(Ou como decidi matar a resenha tradicional)
Não tem spoilers. \o/
Se você é meu amigo, provavelmente recebeu alguma mensagem estranha um dia desses de manhã quando eu terminei de ler Por Lugares Incríveis e estava morrendo. Eu meio que tive uma overdose literária e precisei escrever tudo o que eu tava sentindo pra sobreviver. Aí eu pensei: coloco ou não coloco isso no blog? Decidi que eu coloco.
Por quê?
Coloco porque arte não é só aquela análise fria que você faz 2 anos depois com base em mil estudos. Arte é o momento. Arte é a hora que você chora, que você grita, que você ri e que fica louco. Resenhas, no sentido comum, ignoram em muito a parte humana de uma leitura. Aliás, as resenhas tradicionais são um assassinato à experiência pessoal. Então aqui vão os meus feels, antes de eu completar o raciocínio.
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Digamos que são 6 da manhã e eu acabei de ler o livro. A merda é que é férias e todos os meus amigos estão dormindo. Quase liguei pra o meu irmão mesmo assim só pra ver se ele tá bem. Sei lá, ele ia viajar na última noite. Vai que aconteceu algo?
Na verdade, eu sei que é só um medo irracional (existe medo racional?) mal direcionado. Um medo que essa história acordou em mim.
E a merda é que, como eu disse, são 6 da manhã, eu deveria ir dormir e não há muito o que fazer, é como se o mundo inteiro não existisse porque não há nada a fazer. O mundo meio que precisa de pessoas pra girar e nesse instante está pa-ra-do. Separado assim mesmo.
Só que eu não estou nada parada, internamente. É muito energia... Sabe que agora eu consigo respirar aliviada?
Antes eu não conseguia.
Caramba, talvez eu seja uma dobradora de fogo. Sabe, os dobradores de fogo manipulam energia, eles têm um poder especial de canalizar raios através do corpo e é assim que eu me sinto agora. Eletrizada. É como se a história tivesse acertado um raio de energia em mim e eu tivesse agoniada até... direcionar pra fora de mim nesse texto.
Alguns momentos atrás eu estava jogada no sofá (bem longe do meu quarto gelado onde eu terminei de ler) me sentindo em pedacinhos. Um incômodo doloroso no peito. Até começar a escrever aqui eu nem tinha percebido que não estava respirando direito. Agora eu estou no quentinho e... em paz. Eu ainda sinto algo em mim se encolher quando eu penso na história, mas estou um pouco melhor.
E é assim que essa história me deixou.
Eu não sinto como se fosse certo fazer uma análise comum de Por Lugares Incríveis, é como se fosse desrespeito. "Oh, essa escrita é mal trabalhada, esse personagem é..."
VOCÊ TÁ MALUCO? COMO PODE DIZER UMA COISA DESSAS?
Talvez isso também seja raiva má direcionada, talvez eu queira fazer isso com o livro que está lá caído em algum lugar onde eu joguei. Eu teria arrancado as páginas e feito em picadinhos se eu fosse um pouquinho mais sem noção (e outras pessoas não fossem ler). De qualquer forma, criticar o livro como se fosse uma pilha de palavras acumuladas parece desrespeito, porque essa história é mais do que isso: é dor, raiva, frustração, raiva, sorrisos, dor e um enorme buraco azul. Sim, acabei de transformar sorrisos e buraco azul em sentimentos.
Além disso tudo, essa é uma história importante. É uma história importante que as pessoas precisam ler. Precisam entender.
Eu quero escrever mais, mas não consigo. É como se eu tivesse violando algo "sagrado".
Nesse momento, eu amo essa história. Ela é linda. E delicada. E como uma música bonita.
Essa história me deu vontade de dizer para todo mundo "Eu te amo". Talvez eu deveria fazer pela diversão, talvez eu pareça louca falando isso do nada.
Eu não sei.
Eu te amo.
E você não está sozinho.
E só de pensar que você pode estar sozinho em uma situação sem saída... a dor volta. E a minha boca está doendo por cerrar os dentes com força demais enquanto eu escrevo isso.
Eu te amo.
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Essa imagem linda com parte do livro <3 |
Tudo bem, é um pouco vergonhoso compartilhar minhas alucinações e o fato de que o mais chocante nesse livro pra mim é a sensação de não poder fazer nada (e querer fazer mais). Mas eu achei importante compartilhar, porque é uma experiência pessoal em um momento que eu estava vulnerável. E, tipo, eu às vezes encontro pessoas que têm vergonha de se expressar porque "não é o certo". Com Por Lugares Incríveis mesmo eu fico: quase morri com a história e vai que pra o resto do mundo é uma merda?
Bem, o resto do mundo que se dane. Porque não importa quantas críticas negativas tenham sido escritas, não vai mudar o efeito que essa história teve em mim. E nem só de crítica negativa. O João outro dia disse que tava sem jeito de se animar com The Legend Of Korra porque poderia parecer coisa idiota de gente atrasada que tá assistindo depois que todo mundo já viu (não com essas palavras) e, tipo, não importa. O que você sente é válido. Hoje mais cedo escrevi sobre terem vergonha de ler livro erótico, como se fosse um tipo de literatura inferior. Também não importa. Se você tá lendo e adorando e sentindo, e daí?
A sua experiência é válida.
Quando fui fazer a minha resenha ~de verdade~ sobre o livro fui parar nessa página do Google, que é basicamente uma das melhores resenhas do livro |
Espero trazer mais resenhas de feels para o CC. Estou arrependida de não ter colocado aqui meu surto após ler A Queda dos Cinco (Legados de Lorien). Se eu achar eu posto.
-dana martins
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3 comentários
Eu acabei parando aqui, por algum motivo. E eu sei que esse texto é antigo e ele tem quase um ano de existência. Mas eu estava mal comigo mesma, e me sentindo sozinha, então quando você disse "eu te amo" e "você não está sozinho", eu quase chorei. Eu acho que eu precisava ouvir isso agora, mesmo que fosse de uma pessoa que eu não conheço. Então, muito obrigada, Dana. O mundo deveria ter mais pessoas como você. <3
ResponderExcluirpode comentar em post antigo, a maioria deles são válidos e nós recebemos o coemntários de qualquer forma!
ExcluirFico feliz que isso tenha acontecido. Se quiser falar comigo pelo twitter @danagrint ou mandar um email, pode também :)
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