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Mentirosos, de E. Lockhart

22.10.14paulo

“Eu, Johnny, Mirren e Gat. Gat, Mirren, Johnny e eu.
A família se refere a nós quatro como os Mentirosos, e é provável que mereçamos.”

Meu nome é Paulo. Tenho 17 anos.

Minha experiência com a literatura pode ser curta, mas nunca havia encontrado um livro tão… decepcionante.

O trabalho do marketing de We were liars foi intenso desde antes do seu lançamento, com todo um suspense ao redor da trama e do supostamente grandioso plot twist. Depois de lançado, uma nova camada de expectativa foi adicionada pelos milhares de comentários positivos. Leitores maravilhados, empolgados, surpresos. Resenhas do tipo vocês-precisam-ler-esse-livro-agora.

Mas tudo isso não passou de uma promessa não cumprida. Mentirosos é, na verdade, uma bola de neve de promessas, que desce por um penhasco de expectativas e cai no fundo de um poço, revelando sua natureza fraca.

Meu nome é Paulo. Tenho 17 anos. E eu sou um mentiroso.

Quer saber mais? Continue lendo para ver a resenha completa!


Capa americana: beeem mais bonita que a nossa.
Agora estou pronto para dizer a verdade.

Depois de ter me deixado completamente apaixonado pelo seu O histórico infame de Frankie Landau-Banks [também tem essa análise da Dana, recomendo], E. Lockhart veio com um novo livro para me quebrar. Não sei se essa é a palavra que define com precisão o que eu senti após a leitura, mas é a que eu tenho momento.

Talvez seja isso mesmo: Mentirosos é uma grande quebra.

Primeiramente, podemos apontar a quebra no enredo, já que esse romance se destaca dos outros de Lockhart. Dessa vez, estamos diante da história dos Sinclair. Conhecemos essa família rica - tão rica que tem até uma ilha - pelos olhos de Cadence, a neta mais velha. Junto com Johnny e Mirren, seus primos, e Gat, sobrinho do marido de sua tia, eles formam os Mentirosos. Os quatro, cuja idade é bem próxima, se encontram na ilha Beechwood nas férias de verão desde os oito anos de idade, e sempre acabam aprontando algo.

Todo ano era a mesma coisa: eles não tinham nenhum contato, aí chegava o verão, se reencontravam, e era como se nunca estivessem separados. Cadence, Johnny, Mirren e Gat eram grandes amigos. Até que, no verão dos quinze anos, a situação mudou. Cadence sofreu um acidente estranho, e passou por um período bem ruim nos anos seguintes. Por dois anos, não falou com nenhum dos Mentirosos. Por dois anos, sofreu de depressão, enxaquecas e amnésia - brindes que ganhou do acidente.

Agora, Cadence tem quase 18 anos e está de volta à ilha Beechwood, completamente diferente de quem era desde a última vez que esteve lá. E não somente ela mudou, a forma como seus parentes lhe tratam já não é a mesma. Há uma cautela excessiva, como se escondessem a verdade. Porém, estar na ilha faz com que as lembranças de Cadence voltem, e a verdade fica cada vez mais próxima.

Mapa da Ilha Beechwood. Quero passar as minhas próximas férias lá, por favor.

Analisando a narrativa, percebemos outra quebra no livro. E. Lockhart escreve com frases curtas e intensas, que funcionam como pequenos espinhos, favorecendo o clima de desconforto ao longo do livro. Os parágrafos também são curtos, dando uma dinâmica especial à trama, e algumas vezes um único período é quebrado como se fossem versos. Além disso, ao contar sua história, Cadence utiliza uma série de metáforas que em certos momentos cortam o plano da realidade da narração com passagens fantasiosas, imaginativas.

E, por fim, a principal quebra do livro é o plot twist. A virada no enredo que deixou todos completamente surpresos, e me fez gostar ainda mais do romance. Depois de ler, eu me senti, de fato, quebrado. O livro parece ser uma coisa, te deixa animado, te leva a pensar em mil hipóteses e a ficar empolgado com o que vai acontecer. Até que, de repente, te conta a verdade. E isso te parte ao meio, te deixa sem chão. E o livro mostra ao que veio.

Nesse ponto, Mentirosos me deixou com uma sensação semelhante a que tive após a leitura de A Turma, de Alissa Grosso, livro que ainda receberá uma análise aqui no blog. Ambos apresentam uma revelação que transforma a perspectiva do leitor sobre a história, porém, há uma diferença essencial entre eles: enquanto A Turma só me chamou atenção por conta da virada, Mentirosos é um livro consistente. Desde o início os personagens convencem, e a história contada tem sua qualidade. E. Lockhart não precisou se apoiar no elemento surpresa para conquistar o leitor, ela consegue encantar já na primeira página, com a sua escrita bela e seus personagens cativantes.

Portanto, o grande trunfo de Mentirosos é apresentar uma boa história e fazer com que o leitor crie uma relação, para que depois quebre-a com seu plot twist. É por isso o livro vale tanto a pena, e é por isso que agora vocês vão sair correndo para ler e compartilhar suas impressões comigo.

Meu nome é Paulo. Tenho 17 anos. E amei Mentirosos.

A Seguinte fez um site lindo para Mentirosos, que em breve ainda terá 
uma seção onde os leitores poderão debater sobre o livro. Acessem!

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Livro: Mentirosos

Autora: E. Lockhart

Editora: Seguinte

Paginas: 272


Leia um trecho




(5/5 conversinhas)


A prova do livro foi cedida pela Seguinte, o selo jovem da Companhia das Letras.

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5 comentários

  1. ahahah
    ótima resenha! eu sou um mentiroso, e a gente percebe que você amou o livro!
    companhia das letrinhas é quase garantia de livro excelente.

    http://soniareginarocharodrigues.blogspot.com.br/

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  2. Oi Paulo!

    Estou doida para ler esse livro, a única coisa que não gostei nele foi a capa HAHAHA Adorei a americana, as letras do título se desfazendo, sacada genial!

    Adorei a resenha também! A estrutura dela foi demais u.u

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Ao terminar esse livro não sabia como continuar com minha vida, sinceramente. Eu sou bem difícil de impressiona ou de ser tocada no coração, em frieza sou quase uma Sinclair(queria ter o dinheiro deles tbm hahaha). Não sei se foi pela minha falta de expectativa com ele, quando pensei em começar, mas esse livro me prendeu desde a primeira página, me tocou como jamais pensei que seria possível... E repito, eu sou bem crítica com livros...

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