A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert
aula de escrita
[Resenha] A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, de Joël Dicker
20.8.14Elilyan“— O primeiro capítulo, Marcus, é essencial. Se os leitores não gostarem dele, não vão ler o resto do livro. Como pretende começar o seu?— Não sei, Harry. Acha que um dia vou conseguir fazer isso?— Isso o quê?— Escrever um livro.— Tenho certeza que sim.”
Sabe quando você fica receoso porque algo é muito pimpado? Foi o meu caso com A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, com duas páginas de elogios o livro me deixou com medo de ser uma decepção. Graças a Deus encontrei uma resenha negativa da Folha e resolvi cair de cabeça na leitura. E que leitura! A palavra fantástico não diz tudo sobre o romance do suíço Joël Dicker. A editora Intrínseca em vez de colocar duas páginas de elogios deveria ter colocado um aviso enorme sobre o fato do livro ser viciante e que você ganhará uma escoliose por causa disso. Sério, você irá carregar o trambolho com mais de 600 páginas para tudo que é lugar porque não conseguirá abandonar a leitura.
Não se assuste com o tamanho do livro que essa resenha é pequenina. Leia!
A trama de A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert é situada na pequena cidade de Aurora, nos Estados Unidos. Lá, no verão de 1975, uma garota de 15 anos, Nola Kellergan, desaparece, e seu destino se torna um mistério até o ano de 2008, quando, por acaso, seus restos mortais são encontrados no jardim da casa de Harry Quebert, um famoso escritor de NY que décadas atrás decidiu adotar a cidade como lar. Marcus Goldman, amigo e pupilo de Quebert, decide investigar o mistério e tentar inocentar o mestre. É através da investigação de Goldman que somos levados a um livro cheio de reviravoltas.
Não vou falar sobre as reviravoltas que tornam o enredo de A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert tão dinâmico, pois iria estragar sua experiência de leitura, mas não posso deixar de comentar a sagacidade de Dicker ao introduzir em cada início de capítulo uma “regra” que atua como dica de como escrever e que é parte essencial dos fatos que marcam a história. Somente as regras já são interessantes o bastante para merecerem um livro a parte, pois as dicas passadas por Quebert para Goldman equivalem a um curso intensivo sobre o processo de escrita.
“Escrever um livro é como amar alguém: pode acabar sendo muito doloroso.”
Intensidade é a palavra que melhor define o livro. O romance é extremamente complexo e cheio de densidade que induzem a questionamentos sobre política, mercado editorial, fama, misoginia, loucura, amor e amizade. É impossível ler e não ser impactado pelas diversas nuances da história. É um engenhoso livro dentro do livro, com direito a fragmentos de outros romances. Posso equiparar A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert com o filme Inception, pois os dois são de uma perspicácia que é difícil de explicar.
Apesar de ser um livro fantástico, A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert possui falhas: como não querer jogar o livro na parede com os diálogos maçantes e dignos de uma novela mexicana de quinta categoria entre Quebert e Nola? Ou não se irritar com o excesso de importância dada a personagens que não contribuem em nada a trama? Apesar das pequenas falhas, provavelmente o segundo romance de Joël Dicker será minha escolha de leitura do ano no CCAwards, tamanha a sensação avassaladora que ele me deixou.
“Um bom livro, Marcus, não se mede somente pelas últimas palavras, e sim pelo efeito coletivo de todas as palavras que as precederam. Cerca de meio segundo após terminar o seu livro e ler a última palavra, o leitor deve se sentir invadido por uma sensação avassaladora. Por um instante fugaz, ele não deve pensar senão em tudo que acabou de ler, admirar a capa e sorrir, com uma ponta de tristeza pela saudade que sentirá de todos os personagens. Um bom livro, Marcus, é um livro que lamentamos ter terminado”
-----
- Livro: A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert
- Autor: Joël Dicker
- Editora: Intrínseca
- Páginas: 576
- No Skoob
5 conversinhas |
Essa resenha só foi possível por causa da maravilhosa Intrínseca que disponibilizou um exemplar do livro. Obrigada :D
- elilyan andrade
TAGS:
A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert,
aula de escrita,
CCLivros,
CCResenhas,
Elilyan Andrade,
Intrínseca,
Joël Dicker,
parceria,
romance policial
23 comentários
Fiquei animada para ler! Já tinha visto esse livro em vários lugares e estava receosa se começava a leitura ou não, mas agora eu com certeza vou ler! Amo livros que dão essa sensação "avassaladora"!
ResponderExcluirhttp://www.prefirobsides.com.br/
Eu também amo, Lid. :D
ExcluirObrigada pelo seu comentário.
Já falei aqui mesmo no CC que estou doida para ler esse livro e cada vez que a Elilyan fala dele aqui quero bater nela, pq me dá mais vontade de ler. Para minha felicidade ou infelicidade, meu aniversário está chegando ai poderei comprar o livro, o problema que o livro não é barato, ao invés de encher meu carrinho acabarei ficando com um só livro.
ResponderExcluirElilyan (y)
Não me bata, por favor, sou legal XD
ExcluirVi algumas promoções desse livro se você quiser posso ficar de olho e te avisar por email ou Twitter (manda seus contatos para conversacult@gmail.com)
Beijos.
