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Fangirl, de Rainbow Rowell

12.2.15Isabelle Fernandes


Terminei Fangirl faz nem uma hora e estou aqui, totalmente maravilhada e impactada com um livro que poderia ser desprezado por muita gente. Por causa da capa. Por causa da autora. Por causa da premissa. Uma adolescente que acaba de entrar na faculdade, com dificuldades socialização e que encontra um amor. Provavelmente ele é considerado apenas mais um romance young adult, mas pra mim foi um dos livros mais profundos, devastadores e iluminadores que eu já li.

A história é triste. A narração, pelo ponto de vista da Cath, é triste. Mas não é de se surpreender, considerando tudo o que aconteceu. Cath e Wren são irmãs gêmeas idênticas, inseparáveis até o momento em que vão para faculdade e Wren decide dividir o quarto com outra pessoa, deixando Cath sozinha. Ou pelo menos é assim que ela se sente. Foram criadas por um pai instável e abandonadas por uma mãe no mínimo egoísta. Como se já não bastasse tudo isso, Cath é extremamente fã da série de livros Simon Snow, e escreve uma fanfiction romântica sobre ele e seu arqui-inimigo que faz um tremendo sucesso no fandom. Ela se sente estranha por isso, maluca. Acredita que as pessoas "normais" a considerariam uma aberração se soubessem disso. Já basta os pôsteres e as camisetas que possui.

Cath se sente nervosa diante de estranhos, diante de mudanças. Então é claro que ela fica angustiada com os primeiros dias de aula. Na verdade, não só os primeiros. Ela se sente constantemente sozinha, agravado pelo fato de que sua irmã se afasta cada vez mais dela e se aproxima cada vez mais da colega de quarto. Wren é expansiva, Cath, retraída. Wren sai com garotos, bebe e vai a festas, Cath gosta de ficar no quarto, escrevendo. Cath é totalmente dedicada o pai, cuida mais dele do que ele cuida dela. Wren se mantém fria, mesmo diante de uma emergência.

E mesmo assim a Cath está lá. Ela é uma das que mais precisam de ajuda nessa história toda, mas ela está sempre ajudando seu pai e sua irmã. Ninguém repara nela. Só o Levi.

Enquanto lia o livro me senti
como esse garoto atacado
deve ter se sentido q
Com isso dá pra ter uma ideia do porquê achei a história tão triste HUHGUIFDHGFIDUHGIDHGD, mas ainda tem o fato de que me identifiquei muito com a Cath. O medo de situações sociais novas, a falta de habilidade social com estranhos, a tendência a se fechar e a manter tudo pra si mesma quando isso pode envenenar a si própria. E também a relação dela com a escrita. Cath ama escrever sua fanfic e ama esses personagens que não são seus. Ela os conhece como ninguém e eles gritam para que ela escreva sobre eles, para que ela dê novos rumos à história deles. É como se os personagens fossem reais, dentro dela. É exatamente assim como me sinto, tanto com os personagens "emprestados" quanto com os meus, originais.

Além disso, tem a relação com a Wren. Não tenho uma irmã gêmea, mas tenho uma melhor amiga que sinto como se fosse minha gêmea. E não sei porquê, mas ver a Wren acabando consigo mesma  e se mantendo distante me doeu tanto quanto doeu na Cath. Era como se fosse minha amiga ali, perdida, e eu de mãos atadas sem saber o que fazer, sem poder fazer nada porque ela impedia. Isso nunca aconteceu, mas e se acontecesse? O livro me fez pensar nisso e sofri horrores.

Me fez pensar também: por que eu não escrevo? As histórias estão sempre aqui, na minha cabeça. Meus personagens estão sempre comigo. Eu amo meus personagens. Eu quero dar uma vida pra eles, uma vida feita de palavas. Quero voltar a sentir aquela sensação maravilhosa que me percorria quando eu escrevia algo e gostava. Traduzir imagens em palavras, que seriam interpretadas e transformadas em outras imagens por outras pessoas, a arte mais linda do mundo. Por. Que. Eu. Não. Escrevo?

Essa pergunta está comigo há anos, praticamente, e ainda não descobri a resposta.

Por fim, essa história é sobre ser fã. Quando Cath e Wren compram o último livro da série e começam a chorar eu me lembrei de cada série de livros que eu amei e que me fez chorar com o final. Não porque foi ruim, ou porque foi bom. Mas por que acabou. Viver meses ou anos naquele mundo incrível e saber que não vai ter mais daquilo é uma sensação agridoce que me faz chorar feito um bebê.

O fim de uma saga é ir do céu ao inferno e vice versa, repetidamente

Fangirl foi um livro intenso pra mim. Me fez chorar a maior parte do tempo, me fez ficar absurdamente triste, mas também me fez pensar em coisas boas como amizade, gentileza, união e nunca desistir de quem ou o que é importante pra você. E me despertou uma vontadezinha de escrever.

Quem sabe agora vai.

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3 comentários

  1. Oi, eu também amei Fangirl, apesar da raiva intensa pela Wren e a mãe delas. Também me identifiquei muito com a Cath, até demais, e suas idiossincrasias.
    Eu tbm tenho estórias rondando pela minha cabeça todo o tempo, até nos sonhos, e tenho tentando colocar algumas delas no papel.
    A sensação quando você termina uma estória, ou alguém comenta é indescritível.
    Beijos
    Gabi

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    Respostas
    1. E é ótimo também encontrar pessoas que entendem essa loucura que é ser (ou pelo menos querer ser) uma contadora de histórias xD

      ~Bells

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  2. Li Fangirl em uma madrugada e repeti pelo menos umas cinco. É impossível não me identificar com a Cath, tanto pelo lado geek dela quanto pela questão da ansiedade/fobia social, que eu também sofro. Para mim, Fangirl não é um mero livro Young Adult. É, provavelmente, meu livro favorito. A Cather me deu a coragem para enfrentar a simples e pura vida.
    PS: confesso que só entendi a piadinha Cather + Wren (Catherine) na terceira vez que li.

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