que te satisfaça.”)          

                    
E é possível viver bem. Se você não acha que está vivendo, você tem o direito de viver melhor. Continue buscando. Peça ajuda. Converse com as pessoas. Sofra, porque é ok sofrer. Mas vai em frente. Tem sempre uma série nova lançando. 

Eu acho engraçado que tem essa pressão de O QUE VOCÊ VAI FAZER DA VIDA. DECIDA A SUA VIDA. QUEM VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER? Só que na real ninguém é nada. As pessoas tão só... vivendo. Acreditando que são ou sabem alguma coisa. E sendo, porque pouco importa se é real ou não.

Já pensou quantas pessoas vivem no mundo e vivem de forma diferente? Tem gente que nunca teve as coisas que você acha essencial na sua vida. E está vivendo bem. 



Muita gente. Muitas vidas que nunca vão nem se encontrar. Consegue imaginar isso? Quando eu digo que essa gente toda não tem o que você acha essencial na sua vida, não digo gente sem condições. Estou falando da quantidade de formas de viver diferente, com prioridades e riscos (sei lá), que nunca existiram na sua vida. Enquanto faculdade é algo que me afeta, tem gente que passa a vida inteira sem nem saber o que isso significa. E continua vivendo. Bem. 

As dúvidas sempre voltam...

Eu vou morrer? Vai dar certo? Eu vou virar mendiga? Nunca vou realizar nada do que eu quero? Eu vou realizar o que eu quero? Alguém vai ler esse texto? Alguém vai achar que eu sou maluca? Eu sou maluca? Isso é desnecessário? Eu to viajando? Eu vou mudar de ideia daqui a 5 segundos? Eu vou ficar sozinha no mundo? Eu vou ter energia pra levantar da cama amanhã? Eu vou descobrir que tenho um câncer raro e a minha vida nunca mais vai ser a mesma? Eu vou ficar rica? Eu vou ganhar dinheiro escrevendo sobre não saber como ganhar dinheiro? Eu vou ser sacaneada por isso? Eu vou...


Eu não sei.

Por que eu to escrevendo esse texto?

Eu não sei.

Tem alguma importância isso?

Eu não sei.



Eu não sei


Eu não sei.



Mas eu to aqui mesmo assim. 



E a vida continua. 



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Olá, leitor. :)  Essa semana... não foi fácil. A melhor parte acho que foi assistir a terceira temporada de Arrow, onde curiosamente até o protagonista Oliver Queen entra em crise existencial. HUAHUAHAUHAUHA Por que não, né? Enfim, vou deixar só o texto aqui. Eu to meio cansada e sem condições de refletir se tá bom ou não. Vou acreditar que está e ir em frente. Acho que o importante, que é lembrar que nós temos o agora e se pudermos focar apenas nele, já é um enorme passo pra sair de qualquer crise. Tipo, realmente importa todas as perguntas? Você está aqui. Você está vivo. Nenhuma resposta vai mudar esse fato. O que vai te fazer bem agora?


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3 comentários

  1. O texto passado já tinha me feito lembrar de um vídeo, daí eu li esse e lembrei novamente. Talvez, você já tenha visto, mas pode servir para outras pessoas que passarem por aqui. "Coisinhas flutuantes", da Jout Jout https://www.youtube.com/watch?v=CC1rbEMtOCk

    Achei até meio engraçado esse lance de morrer, porque eu tenho uns medos paralisadores bem frequentes, principalmente agora que eu estou numa fase de viver experiências inéditas. Quando eu fico de frente pra experiência nova, me dá uma vontade de sair correndo muito forte, eu fico O QUE ESTOU FAZENDO AQUI??? E sempre o que me tira disso é um AH, QUER SABER? MORRER EU NÃO VOU, NÉ?, daí eu chuto o balde e vou com a cara e com a coragem.

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  2. “Às vezes o mais legal de viver pode ser essa busca por um motivo. Em vez de achar um motivo de verdade que te satisfaça.”
    Essa frase me fez lembrar do comerciante de cristais do livro "O Alquimista" do Paulo Coelho. Não sei o que vocês acham do Paulo coelho, mas eu adoro, e esse livro em questão me arrepia do começo ao fim. E ele fala justamente do tal propósito da vida que todos estamos buscando, que no livro é chamado de "Lenda pessoal". Mas tem esse comerciante de cristais em especial, que é um senhor que sonha em conhecer Meca, mas tem medo de realizar esse sonho, por achar que pode não conseguir continuar a vida depois disso.
    Não sei se tem muita coerência, rsrs, mas a frase acima me fez pensar que esse lance de propósito é tipo um ciclo vicioso, porque, se você encontra seu propósito e depois alcança ele, vai precisar de um novo propósito, porque, como o comerciante de cristais, corre o risco de não conseguir continuar a vida sem essa coisa que te mantinha de pé. E talvez a vida seja isso mesmo, essa busca infinita por um motivo...
    No fim das contas é tudo meio complexo, rs. E quanto mais refletimos, mais questões surgem e mais confusos ficamos.
    Mas como disse sabiamente a Dana, “Tem sempre uma série nova lançando.”

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