Acabei de ler esse livro recentemente e gostei muito, fato. Mas fiquei dividida quanto a algumas características dele. Apesar de ter sido envolvida pela trama, não dá para negar que tem muita coisa nela que faz a gente pensar no óbvio, no lugar-comum. Por outro lado, acho que o autor soube fazer um mix legal com tudo isso e no geral eu curti bastante o livro. Esperava mais, até por todo o barulho que vinha sendo feito sobre ele, mas gostei sim.
ResponderExcluirBeijos, Livro Lab
Tive o mesmo sentimento Aline. As vezes acho que um marketing bem feito pode impactar negativamente a experiência de leitura, pois você já começa ler achando que o livro é o máximo e quando vê ele é legal, mas não perfeito e fica frustada.
ExcluirBeijos.
Concordo. Comecei a ler após indicação de uma pessoa na livraria quando fui comprar outro livro de presente. Não havia lido nada a respeito. Comecei a leitura sem saber o que esperar. Gostei muito. Sobre a questão do marketing, o próprio livro aborda o tema. Recomendo.
ExcluirAcabei de ler!
ResponderExcluirAchei o enredo bom, a reviravolta do meio para o final é surpreendente, mas muitos personagens são estereotipados e bastante inverossímeis.
Marcos, alguns personagens são bastante estereotipados, mais outros até que são bons. Confesso que o único personagem que me deu agonia foi a Nola. Eita menina chata.
ExcluirUm bom livro, Marcus, é um livro que lamentamos ter terminado”... foi exatamente a sensação que tive quando terminei o livro... na minha humilde opinião o livro é fantástico!!
ResponderExcluirAngela, o livro tem lá seus problemas, mas no final das contas ele é fantástico. :D
ExcluirConcordo plenamente com a resenha, adorei o livro, e as dicas são uma dádiva para se guardar...as pequenas falhas não estragam o todo envolvente... pensei na história por semanas, e demorei para escolher outro livro...
ResponderExcluirClarice, as dicas são as melhores coisas. Vira e mexe estou as relendo. :D
ExcluirAcabei de ler agora e estou impactada pelas reviravoltas que o autor consegue dar no enredo.Muito bom mesmo e os personagens me parecem todos muito verossímeis. Quem gosta do gênero não pode deixar de ler ,o suíço de quase 30 anos é muito criativo.
ResponderExcluirNena, muito criativo e muito bonito. rss Já estou de olho no novo lançamento dele aqui no Brasil. A Intrínseca irá publicá-lo.
ExcluirEstou quase terminando o livro e entrei na net para ler as críticas porque eu, embora interessada no fim da história, estou entediadíssima com o texto sem charme. Claro que as idas e vindas do enredo são legaizinhas (embora nada genial), mas o texto que deveria sustentar tudo isso é cru e pueril. E os personagens não poderiam ser mais clichês! Espero que o fim valha a pena.
ResponderExcluirClaudia, tem uma hora mesmo que a história dá uma travada, mas persevere que valerá a pena.
ExcluirAcabei de ler o livro e cada um dos comentários acima para ver qual seria mais parecido com o meu. Além de personagens clichês, a relação que sustenta praticamente toda a história (NK, HQ e LC) é construída totalmente sem fundamento, sem interação - com diálogos chatos "dignos de uma novela mexicana de quinta categoria".
ExcluirE, o que mais me irritou: nos momentos de grandes revelações, alguém entra na sala, o telefone toca, apaga a luz ou qualquer outro recurso desses bem fáceis de usar (e irritar o leitor).
Ainda assim, vale a leitura - pois o livro é dinâmico, apenas do número de páginas.
Já tive um palpite logo no início que se confirmou lá pelo meio. Li pq gostei da capa, mas achei meio presunçoso...
ExcluirCássia
Olá!
ResponderExcluirEu li esse livro na versão em inglês `The Truth About The Harry Quebert Affair´´ e fiquei completamente apaixonado pela escrita do autor, mas como você disse acima, concordo que as vezes algumas falas parecem ser de uma novela mexicana, porém isso não muda em nada a minha concepção final sobre esse magnus opus do Joel Dicker!
Abraços, Heitor Botti
shakedepalavras.blogspot.com
Acabei de ler o livro e diferente da maioria aqui, não sou nenhuma grande entendedora de literatura, mas gostei do livro e me surpreendeu bastante! Porem, algumas coisas não batem...
ResponderExcluirExemplo: Se Nola datilografava o livro original que Harry escrevia, como não percebeu a diferença entre as letras de Harry e de Luther, que era o correspondente original das cartas? E se Luther roubava as cartas, como Harry as tinha tambem?? E tambem, Nola chega a falar das cartas com Harry, como ele não achou isso estranho?
Fiquei com as duvidas acima e não sei se realmente foram falhas do escritor ou se eu realmente deixei passar algum fato importante?
De qualquer maneira, achei um livro legal e surpreendente que vale a leitura.
Também notei essas falhas. Estava na net tentando achar pessoas que também perceberam.
ExcluirParece realmente que estou perdendo algo.
Acabei de ler o livro. Gostei do livro pois ele prende sua atenção, principalmente com as várias reviravoltas, porém algumas partes do livro achei desnecessárias e desgastantes de ler, a impressão que me deu que só foram colocadas ali para dar mais volume ao livro.
ResponderExcluirMas nada que tire o brilho do livre, se vê gosta de títulos de investigações policial é um bom livro, recomendo!