Ao longo do tempo o imaginário feminino foi responsável por criar e recriar o perfil do homem ideal. Atire a primeira bolinha de papel quem nunca suspirou por algum personagem literário. Seja ele antigo, como Darcy (Orgulho e Preconceito), Rochester (Jane Eyre) e Heathcliff (O Morro dos Ventos Uivantes), ou com um toque sobrenatural como Edward (Crepúsculo), ou com pinta de bad boy, como Snape e Jace (Instrumentos Mortais); diversos personagens parecem que foram criados unicamente para nos fazer suspirar.
Qualquer personagem é uma ideia. Mesmo inspirado em alguém real, um personagem fictício não passa de um conceito concebido pelo escritor, que coloca características agradáveis e desagradáveis que formam a personalidade do personagem. Alguns seres fictícios possuem o dom de serem mais atraentes que outros, independentemente do desejo do autor. Quem não lembra da angústia de J.K Rowling com a paixonite das fãs por Draco Malfoy?
A literatura ajudou a moldar meu ideal de relacionamento (provavelmente o seu também). Observe seus heróis literários favoritos e é bastante provável que exista um padrão entre eles. Por exemplo, os meus (Darcy, Heathcliff, Snape, Gatsby, Hamlet e Peeta Mellark) são homens inteligentes, corajosos, passionais, que sabem admirar e valorizar as mulheres e possuem a capacidade de serem emocionalmente leais a uma única mulher. Já que estou sendo honesta aqui, também percebo que alguns dos meus heróis românticos possuem características desagradáveis como, por exemplo, são egoístas, preconceituosos, vingativos e com tendências sociopatas (estou olhando para você, Heathcliff). Na vida real inconscientemente procuro alguém como meus heróis românticos.
“Sometimes I wonder if there's something wrong with me. Perhaps I've spent too long in the company of my literary romantic heroes, and consequently my ideals and expectations are far too high.”
- E.L. James, Fifty Shades of Grey
A questão é que se apaixonar por alguém que não existe é divertido, mas quando isso passa do controle surgem problemas. Fantasiar é importante, mas sempre com os dois pés no chão. Querer arrancar o personagem das páginas do livro e colocá-lo na vida real só funciona em filmes da Disney. Da mesma forma que algumas pessoas se apaixonam por alguém baseado no que elas acham que a pessoa seja, criar ideais e expectativas nos relacionamentos reais com base nos da ficção é uma tolice sem tamanho.
Vamos ler, nos encantar e nos apaixonar pelas histórias e seus personagens, mas quando, enfim, surgir alguém novo, vamos procurar conhecê-lo deixando de lados os ideais e sonhos que alimentam nossas almas. Pessoas reais merecem serem vistas sem o véu da fantasia.
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4 comentários
Oi Elilyan!
ResponderExcluirAdorei o texto e é bem isso mesmo que você falou. Porém, é quase impossível não fantasiar, por mais que a gente queira xD
Bjs,
Fernanda
http://blogimaginacaoliteraria.blogspot.com.br/
Oi Fernanda.
ExcluirFantasiar é tão bom, pena que não dá para viver de fantasias.
Obrigada pelo seu comentário.
Abraços.
Olá!
ResponderExcluirAcho que inconscientemente acabamos moldando os nossos relacionamentos a partir do que lemos, como você tão bem retratou. Não acho que fazemos por mal, mas não deixa de ser desonesto entrar em um relacionamento com tantas expectativas. Até o momento não tinha parado para pensar em quais seriam os meus moldes literários kk Acho que são Darcy, Will (Como eu era Antes de Você) e Robert (As pontes de Madison)
Beijos
http://numrelicario.blogspot.com.br/
Oi Erika.
ExcluirAcho que por ser inconsciente a gente tem que ficar ligadas nas expectativas para não frustar ninguém. :/ Relacionamentos são tão complicados.
O Robert, de As Pontes de Madison é incrível mesmo.
Abraços.